-Posso saber aonde vai, majestade? - O questionamento de Lucienne ressoa um tanto quanto preocupado, pois da última vez que lorde Morpheus saiu de seus próprios domínios ele não retornou como o penejado.
O homem andava em passos largos pela ponte simples de maneira, chegando ao fim dela e vendo o oceano infinito e profundo recheado de escuridão, as águas refletim a claridade das estrelas no céu límpido.
-Londres. - A resposta veio vaga e simples, demonstrando que o ser não tinha interesse em dar mais quaisquer informações sobre tal assunto.
Não era segredo algum que o Perpétuo nunca fora alguém vocal, com a maioria das pessoas ao menos, mas agora aquilo parecia ter piorado um bocado, não apenas por ele ter se recusado a falar durante todos os anos em seu cativeiro, mas também porque ela sentia que não havia mais nada para transmitir com sua fala.
Ou talvez, ele apenas sente falta da pessoa que costumava o ouvir com tanta atenção e apreço, debatendo ideia consigo a todo mundo em que eles estavam juntos.
Agora, as lembranças eram tudo o que o homem tinha em sua alma, elas foram gravadas a fogo em seu ser e nem mesmo o tempo seria capaz de apagá-las, e ele havia tentado de forma fervorosa.
Porém, havia uma lembrança, a mais dolorosa dentre todas, que Morpheus tentava com extrema força não se lembrar, a maioria dos seres acham que as brigas de casais são inviteis, mas depois de cinco séculos calmos, o homem passou a discordar daquilo, até que ele teve a primeira, e última, briga com sua amada.
Era doloroso pensar que a última memoria que ele tinha dela fosse uma tão triste e raivosa, por ambas as partes.
-Não passou os últimos cem anos lá? - Questiona a mulher seguindo os passos de seu mestre sem hesitação, mas tal questionamento não é recebido por bons olhos por parte de Dream, que se vira para ela com um olhar frio. - Desculpe. Por que Londres?
-A areia foi vendida lá. - Uma resposta curta e um tanto grossa. - Quando a recuperar, irei atrás do meu elmo. No inferno.
Lucienne parece angustiada com as informações que acabara de obter de seu mestre, ela já imaginava que o homem não iria ficar no Sonhar por muito tempo, se ele não fosse atrás de suas ferramentas, iria atrás dela.
-E quanto a Night? - A mulher pergunta com receio, sabendo que aquele assunto era ainda mais delicado do que o anterior, muito mais.
Morpheus respira fundo, levantando sua cabeça minimamente para o céu, admirando as estrelas por apenas um momento muito curto, antes de se voltar para Lucienne novamente.
-Meus assuntos com ela chegaram ao fim, antes mesmo de eu ser capturado pelos humanos. - Tal fala não era uma verdade, mas também estava longe de ser uma mentira.
O problema dos seres imortais era que eles passavam a ser muito mais emocionais do que a maioria conseguia entender, todas as suposições de que quanto mais você vive, menos você sente, estavam errados em relação aos seres com uma vida prolongada.
Eles sentiam, sentiam muito, apenas aprenderam a esconder isso muitíssimo bem.
O problema era que eles também nunca conseguiam esquecer de nada, nem de coisas boas que aconteceram em sua vida, muito menos das desgraças que sofreram, aquele sim era o fardo da imortalidade.
-Senhor...
-Ela partiu. - Morpheus corta a mulher em um tom firme. - Eu a chamei, durante aqueles cem anos eu a chamei. Mas ela nunca me escutou.
O coração do Perpétuo poderia implorar para que ele fosse mais cauteloso com suas palavras e ações, poderia implorar para que ele retrocedesse e tomasse a decisão mais sensata naquele quesito, mas Morpheus não o escutaria, suas responsabilidades vinham muito antes de seus sentimentos passageiros, mesmo que esses sentimentos não tivessem nada de passageiros.
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𝑻𝒉𝒆 𝑫𝒓𝒆𝒂𝒎 𝒂𝒏𝒅 𝒕𝒉𝒆 𝑵𝒊𝒈𝒉𝒕 - 𝘛𝘩𝘦 𝘚𝘢𝘯𝘥𝘮𝘢𝘯
FanfictionUma Deusa que surgiu a partir dos sonhos dos sonhadores, que recebeu o título de Deusa da noite pelos mortais. Por ter surgido graças a sonhos dos humanos a Deusa sente uma conexão com o Sonhar, sente que a Corte noturna e o sonhar deveriam existir...