Prenda-me se puder

Capítulo 17

VEIO AÍ! Cuidado, cenas quentes rs

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     A vida sempre foi um pouco mais difícil para mim. Sempre tive que brigar mais pelas coisas que Raquel conseguia sem nenhuma dificuldade. Ela sempre foi sensível, a que sentia as coisas, as pessoas – às vezes, sentia até demais. A reputação a precede, vocês sabem.

     Ela sempre flertou fácil, até porque é muito fácil flertar com ela. É muito fácil se apaixonar por Raquel. Todos querem sentir o gosto de beijar aquela boca e poder quase realizar um sonho.

     E ela também não é de deixar muita gente passar. Com certeza metade daquela Academia, pelo menos, já sentiu os lábios dela. Mas são todos casos de um dia, uma ficada, e depois, fim.

     Ela já me beijou várias vezes desde então. Não estou reclamando, jamais, mas seriam todas essas vezes a tentativa de ela se enganar? Igual aquelas pessoas que comem uma comida por um dia e dizem que "precisam experimentar de novo porque não provaram direito." Seria eu a comida?

     Seriam todas essas vezes uma primeira vez que nunca realmente terminou? Penso tudo isso antes de entrar no quarto dela. Já nem me importo se minha perna dói ou não, afinal, ela não está repousando mesmo. O que é mais um dia, não é?

     Suspiro pensando no que farei primeiro: pedir desculpas ou beijá-la? Não sei, terei que descobrir assim que pousar meus olhos nela.

     Bato, mas não tenho resposta. Ela pode ter dormido. Me arrisco a abrir a porta e a encontro destrancada. Se der tudo certo, vou começar a acreditar em Deus. Entro devagar, mas não a vejo na cama. Arqueio a sobrancelha e a ouço falando algo dentro do banheiro, com a porta fechada.

     Resolvo esperá-la e fico repassando todos os modos que possuo de pedir desculpas. Quando ela sai do banheiro, dá um leve pulo pelo susto de me ver ali.

     Eu, em contrapartida, sinto que estou diante de uma divindade. Ela está enrolada na toalha e os cabelos loiros ainda estão bem molhados. Cada gota que escorre por seu corpo me faz lembrar da noite anterior.

     Desejo ser aquela água, que percorre suas curvas de um jeito demorado. Toda a cena parece tão erótica que me sinto queimar de novo. Engulo em seco imaginando tudo o que eu gostaria de fazer com ela naquele momento se estivéssemos bem, mas tento me ater ao meu propósito inicial.

     — Você conseguiria colocar uma roupa? Vai ser difícil eu falar o que preciso com você desse jeito.

     Falo, suspirando e percorrendo todo o seu corpo com minhas pupilas. Para me contrariar, ela senta na cama ao meu lado ainda enrolada na toalha. Puta que pariu, eu vou dar na cara dela. Entendam isso como quiserem.

     — Pode falar.

     Chego mais perto, controlando meu olhar para que ele não desça a todo momento para a parte descoberta dos seios dela. A olho nos olhos e suspiro novamente. Se é isso que tenho, então é com isso que vou seguir.

     — Quero te pedir desculpas, Quel. Eu não queria jogar tudo na sua cara daquele jeito. Eu nem sabia, na verdade, que eu tinha tanta coisa guardada assim e...

     Ela me cala com um beijo. Não é urgente, nem desesperado, nem mesmo selvagem. É um beijo calmo e decidido. É carinhoso também. Ela apoia uma das mãos no meu rosto e eu faço igual antes, com a minha em cima da dela.

     — Você não precisa se desculpar, ruiva. Na verdade, sou eu que preciso. Eu não tinha ideia de como você se sentia. Pra mim, você só me odiava e não estava nem aí pra nada que eu fazia. E me doía pensar que você me odiava, porque poxa, sempre fomos nós duas. Me desculpe por esses anos todos em que você ficou de lado, eu jamais quis te chatear.