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—Oi meu amor! –Poncho sorriu ao entrar na sala de sua casa —Porque mandou me chamar?

O rapaz preocupou-se ainda mais quando Anahi virou em sua direção. Os olhos inchados e o rosto molhado em lágrimas.

—Aconteceu alguma coisa Any? Oque foi? Você tá me assustando! —disparou o menino sentindo seu coração errar uma batida no peito.

—E-eu não sei como dizer isso! Então eu vou dizer de uma vez... –a adolescente ergueu seus olhos azuis e nublados para ele enquanto puxava o ar como se tomasse coragem para oque viria a seguir.

—Any? –Poncho tombou a cabeça sentindo um misto de emoções revirar seu estômago. Ele tinha medo do que poderia sair de sua boca agora.

—Alfonso... Eu vou embora. –falou a menina que não costumava o chamar pelo nome assim —E por isso eu acho que... eu acho que a gente deveria terminar. –as ultimas palavras vieram misturadas em choro.

—Oque? –Poncho tem certeza que sentiu da mesma sensação que seria experimentar uma faca atravessando seu peito —Any oque você tá dizendo? Porque?? E-eu... porque?? –ele não sabia oque dizer.

Aquilo havia pego o garoto de surpresa visto que seu namoro com Anahi era uma das melhores coisas que ele tinha na vida e, em hipótese alguma imaginava o final.

Até agora.

—Eu vou embora Poncho! Eu vou pra longe! Isso não vai dar certo! –disparou a garota que parecia prestes a se engasgar com o choro.

—Isso é mentira! Você sabe que é mentira! —Poncho foi até ela segurando seu rosto —Any o nosso amor é de verdade, eu sou capaz de suportar qualquer coisa por você! Porque tá fazendo isso com a gente? E desde quando você decidiu ir embora???

—Eu não contei pra ninguém mas eu passei numa faculdade na cidade. –a garota fungou segurando as mãos de Poncho para tira-las de seu rosto —E eu vou.

—Tudo bem! Eu entendo! –Alfonso começou a dizer sem mais conseguir segurar as lágrimas nos olhos —A gente não precisa acabar por isso meu amor!

—Alfonso para! –ela praticamente berrou enquanto apertava os seus olhos. Aquilo saiu como uma súplica —Você não entende!

—Não... –ele negou com a cabeça —Eu não entendo mesmo. Não entendo porque de um dia para o outro você decidiu ir embora e acabar com tudo entre a gente!

A garota nada respondeu. Os únicos sons que se ouviram dela foram os soluços em meio ao choro.

—Então é por isso que andava distante nos últimos dias? Por que você não me disse nada Any? Eu teria te ajudo, te apoiado! –disparou Poncho atrás de uma resposta, uma explicação.

—Eu tenho que ir. –a garota diz apenas, sem conseguir ao menos olha-lo nos olhos.

—Não, Any! –num ato de desespero Poncho se coloca a sua frente segurando o seu rosto mais uma vez —Porque você não me olha? Olha nos meus olhos! Nos meus olhos e me fala o porque disso? Me fala Any! –ele insiste colando a testa na dela, chorando quase que na mesma intensidade que a garota.

Anahi aperta seus olhos com força, era como se o ar lhe faltasse. A última coisa que ela queria era sair dali. Pelo contrário, seu desejo era voltar atras de tudo oque disse mas a vida não lhe dava essa opção naquele momento.

—Me desculpa. –foi a última coisa que Any conseguiu dizer enquanto tirava as mãos de Poncho de seu rosto mais uma vez e saia dali antes que lhe faltasse a coragem...

*

—PONCHO! –a voz abafada de Christopher acompanhada de tapas no vidro do carro o trouxe de volta à realidade desligando Poncho da memória de dezessete anos atrás.

—Oque? –meio desnorteado ele baixa seu vidro.

—A porta tá travada cara! To te chamando faz um tempão, cadê minha carona? –disparou Christopher enquanto seu amigo enfim destravava a porta.

—Foi mal... eu to com a cabeça cheia.

—Seria por causa da....

—Nem ouse continuar. –Poncho interrompe serio sem ao menos olhar o amigo.

Christopher arregalou seus olhos e ergueu os braços em rendição.

—Não tá mais aqui quem falou...

Não era apenas a Poncho que aqueles pensamentos do passado andavam atormentando... Anahi acordou antes mesmo do despertador (vulgo galo) e encontrava-se encolhida na cama com os olhos abertos mesmo no escuro e a mente distante.

—Mãe! –a voz de Maria lhe tirou dos pensamentos —Mãe! –ela insistiu baixo enquanto balançava o seu corpo.

—Oi? –Any murmurou.

—Levanta! Hoje você vai me levar no colégio né? –perguntou a garota ainda baixinho para não acordar seus irmãos.

—Conversei ontem com o seu avô. Você vai com o Caio. –Any responde no mesmo tom.

—OQUE? –Maria chegou aumentar o tom de voz.

—Shhhhh! –sua mãe repreende sentindo Emi se remexer no colchão ao seu lado —Vai ser assim Maria! Ele mora por aqui e vai te acompanhar!

—Ah não mãe! Eu não quero ir com ele! Não quero! –choramingou a garota mimada.

—Uma pena porque você vai. –Any deu sua palavra final e a garota bufou saindo do quarto mas antes que ela pudesse sair... —Maria! –sua mãe chama.

—Oque?? Mudou de idéia? –a garota pergunta cheia de expectativas.

—Lembre-se do combinado: Não fale a ninguém sobre a nossa família! Nem mesmo que sou a sua mãe.

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Sobre esse capitulo...

NOCAUTE -AyA  (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora