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—Você tá chorando? –Poncho se desespera sem saber oque fazer.

A resposta de Any foi chorar ainda mais enquanto levava as mãos ao rosto para esconde-lo.

—Merda! Cadê a Angel? A Dulce? O Christopher? Cadê todo mundo? –disparou ele olhando ao redor.

Mas Any não conseguia nem o responder, ela só chorava.

Poncho suspirou sem saber oque fazer, a verdade é que, por mais que o tempo tivesse passado e tanta coisa tivesse acontecido... ainda doía ver Anahi naquele estado.

Ele até tentou lutar contra seu coração e agir com a razão mas... naquele momento sua razão compartilhava da mesma opinião que o coração.

—Vem. –ele diz num suspirou a puxando pelos braços para coloca-la em pé.

Anahi cambaleou apoiando-se nele, suas mãos passaram ao redor de seu pescoço e ela deitou a cabeça em seu peito choramingando.

Pooonchoo... –sua voz saiu derramada, Alfonso nem se movia, seus braços estavam abertos sem ao menos toca-la —Eu sou uma burra! Eu sou uma burra, Poncho! Eu... Eu.... –ela soluça em meio ao choro sem ao menos terminar a frase.

—Para de chorar... –Poncho segura delicadamente em sua cintura para afasta-la daquele "abraço" —Eu não sei oque fazer com gente chorando. –ele diz nervoso.

O rosto de Any banhado em lágrimas trazia para ele uma lembrança da qual ele queria excluir de sua memória.

—A Angel disse que eu tava feliz e eu não tô feliz! Eu sou uma farsa! –ela chora ainda mais levando ambas as mãos ao rosto.

É ai que Alfonso pode ver com clareza, como se fosse um tiro em seu olho a aliança dourada e chamativa que Anahi usava na mão esquerda.

—Acho que tá na hora de você ir pra casa. –Poncho diz incomodado, a segurando pelos ombros para guia-la no meio da multidão —Você veio sozinha?

—Eu vim... –ela interrompe a própria fala —O meu marido não me deixa falar da minha família aqui! Isso tá me matando! –ela retorna a chorar.

Poncho suspira, pelo menos uma coisa sobre ela, ele ainda sabia: Quem eram seus pais e aonde eles moravam.

—Eu vou te deixar na sua casa. –disse ele vendo o quanto Anahi estava PÉSSIMA... e chorona.

—Porque você tá me ajudando? Eu fui ruim com você! –ela começa a dizer enquanto ele a colocava no carro —Você deveria me odiar porque assim... assim... –e volta a chorar.

—Oque eu fiz pra merecer isso? –Poncho murmura ocupando o banco do motorista —Coloca o cinto. –ele manda dando uma rápida olhada em Anahi.

Mas ela parece não escuta-lo, estava chorando alto com as mãos no rosto, seus ombros subiam e desciam conforme ela chorava de soluçar.

—Anahi... –Alfonso suspira segurando os pulsos da mulher e tirando suas mãos do rosto.

—Oque? –ela pergunta choramingando, seus olhos vermelhos encontram os dele.

—Você precisa por o cinto. –ele tenta ignorar a pontada no peito, agarra o cinto de segurança e o passa pelo tronco de Any para afivelar.

Esse movimento acaba os deixando próximos demais, seus rostos separados por poucos centímetros.

Anahi ergueu os olhos nublados ao mesmo tempo em que ele fez o mesmo. Seus olhares se encontraram de um jeito perigoso.

—Porque eu fui perder você? –a mulher murmura sem tirar os olhos dele. Sua pupila dilatada refletia a pouca luz do carro.

—É melhor você... tentar dormir. –ele diz qualquer coisa enquanto se afasta desconcertado —Assim para de falar besteiras. –passou o cinto em seu próprio tronco, sem olhar mais para ela.

—Eu não estou falando besteiras... –Any volta seu olhar para a estrada enquanto Poncho dava a partida —Mas eu fiz muitas besteiras. Isso eu fiz bastante.

Alfonso apenas suspira sem desviar sua atenção da estrada escura logo a frente.

—Você não tem noção do quanto. –a mulher continua dizendo no banco do passageiro —E você me odiaria muito se soubesse! Por isso você não pode saber. Eu não quero que me odeio Poncho, eu não quero! –choramingou um pouco mais.

—Anahi, por favor, fecha o olho e tenta dormir. –ele pede seco sentindo uma pontada forte no peito após aquela fala da Loira.

Será que... Sua paranoia realmente estava certa? Anahi havia o traído no passado? –ele pensava.

—Mas eu não estou com sono! Eu estou com fome! –contestou Anahi.

Poncho apenas bufou coçando a testa.

—Eu to te irritando? –Any pergunta chorosa tombando a cabeça para encara-lo.

—Você poderia dormir. –ele repete —Ou vai dizer coisas das quais vai se arrepender amanhã. –continuou sem encara-la.

—Poxa você quer mesmo que eu durma... –ela bufa de ajeitando no banco —Mas eu posso falar só mais uma coisa, uma coisinha? –ergueu o indicador.

—Nã... –a resposta de Poncho é cortada por Anahi que já foi falando:

—Naquele dia quando eu te vi, eu pensei "uau ele ainda é muito gato!" –ela gargalha sozinha.

Poncho se remexe desconfortável no banco do motorista. Aquela fala fez seu rosto esquentar e as bochechas corarem, sorte que Anahi estava bêbada demais para perceber o quanto ele ficou mexido.

—Fala pelo menos um obrigado... –ela pede o encarando.

Mas Poncho continua em total silêncio e cara fechada.

—Tabom... –Any desiste deitando sua cabeça no vidro —Eu vou tentar dormir.

NOCAUTE -AyA  (EM PAUSA)Onde histórias criam vida. Descubra agora