Dia agitado.

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O clima na casa era denso, a cabeça de Verônica latejava, não entendia a necessidade de certas atitudes da loira. Rafa foi correndo contar a Lila sobre a pequena interação com os vizinhos, oque aliviou a menina por não ser a própria Anita em busca de seu caderno.

E Anita, bom, Anita almoçava sozinha na cozinha. Sua cabeça martelava muitas coisas, principalmente a segurança. Com uma semana de despersonalização, não tinha se tocado no perigo que estavam correndo, moravam vizinhos no condomínio, vizinhos que ela não tinha a menor ideia da procedência. Além de poder serem infiltrados em busca de sua cabeça, podiam sequestrar as duas crianças em qualquer uma das idas ao quintal.

E o pior era Verônica não se tocar disso, afinal iria se defender com oque? Uma tesoura sem ponta? Era inacreditável.
Anita sempre foi do tipo que prefere pecar pelo excesso de segurança do que pela falta, ainda mais quando sua vida estava no pacote. Planejava arrumar as coisas pela cidade, o mais rapido possível. E foi oque fez, acabou de comer e organizou a louça que usou, sempre detestou sujeira, independente do tipo.

Subiu sem muitas cerimônias, e resolveu tomar seu banho, não iria demorar apenas queria dar um choque no corpo. Enquanto tomava banho, pensava no estilo de aliança, nos detalhes e como iria inventar uma história perfeita de amor em menos de 24 horas. Foi durante a tentativa de procurar uma roupa decente em sua parte do guarda roupa, que Verônica saiu adentrando o quarto com a paciência escassa.

-Olha só, agora você vai me escutar. Que palhaçada é essa? Sair aceitando as coisas sem me comunicar, e outra vai sair enfiando meus filhos em um lugar que nunca viu.- a morena não tinha um tom alterado, mas falava rapido como um jato. Muito provavelmente por isso, não notou a loira de toalha na frente dela.

-Deixou a educação em São Paulo, Verônica?- Anita pergunta, se virando em direção a morena que faltava voar de tanto gesticular.

Verônica esperava um grito mas não um esporro, oque acabou fazendo ela se desarmar. Observando mais notou os pés descalços, as pernas lisas, a toalha branquinha, uma das mãos segurando a toalha, o cabelo preso e a cara de poucos amigos. Anita também esperava uma outra reação, apesar de ser segura de si, ter Verônica a olhando do jeito que estava olhando, estava fazendo seu interior esquentar.

-Sai daqui fazendo o favor?- Anita fala com a voz um pouco falha, oque não passou despercebido por Verônica. Não era bom pertubar? Verônica queria ver Anita enlouquecendo.

-Me responde você, porque aceitou uma coisa que eu nem sabia?- Verônica retruca, se sentando na beira da cama. Anita não queria acreditar na birra que estava vendo, só podia ser uma sacanagem.

-Se eu saisse te perguntando na frente do cara que eu nem sei se é mesmo daqui ou não, era óbvio que ele ia desconfiar. Ou você acha que é normal ter intriga entre um casal sincronizado, por uma bobagem de churrasco?- Anita perguntava com certa irritação, enquanto tentava por suas peças intimas dentro da toalha, de costas para Verônica.

-Você acha mesmo que é arriscado? Claro que é! E é exatamente por isso que seguiremos o roteiro de família feliz, mulheres casadas e apaixonadas. Sabe oque é foda e que ta me irritando? Você quer saber muito mais sobre segurança do que eu, que fui criada na porra de uma mafia onde eu tinha que tentar com as formas mais mirabolantes possíveis, não morrer por uma besteira!- Anita ja estava irritada, e de fato a irritava a algum tempo.

Outra coisa que estava irritando era a toalha, de calça no corpo, Anita resolveu que Verônica ver ela de sutiã, no momento era um dos menores problemas. Para Verônica era um baita problema, ver a Doutora delegada Anita Berlinger, de renda preta, dentro de uma alfaiataria reclamando como se fosse uma coisa normal do cotidiano. Deu uma boa travada na morena, Anita continuava falando e resmungando, mas Verônica não conseguia ouvir nada.

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