Pov: Akutagawa
13 de maio, sábado.
Logo de manhã, bem cedo mesmo sendo sábado, levanto, arrumando perfeitamente minha cama, trocando de roupa e saindo de meu quarto.
Respiro fundo, descendo a escada e indo para a mesa, na sala de jantar.
Como sempre, não importando o horário, ela está lá.
Minha madrasta, a mulher que se relacionou com meu pai depois que minha mãe morreu no tiroteio que aconteceu no bairro vizinho.
Aqueles olhos vermelhos pousaram em mim de imediato, transbordando superioridade e sadismo.
Ela pode facilmente ser chamada de "cobra". Falsa, asquerosa e cruel.
Mas só eu sei disso.
Sou o foco do seu ódio.
Mas não me importo, se ela não descontar tudo o que precisa descontar em mim, seu alvo será Gin, e isso eu não permito nem ser cogitado.
—Bom dia, Ryuu-kun. –Kaori cumprimenta, dando um sorriso meigo. —Acho que você sabe, mas só lembrando: Gin-chan foi para a primeira aula de autodefesa; já seu pai, como sempre, está trabalhando. Ou seja, estamos apenas nós dois aqui.
Abaixo o olhar, preferindo não dizer nada e pegando uma torrada para comer.
—Ah, querido, não seja mal-educado. Vamos, diga pra mim, andou aprontando de novo? –Ela pergunta, seus olhos avermelhados brilhando. Se levantou e veio em minha direção, agarrando meu pulso e puxando a manga comprida da minha roupa para cima, revelando alguns cortes e cicatrizes. —Imaginei. Tem uns bem recentes. Se eu apertar deve até sangrar, certo? –Observa os cortes, um sorriso sádico aparecendo em seu rosto, usando um tom de voz falsamente doce.
—Me larga. –Peço, sentindo o aperto afrouxar, logo puxo meu braço de volta e o cubro com a manga.
—Oh, Ryuu-kun, você se corta faz um tempo. Por que faz isso? Gosta da dor? Se sente vivo quando sente algo assim, é isso? O que você pensa quando faz isso? –A mais velha questiona, bem ao lado do meu ouvido.
—Não penso nada. –Minto, pegando meu prato e me afastando, querendo apenas me trancar em meu quarto.
—Não minta para mim, eu sei como é. Me identifico muito com você, sabia? Minha antiga eu. Mais ou menos quando eu tinha a sua idade, todos sempre diziam que eu tinha um olhar vazio, como o seu de agora. Eu parecia morta. Mas quando me irritavam, me chamavam de monstro, só porque eu não hesitava em machucar os outros. Sentir dor me lembrava de que eu ainda tava viva. E ver os outros sentindo dor também. Então, entre me machucar e machucar os outros, eu escolhi a opção mais lógica: a segunda opção. –A morena conta, como se fosse algo de se orgulhar. —Estou apenas tentando te ajudar. E, bom, isso me ajuda também, é claro.
—Você é só louca, precisava de ajuda psiquiátrica. Não sei como ninguém percebe seus problemas. –Cuspo as palavras, fechando a cara.
—Ninguém percebe porque não existem. O mundo funciona assim, Ryuu-kun, ou você machuca ou é machucado. Lembre disso. –Ela aconselha, apenas fazendo minha aversão à ela aumentar. —Aliás, eu também já sofri por amor.
—Mais fácil acreditar que você fez alguém sofrer. –Murmuro, já perdendo a noção do quanto eu podia falar, até onde era seguro.
—Tem razão! –Ela afirma, dando uma alta risada. —Mas realmente sofri. Eu amava aquele garoto, mas estávamos tendo muitas brigas, ele preferiu terminar e se afastar. Mas a verdade, era que ele não via o meu sofrimento, não queria ver, não queria me ajudar, não queria me entender. Ele me culpava pelo relacionamento não estar dando certo, mas, no fim, ele não via que eu estava me esforçando. –Ela suspira, a mão apertando o tecido da camisa, a região onde cobria seu peito. —Não foi isso que aconteceu com você e o garoto amaldiçoado?
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Foi Só Coincidência?-Fanfic Bsd
Fiksi PenggemarDazai Osamu está iniciando sua faculdade enquanto tenta superar seus problemas pessoais e cuidar de seu irmão adotivo, Atsushi. Além de ter que resolver suas questões amorosas também. Nakajima (como ele mesmo prefere) Atsushi, está iniciando seu se...