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Os dias passaram tortuosos para as Portilla Velasco.

Maria estava cada vez mais estressada com a mudança repentina e Anahi andava muito nervosa devido ao reencontro com Poncho. Os dois se evitavam constantemente na escola.

Alfonso ainda tinha suas suspeitas em relação a Maria ter algum grau de parentesco com Any mesmo que seus sobrenomes fossem destintos.

O trato de silencio durante o percurso de ida e volta do colégio entre Caio e Maria permaneceu. Eles mal
trocavam palavras porque caso trocassem seriam ofensas.

Apenas iam e voltavam lado a lado, na companhia um do outro.

Já o pequeno Manu não parecia muito animado com a nova escolinha. Pelo contrário, o garoto chorava todos os dias porque não queria ir a aula.

Tudo isso desgastava Anahi. Ela queria ser forte, manter-se firme para passar segurança as crianças mas todos esses acontecimentos estavam acabando com ela. A carga ficava cada vez mais pesada causando um peso em suas costas.

Peso esse do qual ela não sabia por quanto tempo mais seria capaz de aguentar.

Enfim a sexta feira chegou e a cidade estava animada para uma tal festa que rolaria no final de semana, uma festa agro, típica da pequena cidade com barraquinhas de comida, jogos, brinquedos e musica ao vivo.

—Filha, eu to percebendo o quanto vocês todos andam cabisbaixos! Vamos a festa! Vai ser bom! –Marina insistia na noite de Sexta.

—Tudo bem mãe. –Any suspira esfregando a mão no rosto —Mas não garanto que ficarei muito.

—Ta certo! Só de ir já é uma evolução! –Marina comemorou com um sorriso.

O telefone fixo da casa começou a tocar chamando a atenção de ambas para a mesinha ao lado da tv onde ele se encontrava.

—Quem pode ser? Mal ligam nesse telefone fixo... –Marina franze o cenho caminhando até lá para atender —Alô?

Logo ela voltou seu olhar para Any só sofá.

—Ela está aqui sim... Vou passar pra ela.

—Pra mim? –Any franze o cenho quando sua mãe estende o celular em sua direção.

—É o seu marido. –ela responde sem muita animação com aquilo. Num salto Anahi já estava em pé e com o telefone na orelha.

—Velasco?

—Anahi meu bem! Como é bom ouvir sua voz amor! –Manuel soou abafado do outro lado da linha —Como vocês estão?

—Bem na medida do possível. –Anahi o responde —E por ai? Você vai sair logo?

—Logo logo, amor. –ele responde mas Any não sente muita firmeza em seu tom de voz.

—Velasco, não minta pra mim.

—Eu estou no controle de tudo, amor. Você sabe. Vai dar certo. –afirmou ele mais para si mesmo do que para ela.

A verdade é que todas as provas que incriminavam Velasco e seu "bando" por corrupção, eram muito maiores e mais concretas do que qualquer defesa que ele pudesse arrumar.

—Tabom. –Anahi suspira apertando os olhos, nem um pouco convencida ainda —Eu posso... te fazer uma pergunta? –coçou a nuca.

—Claro amor! Quantas quiser!

—Eu queria saber se... Se é possível mudar a Maria de escola? –falou prendendo o ar.

—Oque? Porque amor? –do outro lado da linha Velasco franze o cenho.

—E-eu... Eu não achei aquela escola tão boa... assim. –Anahi estava nervosa com aquela conversa.

—Como não Any? Eu garanti de escolher o melhor colégio para você e nossa filha. Não entendo seu questionamento... –pareceu desconfiado.

Anahi apertou seus olhos e soltou um suspiro. Não tinha como insistir, não tinha como ela explicar os seus motivos para Velasco.

—Tudo bem... –a moça respondeu assentindo mesmo que ele não pudesse ver —Acho que me precipitei.

—Fica tranquila, amor. Logo menos estaremos juntos mais uma vez tabom? –silêncio e mais silêncio —Tabom?? –Velasco enfatizou.

—Tabom. –Any finalmente lhe respondeu.

—Preciso desligar. Mas sempre que puder vou falar com vocês. –assegurou —Mande um beijo aos meus filhos.

—Vou mandar. –ela responde num fiapo de voz baixando a cabeça.

—Eu te amo, escutou?

Any suspira esfregando a ponta dos dedos na testa.

—Escutei. –e em seguida, é ela mesma quem encerra a chamada.

—Tudo bem, filha? –Marina a encara de cenhos franzidos —Porque queria mudar a Maria de escola? Sempre ouvi dizer muito bem do colégio em que ela estuda...

—Acho que... foi coisa da minha cabeça. –ela encolhe os ombros se levantando —Preciso de um banho.

Sua mãe nada respondeu, apenas assistiu a filha caminhar em direção ao banheiro e trancar-se lá dentro pelos próximos trinta minutos.

NOCAUTE -AyA  (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora