—Você não se importa né amiga? Quer dizer, já fazem anos e... você agora é casada. Tem uma familia... –Angelique disparou em justificativas.
—Você... Nem precisava estar me perguntando isso. –ela diz mas seu sorriso nervoso denunciava outra coisa.
—Nem por conta daqu...
—Aquilo não aconteceu. –Any dispara interrompendo a amiga —Eu prefiro manter as coisas do jeito que estão.
—Claro. –Ange assente observando Anahí conferir as horas na tela de seu celular.
—Agora eu preciso ir, eu... eu tenho que me arrumar para o trabalho. –disse já se levantando —Mas foi muito bom te rever.
—Peraí! Então você está mesmo de volta! Onde vai trabalhar? –Ange perguntou antes que Anahí se afastasse.
—Eu vou dar aula numa escola da cidade. –e dito isso ela disparou café a fora.
Angelique retomou sua postura pensando por alguns instantes.
—Numa escola da cidade... –ela repete para si mesma —Não pode ser...
*
—Merda, aqui não existe uber não? –Maria disparou impaciente encarando a tela do celular.
—Depende de onde você quer ir... –Camila respondeu.
—Eu quero ir embora pra fazenda.
—Ah não... O Uber não chega naquelas bandas. –Camila respondeu calmamente mas aquilo já foi motivo de um surto interno para Maria.
—Não é possível! –ela tenta conter um xilique enquanto olha ao redor.
Logo avista o tal do Caio saindo da escola de mochila nas costas e mãos nos bolsos da calça enquanto gargalhava com outro garoto.
—Ei, menino! –Maria dispara até ele.
—Olha só se não é a Barbie da cidade... Você não disse que iria ignorar a minha existência? –ironiza franzindo os cenhos.
Maria bufa forte.
—Eu preciso ir embora e o meu avô disse que me daria carona. –diz séria.
—Peraí! Você também não me disse que não ia precisar de mim nem morta na hora de ir embora? –ele torna a franzir o cenho e o garoto ao seu lado ri.
Maria podia sentir a humilhação tomando conta de todo o seu corpo. Coisa da qual ela nunca havia sentido antes mas aquele lugar definitivamente estava a testando.
—Você pode ou não pode me dar uma carona? –a garota apoiou as mãos na cintura.
—E se eu disser que não? –Caio sorri de lado.
—Eu conto ao meu avô que você me abandonou aqui. –ameaçou a garota de forma séria e Caio riu em sua cara.
—Eu só vou te levar porque foi o seu Enrique que me pediu. Bora. –ele se despede do outro garoto e dá as costas saindo dali e esperando que Maria fosse atrás.
—Esperai, cadê seu carro? –perguntou a loirinha olhando ao redor visto que o estacionamento do colégio estava ficando para trás.
—Que carro? –Caio ri —Nós vamos de ônibus. –parou no ponto.
—Oque??? –Maria arregalou os olhos —Meu avô me disse que você me daria uma carona!
—Isso é uma carona. –Caio dá de ombros despreocupado.
—De ônibus? –ergue as sobrancelhas.
—Vai ir comigo ou vai ficar aqui reclamando? –Caio diz abanando a mão para que o ônibus parasse.
Sem outras opções, Maria bufa revirando os olhos enquanto o transporte público estacionava a sua frente.
—Vai sobe. –Caio manda apontando com a cabeça para que ela fosse na frente.
—Espera garoto! –bufou subindo sem ao menos segurar nos ferrinhos —Como é que eu passo aqui? É só empurrar? –questionou a garota tentando empurrar a catraca.
—Tem que pagar, anjo. –Caio falou impaciente logo atrás dela.
—Ai mas isso não é um transporte para pobres? –franziu o cenho.
—Dá licença vai. –Caio bufou a tirando de sua frente e passando seu cartão para ambos —Vem logo, você não é a única que quer entrar. –ele diz caminhando para o fundo enquanto Maria empurra a catraca com o corpo para não encostar suas mãos ali.
—Onde a gente vai sentar? Não tem lugar pra todo mundo aqui! –ela olha ao redor de cenhos franzidos.
—Por isso vamos em pé. –Caio afirma erguendo as mãos para segurar o ferro amarelo a cima de sua cabeça —Segura ai.
—Aqui? –Maria aponta de cenhos franzidos.
Nesse momento, o motorista arranca com o veículo e como a despreparada e amadora que era, Maria desequilibra-se. Seu corpo é jogado contra Caio e para não cair, ela agarra o menino com toda força.
—Oque foi isso? –perguntou após um gritinho assustado, completamente agarradinha ao tronco de Caio.
—O ônibus andou. –ele diz sério. A garota ergue a cabeça e então percebe o quanto aquilo era constrangedor.
Seu rosto estava bem pertinho do dele, e ela ainda continuava abraçadinha ao seu corpo.
—Vai ir assim até em casa? –Caio pergunta erguendo as sobrancelhas.
Maria sente seu rosto esquentar e pode ter certeza de que estava parecendo um tomate naquele momento.
Oque a fez ficar com ainda mais vergonha. E olha que Maria não era de sentir vergonha.
—Cala a boca garoto! Eu quase caí! –ela pragueja se afastando de uma vez.
—Por isso mandei você segurar. –Caio volta a encarar a paisagem que passava borrada pela janela.
Maria encara aqueles ferrinhos imaginando a quantidade de mãos desconhecidas que seguravam aquilo no dia.
Mãos essas das qual ela não fazia nem ideia de onde passavam.
—Eu seguro onde eu quiser! –ela diz teimosa agarrando a camiseta do garoto.
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NOCAUTE -AyA (EM PAUSA)
FanfictionDezessete anos se passaram desde que Anahí terminou com Alfonso simplesmente do nada. Desde que Anahí foi embora da pequena cidade sem aviso prévio mudando todo o destino do casal. Any viveu uma vida completamente diferente dos planos que a garota...