A ausência era capaz de aniquilar os corações mais fracos.
Os anos perdidos jamais voltariam porque o tempo era cruel e o passado imune ao arrependimento e perdão.
Lágrimas derramadas por jovens solitários, com anseio de amor verdadeiro, fidelidad...
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Ficar em lugares onde eu não pertenço Não é nada novo pra mim
Eu me canso e fico enjoado E aí perco as forças para ir embora
I can't handle change
Naquela casa amarela de janelas feitas de madeira e portão vermelho morava um garoto de casaco xadrez. Seus olhinhos eram grandes, cheios de curiosidade infantil. Suas mãozinhas ergueram-se para a desconhecida que sorria amigavelmente. Ele não estava sozinho no quintal, tendo em ambos os lados adultos altos capazes de alcançar o céu.
— Qual o seu nome? – ela perguntou.
— Max. – a resposta viera automaticamente.
Ele era Max.
E ninguém nunca mais perguntou novamente.
Aquele era o nome digitado na certidão de nascimento e seria lapidado quando a hora certa chegasse. As letras foram desenhadas no pequeno bolo de laranja no centro da mesa de madeira. Ele nem sempre soube o que significava um nome, mas um dia pensou ser o único de todo o mundo.
Max.
Ele não se lembrava do dia que fora sentado na cadeirinha azul e amarela, e sorriu quando sua mãe colocou diante de si um bolo. Ela cantou junto dele na cozinha aquecida. Assopraram juntos a velhinha azul. Não houvera fotos ou vídeos. O registro perdeu-se na memória de ambas, entre aquelas paredes velhas, sendo deixado de lado porque não fazia mais sentido se agarrar a algo tão pequenino.
Aniversários eram apenas datas.
Eles iam e vinham.
Max continuava sendo Max quando o dia do seu nascimento chegava.
Observava de longe aquelas crianças comemorarem suas datas especiais com pais amáveis, sem perder tempo se questionando dos motivos de não ter o mesmo. Apenas mais um convidado insignificante entregando um presente que desejava ser seu. Seus olhos não eram como de uma criança, pois havia muita amargura na solidão azulada.
Aniversários eram sempre toleráveis até certo ponto.
Vestir um macacão fez com que outros soubessem que o tempo também passava para ele. Eles desejavam felicitações. Textos eram escritos porque de alguma forma Max se tornara importante, porém aquele garoto de casaco xadrez era um ninguém quando precisou ser alguém. Estranhos lhe mandavam presentes aos montes, raramente os abria, porque não o conheciam de verdade.
Ele não permanecera como um menino para sempre.
Max ainda conseguia sorrir.
— Você fez para mim? – perguntou ao ver o bolo de chocolate com seu nome em azul.