Epílogo

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     Às vezes, tudo o que a gente precisa é de um pouco de adrenalina. E ter Alicia Sierra como parceira de vida é sempre ter adrenalina, querendo ou não.

     Ser amiga de Alicia é saber que em um dia ela vai te ouvir, e no outro não vai querer escutar um "a" sobre qualquer que seja o problema, porém é sempre poder contar com abraços carinhosos.

     Ser namorada de Alicia é senti-la se derreter na minha boca, e no outro dia não poder encostá-la, porque é ela quem vai me fazer derreter, mas sempre ter milhões de beijos à disposição.

     Agora, trabalhar com Alicia é um evento diário. Em um dia, ela discute com o governo; no outro, ela não fala com ninguém, somente comigo; já no terceiro ela atira para cima a fim de chamar a atenção; no dia seguinte, ela some e não dá explicações.

     Nunca falta adrenalina com ela e é isso que a faz tão única. Nunca sei exatamente o que esperar dos nossos dias de trabalho, somente que, no final do expediente, teremos feito o possível – e também o impossível.

     Ser colega de trabalho de Alicia é muito gratificante, pois sei que com ela as coisas vão funcionar. Juntas, somos invencíveis, desde quando conseguimos o estágio. Agora, anos depois, isso ainda se mantém.

     Daquela vez, quando falei com Antonio sobre o caso do hotel em que Andrés estava hospedado, ele pediu para que eu e Alicia tomássemos conta da operação. Éramos recém admitidas como estagiárias, e ela até se conteve em suas explosões. Por isso, acabamos descobrindo uma máfia enorme de lavagem de dinheiro mais rápido do que eu teria imaginado.

     Depois disso, pegamos alguns outros casos mais fáceis, mas o que nos consagrou e nos efetivou como subinspetoras da Europol foi a captura do restante do bando de Andrés. Foi difícil encontrá-los, confesso, mas com Alicia nada é impossível.

     Hoje, vemos alguns estagiários chegando para tentar a mesma sorte que tivemos e ela é a primeira a recepcioná-los daquele jeito que conhecemos: assustando.

     — Alicia, de novo você deixando eles com medo?

     — Cariño, se não for assim, a polícia vai formar um monte de gente sem noção. E eu não quero gente mole na minha equipe.

     — Sua equipe, é? — A olho com as sobrancelhas arqueadas.

     — Nossa.

     Concordo com a cabeça. Recebemos a notícia há pouco tempo de que seremos responsáveis por uma turma de estagiários e nosso sucesso nas operações será o ponto alto de sermos promovidas a inspetoras oficiais ou não.

     Eles começarão efetivamente na semana seguinte. Alicia não quer ter que lidar com eles e está nervosa só de pensar que não vai poder usar a violência caso precise. Mas tudo tem os pontos positivos, por isso chego ainda mais perto dela para que ninguém nos ouça.

     — Pensa bem: se a gente conseguir essa promoção, vamos ter o suficiente para comprar uma casa pra gente. E você vai ficar muito mais gostosa com o distintivo efetivo no peito — A abraço como desculpa para sussurrar. — E eu vou poder te chamar de "minha inspetora"...

     Ela aperta minha cintura e sei que atingi os meus objetivos, tanto de mostrar o lado bom daquilo, quanto de deixá-la com tesão. Já faz quatro anos que estamos juntas e é sempre uma delícia ver como ela reage a mim.

     — Ok, inspetora — Ela sussurra de volta. — Você me convenceu.

     É incrível como eu reajo a ela também.

     Todos ali sabem da nossa relação, mas alguns preferem ignorar. Outros são mais inconvenientes, como é o caso de Alberto. Ele é um mala, porra cara chato. Alicia já se ofereceu para "dar um jeito nele", mas a conheço e, infelizmente, não podemos sair matando nossos colegas de trabalho a torto e a direito.

Prenda-me se puderOnde histórias criam vida. Descubra agora