Um dia depois, Verônica e Anita beiravam o desespero, Blair não havia dito nada, ninguém tinha dito nada. O pouco que a ruiva explicou, foi que precisariam trabalhar, mas que teriam uns dias para se recompor. Verônica pensava seriamente em fugir, e iria tentar se não ficassem pelo menos cinco seguranças na frente do seu quarto.
As duas dividiriam o alojamento, o pouco que conseguiram ver, notaram que o delas era diferente. Boa parte das mais novas, tinham que dividir os quartos, e as camas eram beliches. Verônica e Anita dividiriam uma cama macia e de casal, sua iluminação era amarelada, tinham alguns livros disponíveis, uma escrivaninha e um guarda roupas.
Ainda que nada chamativo, conseguia ser melhor do que o resto dos quartos. Para Torres não seria problema dormir em beliches e dividir o quarto com mais pessoas. Para Anita, além de ser um problema enorme, acarretaria mais crises.Nesse exato momento, Verônica segurava para não chorar, Anita lia do seu lado, passava das 22h da noite e a morena não conseguia parar de pensar, tantos nos filhos como na fulga. Ja a loira, tentava esquecer pelo menos por alguns minutos, ja era horrível sentir oque estava sentindo, não aguentaria muito se estivesse 100% presente.
A loira sentiu uma movimentação na cama que dividiam, Verônica havia passado boa parte do dia, quieta. Oque era completamente estranho, nada parava Torres, Anita sempre observou o comportamento da outra mulher, e os unicos breves instantes que parava, era no telhado da delegacia. E agora, Verônica estava de costas a loira, encolhida como um bicho acuado.
-Verô?- Anita chama, entendia oque era pelo menos, uma pontinha do que Verônica sentia. Mesmo que isso não tirasse a vontade, que crescia no peito da loira, de querer arrancar tudo oque Verônica sentia, e por em si mesma.
Verônica se sentia balançada quando Anita a chamava pelo apelido, mas não tinha forças nem para isso, precisava dormir e por para fora. A loira deixou o livro na cabeceira da cama, ouvia os baixos ruídos do início de um choro, vindo de Torres. Berlinger então, se ajusta para puxar Verônica ao seu colo, o simples gesto de tocar os ombros da morena, fez com que o choro se intesificasse. Tudo oque a delegada queria, era poder ajudar, mas tentou veementemente afagar as tristezas de Torres, fazendo carinho em seus cabelos enquanto suas lágrimas viravam chuva no peito de Anita.
Um mês depois, Anita voltava de um dia de trabalho, fora assim por algum tempo, constantemente a loira tinha que se lembrar de quanto tempo passou, ja que parecia bem mais devagar do lado de dentro. Nada de informações, nada que desse um paradeiro das crianças, nada que informasse nada. Não tinham oque fazer, as bruxas sobrevivem de trabalho, cada uma no seu setor. Verônica dava aulas de literatura, português avançado e especialização em armas de fogo, Anita dava aulas de lutas corporais, estratégias e desarmamento de bombas. Pegavam varias turmas, com variação de idades.
Aquilo era uma base bem diferente das militares, cada mulher tinha seu setor, bloco e quarto. Todas as manhãs tinha revista, as chefes dos blocos faziam questão de verificar a organização dos quartos, todas tinham que vestir seu devido uniforme, seguir as suas tarefas, comer, treinar, trabalhar, comprar oque queriam, tomar banho e tentar dormir. Era uma rotina parecida com a que Anita teve por boa parte de sua vida, no orfanato, mas além de isolamento acústico e luz indireta, agora tinha Verônica.
Fazia um mês que Berlinger tinha recaidas na insônia, fazia uma semana que tinha voltado ao vício do cigarro. Verônica pensava em sumir o tempo todo, apesar do apoio da loira, sentia uma constante dor no peito que não deixava de a acompanhar desdo dia do churrasco. Tanto Verônica como Anita, uma se agarrava na força da outra, as duas pensavam seriamente em desistir, mas não poderiam deixar a outra enfrentar tudo sozinha.
Verônica começava a entender que a vida não era preto no branco, todas as meninas que se abrigavam ali, eram menores que a vida designou ao fardo de ser soldado. Não tiveram amor familiar, não tiveram vida fora de casa, foram mandadas aos lobos e certamente seriam mercadoria do lado de fora. Infelizmente, tanto Matias como as bruxas, nunca teriam falta de pessoas, porque oque mais tem no mundo são jovens rebeldes. Torres pensava apenas em cumprir sua parte, e tentar fugir quando desse, pensava todos os dias em reagir, mas não tinha ideia de onde estava, não tinha ideia de como sair.
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Última chance.
RomanceUma história que Anita resolve ajudar de um jeito diferente, será mesmo que a loira é tão má assim?! Verônica nunca poderia pensar em tudo que irá passar.