20 | A verdade é trazida à tona

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Uma das piores consequências da segunda tarefa foi que todo mundo ficou muito interessado em saber os detalhes do que acontecera no fundo do lago, o que significou que, Percy podia zoar com todo mundo que o perguntasse como fora.

Reparei que a versão dele sobre os acontecimentos mudava sutilmente cada vez que ele os contava. A princípio, Percy narrava o que parecia ter sido a verdade; pelo menos batia com a história de Hermione - Dumbledore havia mergulhado os reféns em um sono encantado na sala da Prof. McGonagall, depois de garantir a todos que estariam seguros e que despertariam quando voltassem à superfície da água.

Uma semana mais tarde, no entanto, Percy já estava contando uma história emocionante de sequestro, em que ele lutara sozinho contra cinquenta sereianos armados até os dentes que precisaram dominá-lo a pancada antes de amarrá-lo.

Percy tentou tranquilizar Luna, que parecia intrigada com a conversa.

— Eu levei minha varinha escondida na manga — ele explicou, tentando parecer confiante — Eu poderia ter enfrentado aqueles sereidiotas a qualquer momento.

Hermione, não perdendo a oportunidade de alfinetar, interveio:

— O que você faria, atacá-los com roncos? — provocou, provocando risos dos outros.

Pelo visto, Hermione Tinha sido tão caçoada — até mesmo por mim — por ser a coisa de que Vítor Krum mais sentiria falta que ela andava meio mal-humorada.

A partir daí, Percy decidiu voltar à sua versão do sono encantado, provavelmente para evitar mais piadas sobre suas habilidades duvidosas de duelo e não encarar o mal humor de Hermione.

À medida que março se desenrolava, o clima árido do início do mês dava lugar a ventos cortantes que pareciam esfoliar a pele de quem se aventurava pelos jardins. Era o mês da Páscoa, um feriado aguardado ansiosamente por muitos, um momento de retornar ao aconchego de casa.

Para mim, no entanto, este ano a Páscoa teria um propósito especial. Era a oportunidade perfeita para convidar Percy a conhecer minha casa, onde minha família aguardava ansiosamente por nossa chegada. A ideia de mostrar a Percy meu quarto, e o apresentar aos meus pais, me animava. Afinal, agora estávamos oficialmente namorando.

Percy, que não tinha uma casa neste mundo, seria mais do que bem-vindo em nossa família. Imaginava-o conhecendo a atmosfera inglesa, mergulhando nas tradições e na cultura que tanto amava. Eu já até nos imaginava andando na London Eye, ou passeando no bairro Notting Hill.

Já era tarde e logo seria a última aula do dia — os dois tempos de Poções — sentindo-me muito mais animada do que era o meu normal quando descia as escadas para as masmorras.

Malfoy, Crabbe e Goyle estavam parados à porta da sala de aula com o grupinho de garotas da Sonserina que andava com Pansy Parkinson. Todas estavam olhando alguma coisa que eu não pude ver e davam risadinhas animadas.  A cara de buldogue de Pansy espiava excitada por trás das largas costas de Goyle quando eu, Percy e Michael nos aproximamos.

— Eles vêm vindo aí, eles vêm vindo aí! — disse ela entre risadinhas e o ajuntamento de alunos da Sonserina se desfez. Vi que Pansy tinha nas mãos uma revista - o Semanário das Bruxas. A foto animada na capa mostrava uma bruxa de cabelos crespos, com um sorriso cheio de dentes, que apontava com a varinha para um grande bolo de claras.

— Talvez você encontre aí uma coisa do seu interesse, Campbell! — disse Pansy em voz alta e atirou a revista para mim, que a aparei, fazendo cara de espanto. Naquele momento, a porta da masmorra se abriu e Snape fez sinal para todos entrarem.

Eu, Percy e Michael nos dirigimos para uma mesa no fundo da sala como de costume.

Quando Snape deu as costas à turma para escrever no quadro-negro os ingredientes da poção do dia, eu folheei rapidamente a revista, por baixo da mesa.

𝙊 𝙏𝙊𝙍𝙉𝙀𝙄𝙊 𝙎𝙀𝙈𝙄-𝘽𝙍𝙐𝙓𝙊 | 𝑃𝑒𝑟𝑐𝑦 𝐽𝑎𝑐𝑘𝑠𝑜𝑛Onde histórias criam vida. Descubra agora