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A sensação do álcool no corpo trazia uma leveza da qual Any estava precisando sentir. E ela buscava mais e mais por isso nos copos de bebida a sua frente.

Se ela pensasse um pouquinho mais em todo o rumo que a sua vida havia tomado agora, era capaz de sentir a sua cabeça literalmente explodir.

Velasco preso, a volta para a cidade da qual deixou tragicamente a dezessete anos atrás, Poncho, Angel, Angel e Poncho juntos, Maria e seu jeito difícil que havia se tornado mil vezes mais difícil no interior, as sensações que Poncho a estava fazendo sentir...

Anahi virou mais um copo.

—Vai com calma Any! –Angel ri de seu desespero —Tá afim de esquecer os problemas? –perguntou a Loira abraçando mais uma vez o braço de Poncho.

De cara fechada, ele puxa o corpo para longe mais uma vez.

—Você me chamou para beber, não chamou? –Any dá de ombros virando mais um gole.

—Tem razão! –Angelique concorda erguendo as sobrancelhas e encarando a amiga —Você parece ter mudado tanto Any... Como se houvesse desviado completamente de todos os planos que fazia a dezessete anos atrás.

—É a vida não é? –a moça encolhe os ombros, a voz já começava a ficar arrastada devido ao álcool —As vezes precisamos tomar rumos do qual não queremos mas somos obrigados.

—Sério amiga? Mas apesar de toda mudança você parece tão feliz com seu marido rico e sua familia de novela. –ao lado de Angelique, Alfonso se engasga com a própria bebida.

—Opa, não morre não! –Dulce gargalha feito boba enquanto acerta tapas nas costas do rapaz.

—Eu to bem. –ele afirma segurando os ombros da ruiva para que ela pare.

—Ah é, a Any é casada sabiam? –Angelique cutucou ainda mais virando-se exclusivamente para Poncho e tentando captar sua reação.

Dessa vez ele não esboça nada. Christopher quem dá um golão em sua bebida pelo amigo.

—Tabom, tabom... Eu tenho uma curiosidade! –Dul ergue um dos braços —Porque você, Loira –ela aponta para Any —Sumiu? Olha eu cheguei depois mas eu sei de tudo! –gargalhou.

—Dulce Maria... –Christopher segura o riso enquanto tampa a boca dela.

Anahi sentiu os olhos marejarem somente com a lembrança dos anos atrás e então Angelique fala por ela:

—Ué gente! Ela ganhou uma bolsa em uma faculdade ótima da cidade grande. Quem não sumiria? –riu passando um dos braços ao redor dos ombros de Any.

—Eu acho uma atitude muito esnobe da sua parte. –Dul aproveitou que Christopher tirou a mão de sua boca e acusou apontando para Any.

—Eu acho que... que o passado tem que ficar no passado. –Poncho diz duro afim se encerrar aquele assunto. Seu coração parecia formar um nó dentro do peito.

Ao lado dele, Dul fez um biquinho triste percebendo que seu amigo parecia afetado, mas ela já estava bêbada demais para raciocinar qualquer coisa por completo.

—Tem razão, Ponchito. –Angel sorri o abraçando de lado e assim permanece —Apesar de nada ter saído como a Any planejou ela tem uma ótima vida agora. E é casada! Muito bem casada, não é Any? –a encarou.

—Preciso de mais um desse. –Anahi pediu ao moço da barraquinha, sem querer dar uma resposta a Angel.

—Eu preciso ir ao banheiro. –Poncho tira os braços de Angelique de seu corpo e trata de sair logo dali.

—Amiga, imagina só. –Angel apoia os cotovelos no balcão ao lado de Any —Nós duas casadas, juntas, fazendo uma viagem incrível assim como planejávamos na adolescência... Você e o seu marido... O Poncho e eu!

Angel bateu palminhas animadas e empolgadas com sua própria imaginação. Anahi por sua vez sentiu a cabeça girar, girar e girar.

—Ah não, quem é essa hora? –Angelique bufa puxando o celular do bolso para atender uma chamada e após trocar algumas palavras com a pessoa, ela informa: —Eu já volto, Any. Não sai daí! –e então se afasta com o celular no ouvido.

Anahi vê-se sozinha, com um copo de bebida na mão e a cabeça borbulhando em pensamentos. Ela sentia-se péssima, em todos os sentidos.

Sua vontade era de voltar no tempo. Mas não a uma semana ou a um mês atrás... A dezessete anos. Voltar na época em que tudo se perdeu, tentar mais uma chance de fazer o "certo".

Quanto mais ela pensava, mais ela bebia. Sem respirar, Any virava o copo sentindo a bebida queimar sua garganta de uma vez, a cabeça borbulhava em pensamentos e ela tentava empurra-los garganta a baixo com a bebida.

Até uma mão segurar a sua no copo, impedindo-a de continuar.

—Acho que você já passou dos limites por hoje. –a voz de Poncho fez Any abrir os olhos e encara-lo. Sua pupila dilatada.

Um nó formou-se com força em sua garganta e sem aguentar mais, ela chorou.

NOCAUTE -AyA  (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora