Capítulo 19

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Alguns dias depois, em um final de semana que os alunos estavam em Hogsmeade, eu avisei a Severus que voltaria para minha casa durante esse final de semana. Precisava fazer algumas visitas e definitivamente conversar com Kristina, ela estava preocupada com os meus sumiços. Havia dias que as mensagens que ela me mandava nem sequer chegavam ao meu celular, o que é compreensível já que eu estou em um tempo e realidade diferentes dos dela.

Assim que coloquei os pés no chão do meu apartamento segui para guardar os livros que se encontravam espalhados por todo lugar. Merlin, é capaz de ter mais livros aqui do que na biblioteca de Hogwarts, Madame Pince surtaria com a bagunça. Cama, mesa, sofá, cozinha. Tinha até um livro de contos bruxos no meu banheiro. Não me julguem ok? É só para quando eu estivesse relaxando na banheira, claro que ele estava protegido com uma runa impermeabilizante inscrita em sua capa. E foi enquanto limpava que notei o quão natural tudo tem se tornado.

As viagens se tornaram tão fáceis quanto respirar, assim como meu trabalho na escola. Parece que estou trabalhando lá a anos, os professores são todos bem receptivos e não tem problema manterem uma conversa longa comigo, algo que sou grata, já que tenho muitas perguntas sobre seus respectivos assuntos. Eles têm me ajudado muito a avançar com facilidade na minha grade curricular. Depois de alguns poucos meses eu estou iniciando os livros do terceiro ano, tenho começado o curso de runas e aritmância. Se bem que em alguns assuntos como defesa eu já esteja um pouco mais avançada, Severus tem se dedicado a duelar comigo com certa frequência, ensinando uma gama de novos feitiços e truques a cada sessão.

Os sonserinos já se acostumaram com a minha presença e entenderam que eu sou o completo oposto do seu chefe de casa, por isso os primeiros e segundos anos acham mais fácil se aproximar de mim para fazerem perguntas, algo que não incomoda meu namorado nem um pouco, ele está bem feliz em se livrar de uma parte do seu trabalho. Narcissa tem se tornado uma presença constante na minha vida. Chás da tarde em sua casa ou nos meus aposentos são frequentes assim como as fofocas sobre a alta sociedade, principalmente as do conselho bruxo (ela assumiu a cadeira pertencente aos Malfoy já que Draco ainda está na escola), e de como está o progresso do seu trabalho na moda. Eu posso não gostar de estar entre eles, mas quem disse que seus segredos sórdidos não me divertem?

Os alunos mais velhos têm me dado feedbacks positivos quanto as sessões de arte terapia, Minerva também adotou minha sugestão com facilidade. Ela não gostava de seus alunos estarem ainda presos nas memórias da guerra, ela, tanto quanto qualquer professor, gostaria que seus alunos seguissem em frente. Descobri também que Draco poderia ser um ótimo espião, eu o designei a escutar e observar o que não está sendo dito para mim e nem para Severus por entre as cobras. Muitos alunos já estão melhorando devido a suas informações.

Agora a outra parte da minha vida se encontra um caos. A começar pelo meu trabalho como detetive. As três semanas que consegui de férias acabaram a tempos atrás e eu preciso me demitir rapidamente, principalmente agora que as coisas estão dando certo do outro lado. Estou ganhando uma boa quantia em dinheiro pelo meu negócio com os goblins, mas como sou um pouco paranoica, tenho transferido parte desse dinheiro para o meu banco trouxa. Nem por um segundo me deixando enganar por essa atual sensação de segurança. Pois se perdesse qualquer um desses lados da minha vida eu ficaria completamente destruída. E meu maior medo nesse momento é essa insegurança, eu não tenho nenhuma garantia de que poderia continuar a transitar livremente entre os mundos. Essa habilidade poderia sumir tão rápido quanto apareceu, mesmo duvidando que minha magia desapareça, vou me dedicar a estudar runas e aritmância com muito mais afinco, pois se algum dia o pior acontecer talvez eu irei conseguir fazer os cálculos necessários para voltar.

Minha mãe, por sua vez, estava extremamente radiante agora que voltamos a conversar e a nos reaproximar, podia ver que suas linhas de expressão haviam suavizado, nossas conversas se focando completamente no meu relacionamento. Ela estava empolgada até demais para saber sobre minha vida romântica, era como se eu fosse seu novo passatempo, não sei se me sinto feliz, incomodada ou acho extremamente divertido toda essa situação. Meu pai continuava ocupado como sempre, ainda fazendo suas ligações mensais. Não que estivesse reclamando, era bom manter esse contato mesmo que fosse uma simples ligação. Nós dois nos tornamos muito ocupados com o passar dos anos, entrando de cabeça no trabalho. Nunca gostamos de passar muito tempo ociosos, sempre ocupávamos nossas mãos e mente com algo, por mais simples que a atividade fosse.

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