A Semana passou lenta, não sabiam se pela falta de celulares ou por terem o costume de São Paulo. Rafael se sentia apreensivo, não sabia a hora certa para contar sobre sua sexualidade e tinha medo de Lila simplesmente sair gritando aos 4 ventos. Confiava na irmã obviamente, mas não sabia oque Lila seria capaz de fazer para vencer uma briga boba.
Ser gay era algo difícil para Rafa, na época de escola não era muito dos esportes masculos, não jogava futebol e nem gostava da forma que outros meninos se comunicavam. A verdade é que se sentia deslocado, ser gay ja é difícil, e se torna pior quando não tem a quem confidenciar. Seu pai era do tipo ocupado. Com as fulgas de Verônica, Paulo dava o seu jeito, mesmo que grosseiro.
Coisas que o pai falava a respeito da mãe e da comunidade lgbt, sempre incomodaram o garoto. Quando menor Paulo evitava, mas o tempo passou e qualquer coisa fora da linha era um motivo, uma louça era um bom exemplo. 10 minutos de atraso para limpar e pronto, era "isso é culpa da sua mãe" para cá, "sua mãe não teve tempo de te ensinar" para la, e a que mais machucava era "se sua mãe não liga, quem sou eu".
Rafa se sentia abandonado em certos pontos, sabia dos esforços da mãe mas isso não era o suficiente para o vazio ser preenchido, e as reclamações do pai tinham o fundamento na dor. Por muito tempo Rafa assumiu o papel de tentar consertar tudo, unir a família em suas competições de natação.
Se oferecer para fazer o jantar e qualquer outra coisa que podia tentar, mas não adiantava, o casamento de seus pais e seu exemplos de relação estava se desmantelando diante de seus olhos. E falar que era gay, podia separar ainda mais.Rafa gostava de observar o céu noturno, mas nunca passava de 00h por conta de sua mãe regrando os horários. O menino se sentia um pouco mais amado pelos cuidados de Verônica com seu sono, e estava disposto a perdoar uma versão de sua mãe que sua cabeça inventou. A culpa não era dela e nem de ninguém, a vida seguia e não tinha necessidade de arrastar uma relação por conta de aparências.
Lila passou a semana inteira lendo, Verônica sempre foi o tipo de mãe que prefere paginas a telas, e com o tempo a menina tomou gosto. E a biblioteca tinha de tudo um pouco, de romance a terror, e não tinha nada além de auto ajuda que Lila odiasse, e saber que não havia nenhum desse tipo a tranquilizou. Lila se sentia vazia de si mesma, era a bendita fase adolescente de se reencontrar depois da infância, descobrir seus gostos além de brinquedos.
Lila sabia que não faz parte da comunidade lgbt, leu uma conversa do irmão com seu namorado e isso a fez pensar. Rafa sempre foi o ponto forte da menina, mostrava suas musicas e seus pensamentos internos a respeito do mundo. Amava o irmão independente das brigas bobas, as trocas de farpas era o normal da relação e da idade.
Lila tinha menstruado a não tanto tempo, então era alem de tudo uma descoberta de seus desejos e corpo. Era muito confuso, sem a ajuda do pai que sempre fez questão de dizer que chocolate na tpm iria a engordar mais. Era doloroso saber que isso era uma meia verdade, a barriga fica mais inchada por conta do período, mais Lila só endendeu isso quando uma professora a contou.
Por mais que o pai tentava ajudar, nenhum homem entende cabeça de menina. E agora tinha a mãe mais perto, oque estava ajudando em partes, sentia a mãe distante, e mesmo sem saber do que se tratava essa "missão" fora do país, imaginava ser apenas ansiedade. E se tem uma coisa que Lila aprendeu com o tempo, foi que ela podia esperar para ser ouvida, o mundo continuava acontecendo e ela esperaria sua vez pacientemente.
Verônica resolveu que se abriria caso Anita quisesse a conhecer também, desdo episódio da cozinha ambas fingiam que nada tinha acontecido. Verônica morria de medo da reação dos filhos, apesar da piada de Rafa na escada a morena não sabia como reagiriam ao ver a própria mãe que foi casada com um homem por anos, do nada com uma mulher. Sua relação com os meninos melhorava gradativamente, Lila sempre falava de um livro diferente e Rafa falava sempre das estrelas.
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Última chance.
RomanceUma história que Anita resolve ajudar de um jeito diferente, será mesmo que a loira é tão má assim?! Verônica nunca poderia pensar em tudo que irá passar.