Ilustração Lauren.
Depois de ter ido para cama já tarde, eu não conseguia dormir com aqueles zumbis rodeando o local. Apenas fui dormir quando tive certeza de que eles haviam ido embora.
Os gemidos agoniantes daqueles zumbis eram como um martelo em minha mente. Aquele som que eu repudiava. Era uma tortura tentar dormir com todos aqueles sons.
Depois de tudo aquilo eu nunca mais dormi direito, e como poderia? Medo de dormir e a casa ser invadida por mortos vivos, ou até mesmo outras pessoas... Eu realmente não espero mais nada de ninguém neste mundo.
Desde o apocalipse, as pessoas se tornaram mais egoístas do que eram antes. Matam por esporte. Torturam por diversão. Não podia confiar em ninguém agora... Era solitário, e principalmente perigoso.
Logo já eram 05:00 da manhã, acordei assustada mais uma vez. Me sentei sobre a cama e passei as mãos sobre o rosto, e logo olhei a janela que havia deixado aberta para entrar um ar. Bom, não tinha problemas, já que era uma casa de dois andares.
O vento estava parado, uma leve brisa gélida soprava pelo ar, pouco ar entrava, o clima estava frio e o vento estava remoto. A única coisa que refrescava o quarto, era o frescor de uma noite sem vento.
Vesti um moletom preto pois era muito cedo e estava frio, fui até a janela e pulei para ir ao telhado. A cidade estava completamente arruinada pelo apocalipse. Eu podia ver parte dela pelo telhado esburacado. Era uma completa ruína do que um dia fora uma civilização. E agora a única coisa que sobrou foi os restos do que um dia fora humano.
Havia muito mato pelas ruas, um tipo de capim que crescia sem parar. Os asfalto das ruas aos poucos foram se tornando pequenos buracos ou grandes crateras pela chuva. Era ironia pensar que após tanta gente morrer e o mundo literalmente parar, era como se o clima se tornará mais puro e fresco sem a intervenção da mão humana nele. Não havia indústrias com suas fumaças que só causavam o aquecimento global.
Não havia pessoas desmatando as florestas e nem os animais. Quero dizer, a natureza cresceu e se desenvolveu sem uma grande população. Entretanto com os animais era outra história, os zumbis comiam os animais assim como comia as pessoas. Mas se você tivesse sorte, você veria algum animal correndo pelas florestas.
Era triste saber que os destinos dos animais eram o mesmo que o nosso...
Suspiro pesadamente como se houvesse uma âncora no meu peito.
Olho para a cidade mais uma vez tentando esquecer esses pensamentos auto depressivos. Os prédios que havia na minha cidade estavam se deteriorando aos poucos, assim como as casas. Era tudo tão vazio...
Ali comecei a observar ao redor, queria saber se havia algum sinal de zumbis, não tinha nenhuma. Era sempre assim, ficar em silêncio e manter a guarda alta para sobreviver, ou se você fosse estúpido e abaixasse sua guarda, bom, você assinaria sua carta de morte com uma placa em sua testa escrita "Sou um otário".
Era realmente estranho, eu não estava acostumada com esse silêncio mortal. Estava tudo muito calmo de mais, as ruas mais a frente estavam vazias, a única coisa que se mantinha era brisa gelada da manhã. O céu estava em um tom azul bem escuro, logo já amanheceria.
Então Lauren, decidiu que iria buscar suprimentos, a morena havia feito uma lista de suprimentos e tudo mais que ela precisaria em casa de emergência, como remédios e um kit de paramédicos. E não poderia passar de hoje para conseguir, ela estava sozinha, mas dava conta.
Logo vestiu seus tênis, colocou seus cabelos para dentro do capuz do moletom e pegou sua katana.
A semanas atrás, o casal que morava nesta casa foram mortos. Quando Lauren chegou a casa viu o homem enforcado e a mulher com um tiro na cabeça. O homem aparentava ter seus 38 anos, ele tinha uma barba um pouco grisalha e os cabelos castanhos com alguns fios cinzas. A mulher parecia ser alguns anos mais nova, talvez ela estava na sua faixa etária dos 34 ou 36 anos, ela era loira e estava um pouco magra.
