Ajuda?!

585 77 42
                                    

Aos poucos a loira foi despertando, antes de abrir os olhos, ouvia gritos. Como quem consegue tatear o choro baixinho de Lila, os gritos de dor do Rafa, e la no fundo os suspiros da mulher que dormia ao seu lado. Ao tentar abrir os olhos, notou que temporariamente pesavam uma tonelada, seus sentidos ainda estavam baleados, suas pernas estavam moles e sua cabeça girava. Anita não sabia quanto tempo ficou desacordada, mas se lembrava da pistola de pregos, se lembrava do desespero que sentiu, seu rosto que ainda tinha resquícios de lágrimas, a denunciava.

Berlinger tentava se interar em onde estava, a televisão desligada, um livro que Lila lia estava sobre o móvel, o tapete indicava que quem passou ali, teve pressa, mesmo sem se sentir, estava em casa.
Mesmo que não fosse nada seguro, com medo de se virar e ver sua volta, Anita tentava controlar a respiração, seu peito bateu mais forte quando notou os pés de Verônica, completamente molengas. Com desespero e pitadas de cuidado, Anita verifica os batimentos cardíacos, Verônica estava viva, mas seguisse desacordada por muito tempo, Berlinger infartaria.

Seus pensamentos gritavam algumas coisas em sua cabeça, tinha medo, culpa e amor crescendo dentro de si. Medo pela sua vida, pela de Verônica e pelas crianças. Se sentia culpada de ter deixado Lima fazer oque fez com Rafa, como o choro de Lila parecia ser abafado com medo de atrapalhar, como os gritos de Rafa saiam de um precipício, e a dor de uma mãe, tocavam em loop em seus ouvidos.

Anita com cautela então, se levanta em busca de qualquer indício que Rafa e Lila estivessem em casa, era uma escolha inocente, mas tentaria se convencer. Cada lugar que passava, a dava mais pânico, a loira não sabia como seguir e o sono calmo de Verônica ja a agoniava. Anita não sabia oque era o amor de uma mãe, nunca viu de perto como os gritos de Verônica, pareciam muito mais sofridos que o do próprio ferido. Karina se perguntava no fundo da cabeça de Anita, como seria se tivesse tido essa proteção.

Observando melhor a casa, Anita não notou nada de anormal, nada de arrombamento, nada faltando, nada de surpreendente. Sentindo seu peito apertar, a loira decide beber água, o caminho a cozinha foi feito em total silêncio, sua respiração era curta e suas mãos suavam.
Chegando ao seu destino, Berlinger resolve pegar um copo, mas um pequeno bilhete que se encontrava na bancada, a impediu. Com dois passaportes falsos, duas passagens para Rússia e uma assinatura "Ночные ведьмы".

O coração de Anita parecia sair pela boca, toda a lenda que soube era verdade então. Berlinger era fluente em Russo e sabia que eram as bruxas da noite. Desde pequena ouvia a respeito da organização, mas nunca soube se era ou não verdade, só podia ser sacanagem e uma brincadeira de mal gosto, mas havia um jeito de descobrir. Com certo pavor, Berlinger voltava a sala, o copo agora se encontrava ao chão, completamente quebrado. A delegada tentava acordar a escrivã.

-Verônica, Verônica acorda. Verônica pelo amor de Deus, abre os olhos.- Anita sacudia levemente os ombros da morena, mas não havia reação. A delegada começou a deixar de enxergar, seus olhos marejavam.

-Verônica, acorda. Verô por favor, não me deixa sozinha, não me abandona agora.- a loira tentava se regular,  abraçando o corpo mole da escrivã, suas lágrimas caiam sem rumo, sua voz era falha e não conseguia mais controlar seus sentidos.

-Uhm- Verônica tentava abrir os olhos, sentia seu corpo doer e reclamar, seus ouvidos captavam Anita agradecer aos céus por seus olhos terem se aberto, mas não tava certo, Anita tinha entregado elas.
De supetão, Verônica se levanta. Oque não foi um ato inteligente, a tontura lhe tomou conta, mas não importava. A loira não entendeu de imediato o surto da morena, mas acabou crendo ser apenas um susto.

-Cadê meus filhos? Anita, onde você levou eles?- Verônica murmurava, tentava se lembrar da cena, mas a ultima coisa que conseguia lembrar era dos gritos do filho. Torres nunca havia desejado tanto estar no lugar de outra pessoa, como naquela hora, ver seu antigo colega de trabalho dilacerar a perna do seu menino.

Última chance.Onde histórias criam vida. Descubra agora