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O som do galo "gritando" no quintal fez Maria revirar-se na cama enfiando o travesseiro em sua cara. Ela finalmente achou um som pior do que o despertador para acordar pela amanhã.

—Faz esse bicho paraaaaaar! –A garota murmurou insatisfeita tendo seu grito abafado pelo travesseiro.

—Maria, já está na hora de acordar. –disse de voz sonolenta mas ainda sim arrastando-se para fora da cama.

A familia estava dividindo o antigo quarto de Any na casa dos pais.

—Oque? É madrugada! –a garota reclama finalmente tirando o travesseiro da cara e "encarando" a escuridão do quarto.

—Fala baixo pra não acordar seus irmãos! –Any repreendeu iluminando a cara da menina com a lanterna do celular —A escola é na cidade, meia hora de percurso e eu sei o quanto você demora pra se arrumar. –disse encarando a filha apertar os olhos devido a claridade em seu rosto.

—Ai que saco! –bufou sentando-se no colchão —Não existe UM PONTO positivo em estarmos nesse lugar! –reclamou mais um pouco.

Anahí fingiu que não ouviu. Ela já havia entrado naquele assunto diversas vezes com a filha mais velha e simplesmente desistiu de entrar mais uma vez.

Com isso, saiu do quarto para se aprontar, a moça formada em pedagogia só daria aulas na escola no período da tarde para as crianças porém levaria Maria ao colégio agora cedo.

Anahí trancou-se no banheiro encarando seu reflexo no espelho por alguns segundos após jogar água fria.

—Quem diria Anahí? Estamos aqui mais uma vez... –murmurou sozinha acompanhado de um suspiro.

Todas as vezes em que Any viu seus pais após sua mudança repentina foi levando-os para a cidade grande. Ela mesma comprava as passagens pois fazia questão que eles fossem para cidade e não ela para o interior.

—Mãe! Eu preciso usar o banheiro também, esqueceu que por aqui só tem um?! –a voz abafada de Maria fez Any sobressaltar assustada após uma batida na porta.

—Já to saindo. –ela finalmente saí de sua transe e puxa a toalha para enxugar o rosto.

A verdade é que estar de volta despertava muitas lembranças na moça...

*

—Vai na festa do Agro Sábado? –Christopher perguntou enquanto mexia o açúcar em seu café —To achando que eu vou hein. O pessoal todo falou que vai então não vou deixar você ficar em casa.

Enquanto ele disparava a falar, Alfonso ao seu lado parecia não prestar atenção em uma palavra se quer. O rapaz tomava seu café em completo silencio na padaria.

—Poncho! –Christopher deu um tapa em sua testa —Tô falando com você cara! Ta na lua??

—Ai! –ele bufa nada satisfeito com o tapa gratuito —Tô pensando... no trabalho. No ano letivo, naquelas pestes.... –inventou bebericando seu café.

—No trabalho... –Christopher repete negando com a cabeça mas então parece cair na realidade —No trabalho cara? –ele sorri com malícia —Ou numa certa Loira que voltou misteriosamente?

Alfonso virou-se de uma vez com cara de poucos amigos. Christopher arregalou os olhos e ergueu os braços em rendição.

—To zoando... Calma ae! –justificou logo.

—Não to pensando na Anahí. Não tem nem porque pensar nela! Você lembra do que ELA fez? –ergueu as sobrancelhas.

—Lembro cara. –dá dois tapinhas em sua costa —Agora toma seu cafézinho, toma. –tentou levar a xícara na direção de seu rosto mas Poncho a tomou antes de suas mãos.

*

—Não to achando as chaves do meu carro! –bufou Any retornando para a cozinha onde sua mãe já de pé passava um café.

—Deu uma olhada no quarto filha? O Manu ou o Emi devem ter pego. –opinou a moça dando uma olhada na filha.

—Olhei, olhei por todas as partes! –bufou virando sua bolsa mais uma vez em cima da mesa.

—Mãe, como eu to? –Maria apareceu pela cozinha —Esse colégio não tem uma farda? Vou precisar gastar as minhas roupas com isso?

—Tá ótimo, Maria. –Any respondeu olhando-a por um segundo e voltando sua atenção a bolsa.

—Mãe, você nem olhou! –reclama a loirinha chegando mais perto —Não quero ir muito chique pra não me roubarem mas também não posso ir básica porque isso não combina comigo! –dispara a garota.

—Maria, você só não pode ir pelada ok? –Anahí perde toda sua paciência enquanto desiste de procurar as chaves do carro.

—Maria, meu amor! Você tá ótima! Fica tranquila que por aqui ninguém tem o costume de roubar ninguém! –assegurou a avó.

Aoba bão dia! –todas as atenções foram voltadas para Enrique, pai de Any entrando na casa.

O céu mal estava claro mas Enrique já vestia sua texana e chapéu na cabeça, já havia alimentado as galinhas, cuidado do cavalo e dos cachorros e ainda pego uns ovos do galinheiro.

—Trouxe pro café. –disse ele colocando os mesmos sob a pia da cozinha —Oia que menina bunita! Vai deixar os peãozinho tudo apaixonado na escola!

—Deus me livre, vô! –Maria desesperou-se com a possibilidade.

—Pai viu as chaves do meu carro? Tem um chaveiro de pom pom enorme nela, não é difícil de achar mas mesmo assim eu não estou achando! –bufou apoiando as mãos na cintura.

—Eu não vi não. –Enrique responde —Mas se quiser posso levar a menina na escola na pampa. –referiu-se ao seu carro.

Ou oque restou dele.

—Oque??? Naquela lata velha??? –Maria apontou indignada —Mas nem morta, mãe! Pelo amor de Deus! –riu nervosa.

—Ah então você tá disposta a ir de a pé? Ou melhor... Pegar um ônibus?? –ergueu as sobrancelhas.

—Ai porque dá tudo errado??? –Maria bufou.

—Vá pegar sua mochila. Você vai com seu avô pro colégio. –ordena Any.

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Maria ODEIA a roça! 👀

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NOCAUTE -AyA  (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora