MIDNIGHTS | cole walter

013 - that's how you lost the girl

AS COISAS ANDAVAM ESTRANHAS DEPOIS do aniversário de Noa. Todos da casa já haviam percebido isso, mas ninguém teve coragem o suficiente para perguntar nada.

Começou com a manhã do dia seguinte, quando ela acordou mais cedo que todo mundo, pegou uma tela em branco e alguns materiais, então ficou pintando sozinha dentro do celeiro a manhã toda.

Assim que voltou para casa, Cole tentou falar com ela. Ele estava na sala quando a viu passar, então se levantou e a seguiu. Noa rapidamente notou e puxou Jackie, que estava sentada na ilha da cozinha, para a sala de jantar.

Felizmente, Jackie não pareceu desconfiada com o ato da irmã e ainda pediu um dia só delas duas, e Noa aceitou tão rápido que a própria irmã estranhou.

A verdade era que, apesar de gostar de passar um tempo com a sua irmã e não o fazer há muito tempo, ela estava querendo evitar Cole. Seu cérebro ainda não havia captado as informações da noite anterior e Noa ainda estava meio assustada com a revelação do loiro.

Mas Noa sabia que não era justo o ignorar e o evitar, ele havia sido honesto e muito fofo, ela realmente não queria magoá-lo depois de tudo que ele fez por ela. Noa estava se sentindo nervosa com tudo e queria um tempo para pensar, e nada melhor do que fazer isso com sua irmã.

Ela poderia pedir ajuda e, de bônus, teria um motivo para passar o dia todo longe de casa.

Jackie e ela foram para a lanchonete primeiro, já que as duas não haviam almoçado ainda. Assim que se sentaram, Jackie falou:

- Legal, agora pode me contar tudo.

Noa franziu a testa, se fingindo de sonsa.

- O que? Do que você tá falando?

A mais nova revirou os olhos, cruzando os braços e se encostando na cadeira. Ela semicerrou os olhos para a irmã.

- Eu e Alex deixamos vocês dois sozinhos ontem e você demorou muito para vir pra cama, sem contar que, quando você chegou no quarto, estava com os olhos arregalados e uma cara de desespero que eu só vi quando você explodiu nosso micro-ondas e queimou a cortina preferida da mamãe.

Noa bufou. Ela odiava que Jackie a conhecesse melhor do que todo mundo, mesmo que fosse difícil adivinhar quando ela estava se fazendo de sonsa, Noa definitivamente não era uma boa atriz e uma péssima mentirosa, ela sabia disso muito bem.

- Tudo bem, foi... muito pra processar e eu entrei em pânico. Ele me disse umas coisas que ficaram na minha mente, ninguém nunca tinha me dito nada assim antes, Jackie.

A expressão de Jackie murou de presunçoso para surpresa.

- O que ele disse?

Noa corou, colocando as mãos nas bochechas vermelhas e se apoiando na mesa.

- Bom, foram... muitas coisas. Enfim, o que importa é: eu não consigo tirar isso da cabeça e tá tudo tão confuso.

- Confuso por que? - Jackie franziu a testa confusa. - Você gosta dele, ele gosta de você, e é isso. O que está impedindo você de dizer a ele?

Noa não sabia também, talvez o medo. Noa namorou uma vez em toda sua vida, e o garoto havia sido um babaca total. Mas isso não a impediu de sair com outras pessoas depois, nunca foi nada sério, já que todos se provaram ainda piores. Por que está tão difícil arranjar homens bons hoje em dia?

Talvez ela estivesse com medo de nada aquilo ser real. Noa perdeu as contas de quantas garotas da escola tinham uma queda por ele, de quantas vezes ouviu seus irmãos ou seus amigos falarem sobre sua reputação e o tão famoso "efeito Cole". Ela só não queria ser apenas mais uma. Não queria se sentir como a Erin se sentia.