Capítulo 18

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     Eu nunca imaginei que minha vida fosse dar essa reviravolta. Quando comecei a estudar na Academia, jamais poderia imaginar me apaixonar desse jeito. Eu só queria ser policial.

     Também jamais poderia imaginar andar de mãos dadas com a garota que eu mais odiava na vida. Ou melhor, achava que odiava.

     Quando descobri o que sinto por Raquel, parece que minha mente fez um clique e tudo se encaixou. Tudo pareceu certo no instante em que eu percebi. E depois dizem que o amor e o ódio andam juntos.

     O bom de estar com Raquel é que me sinto pronta para qualquer coisa. O ruim de estar com Raquel é que só penso nela. E por ela estar na sala do lado, fico contando os minutos para vê-la e beijá-la na hora do intervalo.

     Encontramos um lugar ali naquela Academia para chamar de nosso e é para lá que fugimos. Nunca vimos ninguém ir até lá, então acreditamos estar seguras, pelo menos por um tempo.

     Confesso que é uma delícia sentir essa adrenalina, mas não podemos arriscar tanto a ponto de sermos expulsas. Principalmente hoje, que teoricamente é o dia que vem a aprovação do estágio – ou não.

     Estou mais ansiosa que o normal e vejo que faltam somente quinze minutos para o professor nos liberar. Aguardo, sem muita paciência, e tento prestar atenção no que ele ainda diz.

     Sou a primeira a sair quando ele nos dispensa. Busco Raquel na multidão de alunos e a vejo sair da sala, também me procurando. Como uma cena de filme, nos encontramos no meio de todos e ela segura minha mão, sorrindo. Trocamos aquele olhar e ela começa a correr, me puxando com ela.

     Tudo isso faz com que eu me sinta uma adolescente experimentando o primeiro amor. É tudo muito mágico, muito encantador, e fico contente que, mesmo com 21, eu consiga sentir tudo isso.

     Chegamos no nosso lugar e me certifico que ninguém nos seguiu. Quando vejo que só existimos nós duas ali, a beijo. Ela abraça minha cintura e ficamos nos beijando por muito tempo.

     Amo sentir os lábios dela nos meus. É quase um carinho de tão macios. Assim que paramos para respirar, ela sorri e eu me afasto alguns passos.

     — Peraí!

     Raquel me olha confusa e eu tento conter o sorriso. Viro de costas para ela e tiro do bolso da frente a caixinha com as alianças de namoro. Eu disse que poderia pedi-la, e como ela disse que estava esperando, supus que ela ainda aguardasse.

     Quando me viro novamente, ela ainda olha com curiosidade. Escondo a surpresa em minhas costas e peço para que ela se sente comigo. Estou muito ansiosa e sinto que poderia vomitar.

     — Você sabe que sou perdidamente apaixonada por você, não sabe?

    — Sei, ruiva. E eu também s...

     — Shh! Não terminei.

     Ela cala e sorri confusa, tentando entender.

     — Eu não acreditava nessas coisas até você me mostrar o contrário. Eu jurava que nada disso ia acontecer comigo, até porque eu tinha zero esperanças de que você me notasse, mas aqui estamos. Eu queria fazer isso de outro jeito, mas ou a gente tá se beijando, ou tá transando, e como aqui não temos muito tempo hábil pra perder, então decidi fazer logo.

     Começo a suar e meu coração bate mais rápido que o normal. Ela olha com expectativa, e quando tiro a caixinha das minhas costas e a mostro os aneis de compromisso, ela coloca as mãos na boca e vejo seus olhos começarem a lacrimejar.

     Rita Lee dizia que é na dor que vemos quem realmente somos, mas eu não preciso disso para saber que sou uma viadona.

     — Raquel Murillo, você aceita ser minha namorada e fazer amor comigo pelo resto da sua vida?

Prenda-me se puderOnde histórias criam vida. Descubra agora