Capítulo 04 - Como ele se tornou um embuste

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Oi pessoas!

Esse capítulo pode ter alguns gatilhos, então se você se sentir mal enquanto lê, peço que pare a leitura e procure ajuda.

Centro de Valorização à Vida - 188

Central de Atendimento à Mulher - 180

Vou chamar o nosso "vilão" de embuste.

Não precisamos personificar alguém como ele.


Ainda no passado...

Alguns meses se passaram desde que eu o perdi.

Eu sinto como se estivesse apenas seguindo o fluxo.

Decidi viver um dia de cada vez. Sem planos, sem expectativas.

Passo a maior parte dos meus dias na faculdade. Me formar era uma prioridade pra ele, então eu decidi que vou concluir meu curso.

Meu olhar não é mais o mesmo, meu sorriso também não.

Acho que ele não gostaria de me ver assim, mas eu ainda não tenho forças para me permitir viver novamente. Estou apenas sobrevivendo, um dia de cada vez.

Alguns dias são melhores, mas outros são terríveis. Quando a dor vem em ondas, não importa onde eu estou ou o que estou fazendo, eu me rendo e me permito sentir tudo o que ela tem a me oferecer.

Em um dia comum, depois de uma crise no meio de uma aula, eu saio da sala e vou para um canto isolado da faculdade.

É quando eu o vejo. Se eu soubesse o que ele se tornaria, eu teria me levantado e fugido, mas eu não fazia ideia.

Ele veio até mim, não falou nada, sentou ao meu lado, em silêncio.

Depois de um tempo ele me ofereceu alguma coisa e quando olhei para a mão dele vi que tinha uma tatuagem no pulso: um ponto e vírgula.

Aquilo me chamou a atenção.

Eu olhei pra ele e fizemos o primeiro contato visual.

Ainda sem falar nada, ele se levantou, se espreguiçou e estendeu sua mão para mim. Eu me retrai, então ele se agachou na minha frente e disse:

"Você pode ficar aqui e continuar chorando ou pode levantar e começar a se reerguer".

As lágrimas escorreram dos meus olhos. Não de tristeza, mas sim de raiva.

Quem ele achava que era pra se aproximar assim? Que direito ele achava que tinha de me falar como eu devia sentir a minha dor?

Eu levantei, sem a ajuda dele e saí.

Nos dias seguintes, eu percebi que ele estava sempre próximo. Quando eu tinha uma crise ele vinha e se sentava em silêncio ao meu lado.

Com o tempo eu comecei a me sentir confortável com ele ali.

Aos poucos eu comecei a deixar ele se aproximar mais. Nossas conversas não eram profundas, mas ele me fazia rir e realmente parecia se importar comigo.

Depois de um tempo, ele começou a me acompanhar até a minha casa e eu sentia um carinho especial por ele. Senti como se tivesse ganhado um novo amigo, alguém que estava ali me protegendo e cuidando de mim.

Aos poucos, me abri com ele. Ele se tornou meu anjo da guarda. Eu não percebi os sinais que ele dava e me deixei levar por uma ilusão.

Depois do primeiro ano sem o Chaz, eu comecei a me sentir menos mal. Me permiti começar um emprego e decidi me dedicar ao trabalho e aos estudos.

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