Décimo segundo dia de viagem, quarta-feira, 12/07/2017 - 10:24 AM

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Naquela manhã, todos acordaram animados. Tinham planejado um longo dia pela frente. Depois de toda a chuva e de terem ficado tanto tempo trancados dentro de casa, agora tinham planos de visitar a colônia Witmarsum que não ficava muito longe.

Era um lugar pequeno, mas agradável o bastante para divertir a todos, e, o melhor, com muita história para contar. Seu Olavo, exímio biógrafo, adorava o lugar por causa da riqueza de personalidades; cada cantinho alguém com muita coisa para dizer. Camila, exímia arquiteta, adorava o lugar por causa da paisagem secular e da preservação das casas ao estilo menonita russo-alemão; ficava perdida nos próprios pensamentos quando observava os detalhes centenários do lugar. Gabrielle, exímia exploradora, adorava a Colônia Witmarsum por causa de sua imensidão verde e das dezenas de aventuras que podia se ter lá. Augusto, exímio imaginador, não conhecia a colônia, mas sua imaginação dizia que a adoraria mesmo assim.

Estavam acordados fazia muito tempo. Os mais jovens não eram os únicos a não se aguentar de ansiedade. Não era o passeio mais incrível do mundo todo, mas ainda assim, naquele momento, era o que parecia.

Existia até um itinerário organizado por Gabrielle.

Primeiro tinha planejado uma ida ao Museu de História Witmarsum — para olharem o acervo de itens e a história do povo imigrante —, que ficava no centro da colônia. Claro, a garota não escreveu com essas palavras; em seu caderninho, tudo que anotou foi "de manhã: visitar o museu", simples e direta.

Depois disso, iriam almoçar e passariam um tempo nos campos verdejantes e extensos que se estendiam por todo o local.

Ao fim, comeriam alguma sobremesa típica na confeitaria mais famosa do lugar. Gabrielle não aceitaria uma ida à colônia se não comesse no mínimo um doce suculento!

Era a receita de um belo dia que se desdobrava para os quatro. Augusto e Gabrielle criavam as próprias brincadeiras e assuntos para matar o tempo. Já Camila e Olavo conversavam sobre os últimos anos que ficaram sem se encontrar.

Quando todos terminaram de se organizar, surgiu um problema: Olavo não conseguia decidir qual sapato usar. Era extremamente indeciso com suas roupas; se não se sentisse confortável o suficiente era capaz de fazer todos voltarem à fazenda apenas para colocar um calçado diferente. Gabrielle já tinha desistido de dar sugestões, ele não aceitava nenhuma delas. Uma vez, ficou mais de uma hora ajudando o pai a escolher uma gravata, apenas para no final das contas ele decidir a que já estava usando. Desde então ela ficava na dela e deixava que outras pessoas sofressem com a indecisão de seu pai.

Camila fazia o trabalho de dar sugestões, mas quando parecia que ele tinha acatado uma, logo um novo empecilho surgia à sua mente.

— Mas vamos caminhar bastante, não dá para ir de chinelo!

Todos acenaram com a cabeça. O mais difícil da indecisão de Olavo era que ele costumava dar argumentos muito bons.

Depois de muita batalha, eles conseguiram convencer Olavo a vestir uma sandália preta de tecido — porque com a de borracha suava muito e ficava com chulé.

Ele terminou de colocar sua sandália e finalmente andou até o carro. Estavam prontos para partir. Entraram todos um por um e se ajustaram nos bancos com certa pressa. Camila, como a motorista dessa e de todas as outras vezes, checou para ver se usavam o cinto de segurança. Gabrielle resmungou, porque dizia já ser grande demais para usar cinto, mas quando viu que Augusto o colocou sem titubeios, ela seguiu seu exemplo sem maiores reclamações.

O dia estava bastante ensolarado, nem parecia que estavam na mesma estação das chuvas de dias atrás. Era curioso como por ali o clima parecia seguir seu próprio curso; um recorte no espaço e no tempo que funcionava com regras próprias. Ali, Augusto sentia-se como se estivesse o tempo todo numa das peças teatrais que montava com seu avô.

Submarine-se, AugustoOnde histórias criam vida. Descubra agora