Quando Lauren viu a cena, ela deduziu muitos cenários para explicar o que aconteceu. Um deles foi que talvez o homem tenha surtado e matado a própria esposa, talvez eles tenham brigado e isso foi o gatilho dele matar ela, e depois se matou com a culpa. O segundo foi que talvez que algum deles tenha sido mordido e o parceiro teve que matá-lo.
E Lauren estava certa ao deduzir isso. Quando ela olhou de perto do corpo da mulher, viu uma mordida na curvatura do pescoço da mesma. Parecia uma mordida recente. Então Lauren deduziu que a mulher foi mordida e seu marido teve que matá-la, e depois não aguentou e se matou.
-Que fim triste para essa família.- pensou Lauren quando viu os corpos.
A casa estava cheia de vários suprimentos e armas, junto deles uma katana na qual para Lauren era perfeita, pois para que não chamasse atenção dos zumbis uma arma branca seria muito mais eficiente.
A garota também pegou duas mochila vazias, e logo foi em direção a cidade na qual estava quase à frente de sua casa. Primeiro lugar onde ela achou vários suprimentos era um mercado, para ser mais rápido e não perder tempo a morena só esticou o braço e foi jogando tudo que tinha em cima da prateleira para dentro da mochila. As diversas comidas enlatadas eram úteis, não estragavam tão facilmente.
Depois do mercado, ela foi caminhando até uma farmácia, lá ela pegou todos os remédios e kits de primeiros socorros que ela precisava. A farmácia estava quase vazia, quase um silêncio ensurdecedor. Mas aquele gemido baixo tirava toda a quietude do local. Assim que Lauren tinha terminado de encher a mochila dela com os kits, ela escutou aquele gemido que fazia o sangue de qualquer um gelar
Lauren vai até o som, deixando as mochilas no chão e pegando sua katana em mãos. O som vinha dos fundos da farmácia, onde antes eles armazenavam os remédios, ou levavam as crianças para tomar as vacinas. Mas agora não passava de um lugar deserto onde só ouvia o gemido de um morto vivo.
Lauren segue para uma porta de onde os gemidos vinham. Assim que ela abre a porta que estava entreaberta, ela se depara com uma visão agoniante. Era uma menininha zumbi, acorrentada pela cintura presa a uma grade de aço que tinha no local. A menininha estava comendo um cachorro pequeno. A visão atormentou Lauren que abaixou sua katana e ficou olhando com horror pra cena. E aí deduzir pela forma do rosto, fazia pouco tempo que ela havia se transformado. Mas, um sangue escuro como se estivesse podre escorria pela sua boca que caia sobre sua roupa, havia um cheiro desagradável de carne podre.
Os pernas do cachorro se contorciam em espasmos pelo corpo do coitadinho. A menina zumbi comia a coxa do cachorro, ela parecia tão concentrada. Acima dela havia escrito a seguinte frase.
"Não é minha filha"
Congelei ao ver, era perturbador assistir há essa cena. Em todo o tempo em que me acostumava com os zumbis, nunca vi uma criança desse jeito. Ergo minha katana, minha mão tremia e meus olhos ficaram nublados. Eu sabia que não poderia deixar ela seguir com esse sofrimento. Seria mais humano fazer o que estava prestes a fazer.
Engulo em seco e corto o pescoço da menina, que logo cai. Coloco a mão sobre minha boca e fecho a porta da sala. Minha respiração vacilava e meu corpo esquentava.
Sai do corredor que levava para os fundos da farmácia e fui até a frente novamente. Sentei-me no chão ao lado das minhas mochilas. Minhas mãos tremiam e eu soltei a Katana ao meu lado enquanto olhava para as prateleiras vazias, assim como meu olhar estava.
Lentamente minha respiração vai se estabilizando.
- Não há esperança para nenhum de nós.- Sussurro me levanto.
Pego as mochilas e coloco nas costas, não demora muito para mim sair da farmácia.
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The City of the Dead - The walking Dead
RomancePessoas diferentes, com histórias e vivências diferentes, se encontram em um apocalipse zumbi por coincidência ou destino. Acabam formando um grupo de sobrevivência, laços se formam e amizades acontecem. Mas esse grupo, vai descobrir que as aventura...