3 6 - Natal do Hunter James

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Louisiana
24 de dezembro
Sexta, 22:36

Confesso que estou fugindo do Hunter.

Desde aquela festa de aniversário há cinco dias atrás eu estou em estado de choque.

Não é possível que eu fiz um acordo de ficar me pegando com o Hunter. Eu... Eu odeio ele.

Ou deveria.

Isso não faz o menor sentido. Onde eu estava com a cabeça? Acho que estava alucinando. Na verdade eu estava, certo? Eu estava bêbada.

Por favor, quem eu estou querendo enganar? Eu estava totalmente consciente do que estava acontecendo.

Naquele dia, Carter fez alguma merda e o Hunter foi resolver e mandou eu esperar.

Quem disse que eu fiz isso? Quando minha mente processou tudo e eu percebi a gravidade da situação, dei um jeito de sair da vista dele, e desde então não o vi.

Não mandei mensagem e nem liguei. E ele fez o mesmo. Não sei dizer exatamente o porquê, já que essa ideia estúpida foi dele, mas não me importo.

Na verdade fico aliviada de não ter que me preocupar com a possibilidade dos amigos dele invadirem o meu quarto para me sequestrar novamente.

Ainda bem que estamos nas férias de natal e de ano novo, não terei que vê-los por uma boa —, mas não suficiente — quantidade de tempo.

Isso não vai dar certo de qualquer maneira. Eu posso sentir isso.

Eu tenho certeza de que isso vai acabar em algum problema sério. Eu sinto isso com a minha alma.

É o mesmo sentimento que eu senti no dia em que levei uma facada que me trouxe uma cicatriz enorme na lateral direita do meu corpo e quase me levou à morte.

Eu tinha certeza de que não seria uma boa ideia sair de casa naquele dia, o meu instinto gritava pra eu ficar em casa, até minhas avós que nunca se intrometem quando o assunto era a "Louisiana sair de casa", falaram para eu não sair. Mas a estúpida ignorou todos os sinais e alertas e quase morreu aos quinze anos por uma facada.

Sempre me fodo quando ignoro os meus instintos.

E agora e desde sempre o meu instinto grita pra eu ficar longe do Hunter e tudo que envolva ele. Ele grita muito alto que eu irei me arrepender amargamente de ter pisado naquela maldita festa de aniversário dele.

— Filha? — ouvi minha mãe resmungar com aquele típico tom de análise. — Você está fazendo aquela cara de novo. — Franzi o cenho confusa.

— Que cara?

— Aquela que você faz quando se lembra do episódio de… você sabe. — fiquei boquiaberta em silêncio a observando enquanto segurava a travessa na mão. — Acertei não é?

— Desde quando eu tenho uma expressão facial específica de quando estou lembrando do momento mais traumático da minha vida? — eu não fazia ideia desta informação.

Minha mãe parece agoniada por eu não ser nem um pouco delicada ao falar disso.

Ela acha que eu tenho sequelas daquilo, mas eu superei isso.

Eu superei e segui em frente, eu superei e segui em frente, eu superei e…

Eu fiz isso.

Não há o que dizer. Eu superei isso e ponto.

— Desde quando aconteceu... — ela me olhou com cuidado. — Por que você está lembrando disso? Aconteceu alguma coisa? Tem alguém te estressando?

Ódio é ÓDIO, Amor à Parte Onde histórias criam vida. Descubra agora