𝙊 𝙏𝙊𝙍𝙉𝙀𝙄𝙊 𝙎𝙀𝙈𝙄-𝘽𝙍𝙐𝙓𝙊 | 𝑃𝑒𝑟𝑐𝑦 𝐽𝑎𝑐𝑘𝑠𝑜𝑛

21 | Descubro que meu namorado é um viajante do tempo

Ao desenrolar das semanas, o medo da terceira tarefa me consumia cada vez mais. Michael, por algum motivo — que eu ainda não havia desvendado —, me sabotou e, muito provavelmente, colocou meu nome no Cálice de Fogo. A ansiedade corroía meus pensamentos diariamente, enquanto eu tentava entender suas intenções; Se eu ganhasse a taça, Percy iria embora para sempre, e isso assumindo que eu sobrevivesse à tarefa — uma tarefa completamente incerta, da qual ninguém tinha a menor ideia do que esperar.

As noites eram longas e insones, preenchidas com pesadelos sobre os perigos que me aguardavam. A ideia de enfrentar algo tão perigoso me deixava sem fôlego, mas a perspectiva de perder Percy era ainda mais aterrorizante.

Havia diversas coisas acontecendo ao mesmo tempo, e eu sentia que minha cabeça podia explodir a qualquer momento. Eu mesma havia me metido nessa situação ao aceitar ajudar Percy a voltar para o seu mundo, então, deveria arcar com as consequências, e sozinha. Era um fardo pesado, e a confusão mental só aumentava. As responsabilidades se acumulavam, criando um turbilhão de pensamentos e emoções. Não havia uma solução boa, clara ou fácil. Cada decisão parecia me conduzir a um beco sem saída, e a pressão para encontrar uma saída crescia a cada dia. O caos ao meu redor refletia o tumulto dentro de mim, e a sensação de impotência era esmagadora. A constante incerteza sobre o que fazer a seguir me deixava em um estado de tensão perpétua, como se estivesse prestes a desmoronar sob o peso de tudo.

Eu tinha uma lista de coisas à planejar: achar continuar com Percy mesmo ele não podendo ficar; descobrir o porque de Michael ter me enganado; achar o culpado por colocar meu nome no cálice; fazer um plano para ganhar a tarefa... — E o que piorava as coisas era o fato de que não havia nada que eu pudesse fazer à respeito.

Era véspera de Páscoa e esses pensamentos contaminavam minha cabeça. Eu senti o toque de uma mão quente sobre a minha, acalmando as palavras agitadas em minha mente.

— Estou ansioso para conhecer Londres. E sua família, especialmente — disse Percy com um sorriso gentil. Ele cheirava a água salgada, como sempre, e eu amava esse aroma.

Eu estava, de fato, muito animada com a ideia de ele conhecer meus pais. A expectativa de apresentá-lo à minha família havia me enchido de alegria por semanas. Imaginei o sorriso caloroso de minha mãe ao conhecê-lo e as conversas que ele teria com meu pai.

No entanto, esse entusiasmo havia diminuído consideravelmente desde que descobri a verdade sobre Michael. A preocupação sobre as tarefas futuras e as revelações recentes me roubavam toda a empolgação.

Percy era tão gentil que quase me fazia esquecer que ele ainda não respondera às questões que me perturbavam, e que continuam a me perturbar, desde o Baile de Natal. Seu sorriso e sua presença eram o meu escape da realidade, mas não conseguiam apagar completamente minhas dúvidas.

Eu sabia que não podia culpá-lo. Considerando que o defeito mortal de Percy era a lealdade, ele provavelmente estava enfrentando um dilema significativo — isso se ele realmente me amasse.

Essa incerteza me assombrava constantemente. Se ele estava dividido entre suas responsabilidades no mundo dos semideuses e seus sentimentos por mim, como poderia eu exigir uma resposta imediata? A lealdade de Percy era tanto sua força quanto sua fraqueza, e isso tornava a situação ainda mais complicada.

Eu balancei a cabeça. É claro que ele me amava. Cada coisa que ele havia feito por mim até ali era uma evidência disso, não era? Isso me dava esperança de que talvez, só talvez, ele pudesse ficar.

— Vai ser divertido — respondi melancólica, com um sorriso de volta.

Ele parecia notar o meu esforço para não estragar o clima. Felizmente, ele decidiu não tocar no assunto.