Epílogo

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Por Off

Meus dedos corriam pelo cabelo macio, em quanto eu me mantinha limpando o sangue da pele clara e delicada, o cuidado com o qual eu apertava o algodão com iodo fazia com que aquela ação durasse muito mais do que o necessário.

A essa altura, eu não me importava que durasse a vida toda.

Aos poucos a pele leitosa e branca como porcelana dava ia aparecendo em meio as feridas, fazendo meu peito doer ainda mais, ainda assim entretanto, o alívio de ver a respiração lenta e compassada era bem maior.

—Comandante, nós estamos chegando. —A voz baixa de Arm me fez erguer os olhos para a poltrona de frente a minha. —Você precisa acorda-lo.

Eu neguei com a cabeça, acariciando o cabelo longo, ele estava adormecido no meu ombro a um bom tempo, inclusive eu sentia de tempos em tempos a forma como ele mexia sua cabeça, fazendo o nariz roçar em meu pescoço, a movimentação inquieta só cessava quando ele sentia o cheiro.

—Mas comandante...

—Arm, deixe-o assim, eu o carrego no colo. —Falei.

—Mas para o pouso...

—Arm, o médico deu tanto remédio a ele, que eu acho impossível ele acordar nas próximas doze horas. —Tay respondeu se sentando na poltrona do outro lado. Meus olhos se mantinham no rosto ferido, que mais uma vez se moveu arrastado para perto de meu pescoço.

O pouco em Bangkok foi tranquilo, devido as questões políticas cada saída e chegada minha a Tailândia eram um evento, então eu tive que sair escondido, até por que foi um verdadeiro inferno para me permitirem sair, quanto mais ir até um espaço de domínio norte americano.

Por isso o pouso silencioso em uma área de vegetação densa e não o aeroporto foi feito no escuro e silêncio.

Então, eu finalmente pude deitar a criatura adormecida em minha cama, ajoelhando ao lado para observá-lo.

Como ele podia ficar ali, diante de mim e dormir tão tranquilo? Quando meu coração parecia entrar em combustão, entre a preocupação e a tristeza em vê-lo assim.

—Khun Jumpol, caso queira limpa-lo, tomando cuidado em movê-lo não vejo problema. —O médico bateu na porta suavemente antes de entrar e examina-lo novamente.

—Pim sabe que ele chegou?

—Pelo que sei Khun Nam estava conversando com ela, inclusive apenas sua prima conseguiu convencê-la a não entrar aqui.

—Tudo bem doutor. Tem algum remédio que eu devo dar a ele hoje?

—Não senhor.

—Então pode deixar-nos a sós.

—O senhor não quer ajuda...

—Pensa que eu deixarei você tocar mais do que o necessário no meu noivo? —Os meus olhos se ergueram para o homem. Ele suspirou por fim revirando os olhos.

—Caso note algo diferente me chame.

—Peça para Nam trazer água, bacia, roupas para ele... Enfim tudo o que precisa para que eu possa trocar e limpar os curativos das feridas.

—Comandante... O senhor realmente não precisa de minha ajuda?

—O que o senhor pensa? —Elevei os olhos para ele novamente, então depois de engolir em seco ao receber a ameaça límpida em meus olhos, ele se retirou.

Com bastante cuidado, eu me levantei do chão apenas para abrir as roupas sujas do presídio onde ele estava, a pele ferida e ainda assim a mais bela que já vi se apresentou diante de meus olhos.

Liberté • OffGunOnde histórias criam vida. Descubra agora