NOA PRECISAVA ADMITIR QUE GOSTAVA DO SILÊNCIO.Cada pequeno momento de paz era como se ela finalmente pudesse relaxar. Era um pouco irônico para quem morava em Nova York, mas Noa sabia bem como se esconder dos barulhos que a cidade proporcionava.
Entretanto, podia ser controverso, mas ela também gostava de quando havia barulho. Principalmente quando eram causados pela sua família. Lucy cantando de forma desafinada, seus pais com as músicas antigas e as risadas altas quando tinham as noites de jogos.
Eram desses momentos que ela mais sentia falta.
Demorou seis meses para que ela tivesse todas as suas coisas empacotadas e levadas para o Colorado junto com as coisas da sua irmã. Demorou seis meses para ela dizer adeus a tudo que conhecia e se mudar para o desconhecido. Demorou seis meses para ter certeza de que, o que quer que esperasse ela no Colorado, talvez fosse melhor do que o que estava deixando pra trás.
Mas Noa não tinha certeza de quanto tempo ia levar para o vazio em seu peito desaparecer. Ela foi boa em empurrar os sentimentos para fundo do seu coração e fingir que estava tudo bem.
Noa queria que sua irmã ficasse bem, e não poderia fazer isso se estivesse tão quebrada quanto ela.
Fingir foi a parte fácil, parecia que realmente estava tudo bem quando ela fingia. O difícil foi quando ela não precisava fingir, então doía.
Ela não chorou quando recebeu a notícia, nem quando foi ao funeral. Ela não chorou uma vez desde que aconteceu, pelo menos não na frente das pessoas. E pretendia continuar assim até que tudo desaparecesse.
— Eu não acredito que estamos no Colorado, eu acho que nunca estive aqui antes — Noa anunciou, enlaçando seu braço com o da irmã.
Jackie sorriu, assentindo. Na mesma hora seu telefone tocou e a mais nova atendeu, sorrindo para a imagem de seu tio na tela do celular.
— Oi, tio Richard — as duas o cumprimentaram ao mesmo tempo.
— O voo foi tranquilo? — ele perguntou.
— Sim — Jackie respondeu.
— Vocês estão bem?
Jackie suspirou antes de responder novamente:
— Sim.
Olhando para cima, Noa avistou os fios ruivos — agora familiares —, de Katherine. A mais velha havia sido a melhor amiga de sua mãe por todos esses anos, mas Noa e Jackie nunca realmente tiveram a chance de conhecê-la, pelo menos não mais velhas. Mas a Howard perdeu as contas de quantas vezes sua mãe havia falado sobre ela.
— Olhem, me desculpem por não poder apresentar vocês aos Walters.
— Ali estão eles — Noa apontou, cutucando Jackie com o cotovelo. A Howard mais nova se desviou da irmã.
— Meninas, eu sei que é uma mudança e tanto. — disse Richard. — Cabeças erguidas. Se precisarem, me chamem. Ouviram? — ambas assentiram. — Mandem mensagem.
— Certo — disse Jackie.
Jackie se despediu e desligou, pegando o outro lado do fone com a irmã. As duas trocaram um último olhar antes de sorrirem para a ruiva e o homem alto que se aproximaram das garotas.
A matriarca dos Walter cumprimentou as meninas e as olhou com os olhos brilhando. Aquela olhar era o mesmo que a mãe delas costumava dar quando contava histórias sobre sua adolescência. Era como se a nostalgia tomasse conta delas.
Isso fez o estômago de Noa embrulhar.
Em um rápido impulso, a ruiva se aproximou e abraçou Jackie primeiro, um sorriso contente iluminando o rosto fino da mulher. Em seguida, ela abraçou Noa, suspirando.
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MIDNIGHTS | cole walter
Fiksi PenggemarMIDNIGHTS | Após a morte dos pais e da irmã mais velha, Noa e Jackie Howard se mudam de Manhattam para a zona rural do Colorado depois de serem acolhidas pelos Walters, uma grande família cercada de garotos, e logo percebem o desafio de dividir a ca...