Capítulo 18

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Camila

Nessa semana que se passou, pude ver um pouco da dinâmica da Sonserina. Seu esquema de hierarquia havia sido desmantelado, pois nenhum dos alunos mais velhos estava disposto a continuar com a baboseira sobre sangue puro. Mas o fato de os alunos mais velhos estarem sempre disponíveis para os mais novos não mudou. Eu podia ver que Draco ainda podia ser muito requisitado pelas cobras, já que elas ainda o viam como uma forma de autoridade por ser seu antigo príncipe. Eles acreditavam firmemente nisso ainda, eu podia ver. Não era mais um respeito temeroso por um superior, era um respeito conquistado pela forma que ele estava agindo no momento. Cuidando e acobertando seus amigos e colegas de casa.

Eu também podia perceber como eles pareciam extremamente afetados mentalmente por causa da guerra. Blaise foi um ótimo exemplo disso. Muitos alunos andavam com os ombros curvados, as vezes nem olhavam mais para frente, olhar para o chão parecia o novo normal, como se não quisessem encontrar o olhar de ninguém. Por alguns encontros que Severus me contava ter com certos alunos, eu sabia que eles estavam tendo muitos pesadelos, se sentiam sozinhos e até que não tinham mais nenhum objetivo na vida. Eu estava disposta a mudar isso, no entanto.

Eu tinha alguma experiência com estresse pós-traumático por algumas situações pessoais, além de situações com meus colegas. Tiveram algumas vezes que eu precisei ir a um terapeuta, principalmente por insistência de Kristina, mas eu percebi como isso me fez bem. Acho que posso pedir ajuda de Hagrid para trazer alguns animais dóceis e fofos para entregar aos alunos. Há muitos desses bichinhos que têm a capacidade de tirar as pessoas das mais profundas depressões apenas por estar lá. Eles podem se tornar companhias incríveis.

Posso também fazer sessões de pintura ou leitura para que haja formas deles escaparem de suas realidades ou até se expressarem de uma forma melhor. Esses meninos precisam de algum ponto de apoio que não precise necessariamente depender de alguém (mesmo que isso também seja de extrema importância), atividades que eles possam fazer em casa quando estiverem sozinhos, por exemplo.

Acho que posso conversar com McGonagall sobre isso. Talvez pedir ajuda a Pomona ou a Poppy para melhorar o alcance ou a significância dessas possibilidades de encontros. Seria interessante pesquisar sobre isso no meu mundo. Artigos e livros sobre arteterapia poderiam fazer maravilhas nesse momento.

- Por que não volta pro buraco de onde veio sua cobra asquerosa? – Ouvi a pergunta sendo perigosamente pronunciada antes de virar em um dos corredores do terceiro andar o que me tirou dos meus pensamentos. Eu nem havia percebido que tinha chegado tão longe.

Sem querer chamar atenção eu me encostei em uma das paredes para escutar um pouco mais do que estava acontecendo e até saber quem eram os alunos que estavam se atrevendo a fazer bullying. Inclinando um pouco minha cabeça para ver o corredor em questão, apenas o suficiente para eu ver com clareza e não chamar a atenção, observei alguns robes pretos com detalhes azuis neles. Haviam três corvinos que pareciam ser do quinto ano cercando um sonserino que eu sabia ser do segundo. A cena fez meu sangue ferver. Tirando minha varinha do coldre que eu sempre deixava no antebraço, eu lancei três rápidos Incarcerus quando percebi que eles fariam mais do que só dizer asneiras para a pobre criança.

- Tenho certeza que ninguém os deu permissão para falar tais coisas para uma criança – quando ouviram minha voz eles pararam de se debater por estarem tentando se livrar das cordas mágicas. Dois deles empalideceram enquanto um apenas me encarou de forma venenosa. Eu podia enxergar muita raiva e dor por trás daqueles olhos. O que quase me fez suspirar em voz alta. Esse menino deve ter perdido alguém muito importante para algum Comensal.

- Você não pode fazer isso! – esbravejou, o que me fez fazer uma expressão confusa, colocando uma das minhas mãos debaixo do queixo como se estivesse pensando.

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