Sequestro

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Crabbe acordou naquela manha estalando os braços. Estava cada vez mais difícil dormir naquela cama que a cada dia parecia mais dura feito pedra. O alfa coçou os olhos para dispersar o sono e permitir que a visão entrasse em foco. Suspirou e olhou ao redor do quarto. Pobre. Completamente pobre. Abriu um sorriso.

Em outros tempos contemplar seu quarto seria apenas motivo de tristeza e angustia. Motivo de medo e incerteza. Sempre fora pobre e, tendo perdido a mãe, a única familia que sempre tivera, aos quinze anos teve de aprender a se virar para sobreviver.

A casa pobre em que o quarto pobre ficava era a única coisa que possuía no mundo. O alfa levantou e foi em direção ao banheiro. Precisa tomar um banho, escovar os dentes, se preparar para mais um dia. Um dia a menos em que viveria aquela vida miserável.

Só precisava dar um jeito no principe Draco. O alfa revirou os olhos. Nunca fora com a cara do principe loiro, nem mesmo quando morava em Monte Cristo. Deu uma risada sem emoção se lembrando do quanto ficara animado com a ideia de se mudar para Monte Carlo.

Sua mãe realmente acreditava que, pelo outro reino ser maior e mais moderno, eles encontrariam perspectivas melhores. Infelizmente para ele, a única coisa que encontraram foi a morte de sua mãe, sua orfandade.

Por ter vivido dentro desse cenário por todo o tempo em que estivera em Monte Carlo, o alfa ja havia perdido as esperanças de que encontraria saída melhor.... Até que o ex amante do principe Harry o procurara querendo ajuda. O ômega havia voltado para o castelo, gravido, e esperava que apenas aquele bebê fosse a resolução de todos os seus problemas.

Crabbe revirou os olhos. Ômegas eram burros demais. Desde quando um bebê segura um alfa? Ainda mais sendo um como o principe Harry que parecia viver em completa lua de mel com o marido ômega. Roger não tinha a menor chance. Pelo menos não enquanto Draco estivesse no caminho. Ele precisava se livrar do rival.

E era ai que Crabbe entrava. Roger havia explicado o plano. No inicio o alfa realmente acreditara que era loucura e que jamais daria certo. Conforme foram amadurecendo as ideias e concretizando os detalhes tudo pareceu mais claro.

O primeiro passo ja estava completo, havia conseguido um emprego como empregado do palácio. Precisava conhecer a rotina dos príncipes e da familia real. Isso ja estava certo. O segundo passo foi se aproximar de Teddy, o afilhadinho do principe Harry. A criança era insuportável porém imprescindível ao plano. E naquele dia, colocaria a segunda fase finalmente em prática. O plano de Roger já estava em andamento.

Teddy bateu na porta do quarto de Draco bem cedo naquela manhã. Enquanto Crabbe conjecturava sobre o plano de Roger, os dois desciam as escadas do palácio prontos para mais um dia de diversão. Draco sabia que, se não fosse por Teddy, ficaria sem ter o que fazer pela manha ja que Harry estava em uma reunião importantíssima com o rei James.

O loiro sorriu para Teddy assim que os se sentaram a mesa do café da manha. Ela estava farta como sempre e o estômago de Draco roncou ao ver toda a variedade de alimentos ali disposta. Parecia que, mesmo observando tal cena a vida toda, jamais iria se acostumar.

O pequeno logo se pôs a comer e Draco o observou imaginando se Teddy seria um alfa ou um ômega. Felizmente Harry havia mudado bastante em relação aos próprios conceitos. Se Roger estivesse no seu lugar, Draco duvidaria muito que Teddy teria um futuro calmo se fosse um ômega. O loiro pegou pegou dois pedaços de torrada e começou a os cobrir com geleia de morango, ainda perdido em pensamentos.

Imaginava o marido sem evoluir, sem mudar, sem se abrir para novas possibilidades. Casado com Roger e se tornando cada vez pior, cada vez mais desumano. A cena o amedrontava e ele agradeceu aos céus por ser ele o próximo rei consorte de Monte Carlo.

Dois Príncipes  - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora