↠Cᥲρίtᥙᥣ᥆ 007↞

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-A pior coisa de vir para o mundo mortal é sujar os meus sapatos com lama. - Melione murmura mais para si do que para o perpétuo ao seu lado.

-Perdão, havia pensado que o pior era ter que conversar com os humanos. - Morpheus tinha a sombra de um sorriso maldoso em seus lábios agora. - Ou talvez as bebidas deles.

Mais uma vez os dois seres se encontravam no mundo desperto, depois de mais um século, mantendo o encontro habitual com o humano imortal.

As coisas pareciam já ter mudado bastante desde a última vez que ambos estiveram ali, mas infelizmente a lama continuava a mesma da visita anterior.

Como de costume a Deusa utilizava suas vestes negras com nada muito chamativo, com exceção de seu colar vistoso e brilhante, coisa que nunca passou despercebido para os humanos nas vezes anteriores.

É claro que a mulher havia sido mais inteligente naquele dia e optado por sapatos fechados, já que o céu coberto de nuvens escuras deixava claro o fato de que uma tempestade se aproximava.

Morpheus também parecia ter pensado em tentar passar despercebido, já que havia abandonado seus cabelos compridos e optado por algo um tanto mais comum e simples, penteado para trás, mesmo que comum e simples não fossem as palavras ideias com as quais Melione ousasse descrever o homem ao seu lado.

O sobretudo negro havia sido trocado por peças da mesma cor, mas nesse momento com um tipo de material diferente, algo que os humanos poderiam pensar ser couro ou algo semelhante.

Os sapatos sempre lustrosos do perpétuo haviam também dado lugar à calçados que se assemelhavam a botas, porém mais curtas, confortáveis e bonitas.

-Sobre as bebidas, talvez esteja certo. Mas sobre os humanos, bom, eu os acho interessantes. - A mulher responde sem se deixar abalar.

-Como os pássaros, se bem me lembro. - Morpheus abre a porta do estabelecimento e indica para que a Deusa entre primeiro.

-Uma comparação que me pareceu muito válida no momento em que a fiz. - Night se defende de prontidão e olha no pub ao redor, buscando por um rosto conhecido. - Não me diga que eles ainda não conseguiram a sua atenção.

-Foco minha atenção em coisas ou pessoas com um valor inegável, algo excepcionalmente belo ou pelo qual nutro tal apreço. - Informa o mais anto antes de sentir a mulher segurar o braço dele com uma de suas mãos.

-Imagino que possa contar essas pessoas ou coisas nos dedos de uma única mão. - A deusa levanta uma sobrancelha.

-Isso que as torna mais especiais. - Morpheus concorda levemente com a cabeça não demonstrando se importar com o toque que surgiu sem aviso prévio.

Desde à primeira vista do perpétuo ao reino noturno o relacionamento dos dois seres parecia pender minimamente em direção a algo mais intimista e pessoal, algo que no fundo os dois apreciavam.

Mas que Melione se pegava alertando a si mesma para analisar o terreno em que caminhava com extrema cautela, já que ela não nutria desejo algum de acabar compreendendo errado algum sinal que o perpétuo jogava para si.

Algo assim poderia ser categoricamente catastrófico para a relação amistosa que ambos construíram com calma, tempo e muitíssima paciência, que eles não levaram apenas alguns anos para se encontrar onde se encontravam, eles levaram milênios.

Quando nem Morpheus e nem mesmo Melione estavam seguindo as necessidades de seus próprios reinos, eles se encontravam, quase sempre sem nenhuma necessidade ou motivo real.

𝑻𝒉𝒆 𝑫𝒓𝒆𝒂𝒎 𝒂𝒏𝒅 𝒕𝒉𝒆 𝑵𝒊𝒈𝒉𝒕 - 𝘛𝘩𝘦 𝘚𝘢𝘯𝘥𝘮𝘢𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora