30 minutos. Verônica repassava tudo oque poderia acontecer em 30 minutos, mortes, nascimentos, sexos, músicas, danças.
Fazer listas mentais sobre coisas ao redor de algo que a incomodava, era uma mania que aprendeu com o Rafa. Acostumou o menino com as listas para que não batesse o desespero antes de nadar, e funcionava.O destino talvez tenha sabotado a morena dessa vez, a mensagem era clara, tinha apenas o endereço e um autoritário "na minha casa em meia hora, escrivã".
Racionalmente era desesperador, misto de medo, pânico, ódio, esperança. Era uma sopa de letrinhas, sendo preparada pelo destino para Matias.A escrivã tentou ser o menos desesperada possível, seguiu ate sua bolsa ja dando tchau aos poucos restantes. Lima a respondeu com despreocupação, ja Nelson com uma esperança de relações futuras.
Verônica sentia a roupa colando no corpo de forma desconfortável, o suor se formando na testa, os pelos retraidos, o cabelo no ombro quase implorava para ser preso.
Caminhando normalmente ate sua moto, Verônica pensava em todos momentos ate agora. A morte dos pais, os filhos, o casamento, a dor de se perder tantas vezes, Marta, Janete.
Pensando na delegada enquanto dirigia, repassava todos os xingamentos, ofensas, olhares intensos, frios na barriga, implicâncias. A verdade mais pura era que por mais desafiante que fosse, Anita havia se tornado uma parte da história de Verônica.
Isso não poderia a incomodar mais, como assim? Tipo, a sua própria chefe?
Nessas horas Verônica evitava pensar.
Ja chegando perto da casa da loira, Verô observou o redor, não tinha nada de errado. Tinha o carro de Anita, e uma moto harley davidson na calçada. Nenhum movimento na rua, por ser quase 22h da noite, e pelo frio cortante.Verô apenas deixou sua própria moto ligeiramente escondida, e foi tocar a campainha. Era arriscado? Óbvio. Mas Verônica não era de pensar e sim de fazer. Não perderia nada, além do emprego.
O barulho era vago, mas ainda assim dava para ouvir passos próximos a porta.A porta foi aberta, revelando a mulher dos cachos de mais cedo. Verônica precisou controlar a revirada de olhos, observando a mulher a sua frente. Cabelos soltos, short preto de pijama, casaco preto, e meias rosas no pé.
-Boa noite, Verô. Entra ai- a mais nova deu passagem. Verônica poderia sentir que estava em um covil de cobras.
-Boa noite, licença. Anita ta onde?- observando por cima do ombro, não via nem um traço de personalidade. A casa era linda, mas nada de quadros da dona da casa, nada de porta retratos, era monótona. Apenas preto; cinza, e branco.
Quase uma recepção de consultório.
Uma leve risada a tirou do pensamento.-Tô aqui, ja está com saudades?- a loira saia de um corredor do meio da sala. Verônica poderia sentir a risada da outra mulher a trás de si.
-Não começa vai- Verônica diz em súplica. Reparando na roupa da delegada, camisola de seda, por baixo de um robe vermelho.
-Começa a falar do motivo de tanto sigilo.-
Verô continua.-Me devolve meu colar primeiro, se coloca no seu lugar, que você tá na minha casa- os olhos azuis ficavam mais intensos, era nítido a Verônica que Anita não a suportava.
Sem muito oque fazer, tirou do bolso da calça, e a devolveu.-Eu vou jantar, vocês que se virem.- a carioca diz e se retira da sala. Anita apenas nega e diz.
-Também estou faminta, isso pode esperar.- e la estava seguindo a mais nova.
Verônica sem opção apenas a seguiu.-Da para explicar? Me chamou para que?- Verô podia sentir os músculos contrairem, ja estava proxima ao limite de paciência.
-Verô, vai tomar um banho, relaxar, sei la. Arruma um incenso. As vezes você é tão negativa- a cacheada fala de forma sarcástica.
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Última chance.
RomanceUma história que Anita resolve ajudar de um jeito diferente, será mesmo que a loira é tão má assim?! Verônica nunca poderia pensar em tudo que irá passar.