16° Capítulo

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Entramos no veículo, o camisa 27 dá partida, e saímos dali indo embora, não trocávamos nem uma palavra se quer, nem uma música ecoava pelo carro, mais estava fazendo frio, já que o tempo estava nublado, e poucos minutos depois que tínhamos ído embora do Parque Ibirapuera, começou uma chuva fina.

Coloco meus cabelos para frente, e cruzo os meus braços na tentativa de amenizar um pouco o frio... Apesar de ser o meu clima favorito, tão esperado por mim após o calorão de São Paulo, não gosto quando tenho um despreparo sobre isso, como agora.

— Ágatha, você tá com frio? — perguntou ainda prestando atenção no trânsito.

— Não, tá tudo bem, Ríos. — afirmo o olhando.

— Toma aí... — me entrega um moletom preto com o escudo do Palmeiras.

— Não precisa. — sorrio.

— Ué, palmeirense negando coisa do Palmeiras? Primeira vez. — diz com um sorriso em seus lábios.

— Então me dá isso. — pego o moletom de sua mão, o vestindo.

— De nada. — diz me olhando.

— Obrigada. — digo sorrindo.

— Sua família é palmeirense?
— perguntou curiosamente.

— Nem todos... — respondi lembrando dos meus familiares.

— Então, apenas alguns? — perguntou erguendo uma das sobrancelhas.

— Sim. — confirmo.

— Entendi. Eles moram junto com você?... Desculpa pela curiosidade.

— Sem problemas. Eu vivo sozinha, mais aparentemente moro mais com a Caroline. — alego.

— Dá pra perceber. Vocês são melhores amigas há um tempo, não é?

— Uhum... Ela sempre tá comigo, mesmo sendo são-paulina, me zoando quando o Verdão perde, ou vice-versa, desde que nos conhecemos... Foi uma conexão forte, inseparável. — explico com orgulho da minha amiga.

— A Carolzinha é assim mesmo. Apesar de fazer pouquíssimo tempo que cheguei no Palmeiras, já percebi essa personalidade dela. — alega.

— Você foi o primeiro reforço do Palmeiras nesse ano. — relembro quando li uma plataforma de notícia sobre o jogador palmeirense.

— Sim, sim. — confirma. Tá ligada mesmo, hein? — comenta.

— Sempre.

— Sabe qual time já passei antes?
— perguntou.

— Posso ver no Google. — peguei meu celular.

— Sem pesquisar, Ágatha. Assim é fácil.
Tenta adivinhar aí, palmeirense.
— diz com um sorriso em seus lábios.

— Sou péssima em adivinhas!
— afirmo.

— Tenta. — insistiu.

— São Paulo? Santos? Corinthians?

— Longe... — diz me olhando.

— Não sei... — digo desistindo.

— Vai, Ágatha... Confío en ti. — diz colocando sua mão em cima da minha, com seu sotaque espanhol.

— Ah... Atlético Mineiro? Flamengo?
— tentei mais uma vez.

— Flamengo. — confirma. Meu primeiro time brasileiro. Fiz sete partidas por... — o interrompi.

— Não é por nada, mais não me interessa os rivais. — afirmo, retirando minha mão.

— Beleza, palmeirense. — compreende.
"Foco total no Palmeiras", como se diz nosso técnico. — diz em um tom de brincadeira.

— Nem se fala. — concordei.

— Ágatha... — estaciona o veículo. Valeu por hoje. — diz com um sorriso.

— Ah, não foi nada, eu que agradeço.
— retribui o sorriso. O casaco... — ía tirar mais o meio-campista me impede.

— Pode ficar, praticamente o clube tá lançando vários modelos mensais, os jogadores são os primeiros a ter um.
— explica.

— Obrigada. — saío do veículo. Tchau.
— me afasto, adentrando o edifício.

Adentro o edifício, peguei o elevador, apertei o botão no qual morava, e em poucos minutos já estava em frente a porta do meu apartamento, mais tinha percebido uma coisa, ela estava destrancada, e um som que mais parecia ser de televisão dava para ser ouvido. Não me lembro de ter deixado nada ligado...

Giro a maçaneta e abri a porta, me deparando com Caroline enrolada em uma coberta azul, assistindo uma série.

— Caroline? O que diabos você está fazendo na minha casa uma hora dessas? — perguntei séria.

— Eu disse que não tinha horas para aparecer. — lembra.

— Você disse que ía vim AMANHÃ.
— afirmo.

— Eu não tenho horas, e nem dia.
— concluiu.

— Meu Deus. Chega pra lá. — a empurro.

— Nossa, agressão. — diz se acomodando.

— Lógico, uma hora dessas, na minha casa, assistindo televisão. — justifico.

— Por que somos quase irmãs. Afinal, como foi o passeio? — perguntou me analisando.

— Foi bom... — respondi com um sorriso em meus lábios.

— Tá explicado pra você só ter voltado agora. Inclusive, e esse moletom?

— Quanto tempo você tá aqui?
— perguntei cruzando meus braços.

— Me responde primeiro! Espera... ELE TE DEU ESSE MOLETOM? — perguntou gritando com um sorriso.

— Sim, Caroline. — confirmo.

— EU TÔ MUITO FELIZ. — pega em minhas mãos. Ágatha, se apaixona por esse jogador, pelo amor de Deus, que o coração dele já é seu. — afirma.

— Sentimento não se discute, apenas gosto do Ríos como um amigo. — me levanto.

— Tem certeza? Ágatha, sabia que se você não assumir, você poderá se arrepender amargamente no futuro?
— avisa me olhando.

— Aí, Caroline! Não começa. Vai terminar de assistir sua série que você ganha muito mais. — caminho até o quarto.

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Em Teus Braços - Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora