Severus
Como ela ainda pode dizer que não vai se afastar depois de como a tratei? Eu pude escutar em sua voz como ela ficou magoada. Quando ela passou pela entrada eu pensei que ela nunca mais voltaria, mesmo ela apenas dizendo que iria a estufa. Meus pensamentos me levaram a acreditar que ela voltaria fisicamente, não emocionalmente. Eu acreditei que ela começaria a agir friamente e, sinceramente, isso me doeria ainda mais. Mas lá estava ela dizendo que se importava e que continuaria lá. Eu não queria admitir, mas eu estava com medo de perdê-la. Com medo dela passar um pouco mais das paredes que criei e encontrar algo que não gostasse, estava com medo de não merecer a companhia que ela me proporcionou quando se aproximou.
Pensando nas atitudes de Camila me lembrei que Narcissa fez a mesma coisa poucos dias antes desse episódio de hoje.
Escutei batidas furiosas no retrato que guardava meus aposentos, eu ignorei de início, mas as batidas insistentes continuaram, quando me levantei, pronto para expulsar a pessoa persistente me deparei com uma mulher cerca de uma cabeça menor que eu me olhando de forma furiosa. Narcissa parecia lívida e dessa vez eu não fazia ideia do porquê. Ela não esperou que eu a convidasse para entrar nos meus aposentos para se estabelecer na poltrona da direita da sala de estar. Sabendo que ela não iria embora tão cedo eu pedi a um elfo para preparar chá para nós, logo me sentando na poltrona da esquerda.
- O que estava fazendo Severus? – Seu tom doce não me enganava, ela estava furiosa e pronta para pular em meu pescoço por trás daquelas feições controladas.
- Lendo – menti, Narcissa semicerrou os olhos mostrando que não acreditava na minha resposta. E se eu aprendi algo com essa mulher é que eu nunca queria ficar do seu lado ruim, mas hoje eu não parecia ser capaz de escapar de seu temperamento.
- Oh, então sua mão está bem? – ela perguntou com um tom falsamente inocente, beirando ao cinismo.
- Estou perfeitamente bem, Narcissa. – E essa pareceu ser a resposta errada, seu sorriso diabólico evidenciava isso.
- Então por que não teve a decência de enviar uma resposta para minha carta? – Inqueriu. Ah, então era esse o motivo de seu temperamento. Eu havia esquecido de escrever para ela por causa da minha confusão quanto a presença de Camila na minha vida. Com minha falta de resposta ela continuou. – Algo deve ter acontecido para meu único amigo não ter enviado uma resposta – Ainda sem receber uma resposta minha seus olhos se prenderam nos meus, e ela pareceu achar alguma resposta neles. – Ah, é aquela mulher, não é? – Como, em nome de Salazar, ela poderia saber disso apenas olhando para os meus olhos e sem usar legilimência era um mistério para mim. – É ela sim. – Um sorriso vitorioso se estampou em seu rosto, novamente achando uma resposta no meu rosto quando não parecia haver nenhuma.
- Acho que você está imaginando coisas Narcissa – falei, levando a xícara que os elfos acabaram de deixar em cima da mesa de centro até a boca.
- Você e eu sabemos que isso é uma mentira Severus – ela retrucou educadamente, também levando sua xícara a boca – Me diga qual é o problema.
Parecia uma pergunta simples, mas eu não sabia a resposta para ela. Eu posso estar incomodado com a presença de Camila por me fazer sentir coisas que eu não experimentava há anos, e não sabia se queria senti-las de novo. Sua presença tem me ajudado a pôr meus pensamentos a respeito do que eu deveria fazer agora no lugar. Por causa dela eu posso pensar em ter mais tempo para minhas pesquisas e para me dedicar aos meus alunos, por mais irreal que isso soe. Por causa dela eu consigo perceber que Narcissa veio até mim hoje para saber se algo havia acontecido comigo, não porque eu não respondi a uma simples carta. Camila me mostrou que eu posso sentir novamente. Eu posso sentir o luto pela morte de Lily e Albus, posso sentir o arrependimento de como tratei meus alunos por todos esses anos, posso sentir a amizade de Narcissa e Minerva. Mas eu não quero sentir. A dor seria insuportável, eu prefiro continuar a mantendo firmemente trancado atrás dos meus escudos de oclumência.
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Rewrite the story
FanfictionCamila Signac uma detetive londrina e fã fervorosa dos livros de Harry Potter, acorda num chão de pedra em meio a uma confusão de sons. Explosões. Colisões. Gritos. Tremores. Nada fazia sentido até ela encontrar um certo ruivo e descobrir onde real...