Capítulo 46

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   Em dias comuns, sequer sinto meu coração batendo dentro do corpo, a minha mente não costuma prestar atenção nesses detalhes. Mas naquele dia dentro do estômago de um monstro marinho, o meu coração parou de bater por alguns segundos, tudo ficou tão silencioso... era possível ouvir apenas o estômago do monstro processando os ossos dos outros seres que ele havia devorado. O poder da fruta Akuma No Mi, deixou o meu corpo e então o monstro me cuspiu para fora feito carne de peixe podre.

Shanks e seu bando estavam navegando por aquelas águas, por sorte me avistaram no mar, flutuando com os destroços de outros navios que aquela fera já havia devorado antes. Algo na sua intuição dizia que eu estava viva, por mais que meu coração não dissesse o mesmo.

— Eu nunca vi alguém se curar de uma fruta do diabo antes. — Ace apoiou as mãos nos joelhos. — Você deve ser mesmo especial.

— Se eu for mesmo, então devo ter deixado muitas pessoas com raiva. — Me abracei e encolhi no lugar, Ace pegou uma fruta do cesto ao seu lado e arremessou para mim, a peguei no ar.

— Não pensa muito nisso. As vezes é bom não saber de tudo o tempo todo. — Ele explicou como de já tivesse passado por alguma situação parecida, mordi a fruta enchendo minha boca.

— Ace. — Chamei sua atenção, ele me olhou esperando pela pergunta. — Por que deixou o Luffy sozinho? Sabe... era a única família dele.

— Luffy era um bebê chorão. — Ace inclinou suas costas e mordeu um pedaço da fruta que segurava. — Nós três costumávamos ser muito unidos.

— Nós três?

— Tínhamos um irmão, o nome dele era Sabo. Ele morreu quando ainda éramos muito jovens. — Ele dizia como se já tivesse se acostumado com a morte do irmão, pensar nisso me lembrava dos meus pais. — Um dia eu decidi que queria viver como um pirata, e não podia levar aquele chorão comigo.

— Você só queria protegê-lo então. — Resmunguei e abracei minhas pernas, Ace riu.

— Eu não queria uma pedra no meu sapato. — Apontou, estiquei os lábios e soltei uma gargalhada sincera, Ace fez o mesmo.  — Mas não me importaria de levar uma coelhinha no meu bolso.

— O-o que? — Parei de rir e perguntei, ele continuou rindo após me deixar envergonhada.

— Com essas habilidades, tudo teria sido mais fácil.

— Eu não era desse jeito. — Expliquei, Ace parou para prestar atenção novamente. — Na verdade... só me deixei transformar depois que conheci Luffy. Ele me fez acreditar que eu não era diferente dele, e que minhas características poderiam me fortalecer ainda mais.

— É. — Ace levantou e alongou as pernas. — Aquele garoto cresceu e se tornou um capitão de verdade.

— Ace.

— Eu to feliz por ele. — Ele disse e se espreguiçou, me levantei junto. — Vamos levar a garota dele de volta, ele deve estar com saudades.

— Acezinho, por que não fica com a gente? — Envolvi minha mão em seu braço enquanto entrávamos no seu pequeno navio, ele riu e olhou diretamente para mim.

— Posso pensar nisso.

— Jura?! Seria tão legal! Mal posso esperar pra contar ao Luffy quando o encontrarmos.

— Ei, eu não estou confirmando.

*

Ace sabia exatamente o percurso de volta a ilha em que havia deixado minha irmã e o que restou do meu povo. Era estranho estar de volta em um lugar que não pensava voltar nunca mais, mas por outro lado era animador pensar em seu casamento com quem deveria ser meu futuro marido.

LOVE FRUIT, Monkey D. LuffyOnde histórias criam vida. Descubra agora