Os lábios da garota tocaram os meus com uma delicadeza desconcertante, sem pressa. Senti sua língua suavemente explorar minha boca, enquanto meu coração acelerava. Segurei seu rosto enquanto nossos lábios e línguas colidiam. Meus dedos se enroscaram em seus cabelos.
Na minha cabeça surgiram memórias repentinas.
Fotos, binóculo, bicicletas, luzes laranjas, quadras, salas de aula, bolas de papel, casaco, crianças, socos, a ferida aberta, o carro, ovo mexido com bacon, o beijo, pista de dança, luzes, cigarro apagado, olhar...
Me afastei.
Abri os olhos, ofegante. Ela me encarou de volta, mas não surgiu efeito.Os olhos dela não me atravessavam. Não me abduziam, não me sugavam, não me davam nervoso, não me instigavam, não me despertavam, não me causavam nada.
Não era Lisa.
— Seus olhos! — Eu disse na hora do desespero.
— O que têm os meus olhos?
— Eles não me sugam. Eu sinto muito. — Levantei da banqueta. Vi o meu drink perdido no balcão e virei de uma vez.
Segui tentando desviar das pessoas. Todo mundo estava meio triplicado. As pessoas pareciam turvas, tortas.
Acabei caindo, desequilibrada por conta dos meus sapatos, então tirei. Tive a sensação de que todo mundo estava me olhando com pena. Me senti estranha, confusa, perdida.
— Jennie? — Sana surgiu, desesperada, me segurando pelos ombros.
— Onde você estava? Cadê suas coisas? Seu sapato, seu celular?— Eu não faço ideia. — Eu disse, sentindo meus olhos encherem de lágrimas.
— Deu tudo errado. Eu preciso achar Lisa.— Lisa? — Sana falou, e depois franziu a testa.
Avistei Lisa Manobal. Mas não só isso, ela parecia estar discutindo com Roseanne Park.
— Eu já volto! — Eu disse, me desprendendo das mãos de Sana.
Queria saber o que estava acontecendo, mas estava muito difícil entender alguma coisa com tudo girando e distorcido no meu campo de visão.
Quando eu passei por toda as pessoas que estavam no meio do caminho, e finalmente alcancei Lisa e Rosé, vi Lisa olhar para o chão e logo depois balançar a cabeça negativamente. Ela saiu, esbarrando nas pessoas.
Ela andou até passar pela placa escrita "Saída de Emergência", e eu segui.
Quando passei pela placa, dei de cara com uma escada e com uma porta para a rua. Abri a porta e nenhum sinal de Lisa, então subi as escadas.
Eu nunca reparei quantos andares tinham no 'Submundo'. Devem ser vários, porque cansei subindo. A música foi diminuindo conforme eu subia os degraus. E, no topo, vi Lisa parada no terraço, olhando sei lá o quê.
Quando estava chegando perto de Lisa, acabei tropeçando. Não sei se era por conta da tontura, que a bebida me deu, ou o nervosismo. Talvez os dois.
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JENLISA | LARANJA ULTRAFORTE - O Experimento Científico
FanfictionAmores platônicos, segredos inconfessáveis, perseguições pela cidade, traição... Poderia ser um roteiro de novela, mas é apenas a vida real de uma adolescente comum: Jennie, uma jovem de 17 anos. Jennie, desde o ensino fundamental, é apaixonada por...