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2 de julho

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2 de julho

Era uma dia quente de verão. Eu estava deitada na beira da piscina cobrindo o rosto com uma revista aberta, e Leena estava ao meu lado, lendo um livro. Minha mãe e Amélia estavam conversando na varanda.

Walker, Henry e Tanner tinham passado a manhã toda surfando. Caíra uma tempestade na noite anterior. Walker e Tanner voltaram para casa primeiro, e os ouvi antes de vê-los. Os dois subiram os degraus da varanda às gargalhadas por Henry ter perdido a bermuda depois de ser atingido por uma onda forte. Walker veio até mim, levantou a revista molhada com o suor do meu rosto e sorriu.

— Tem palavras coladas na sua cara — ele disse.

Eu o encarei, estreitando os olhos.

— Quais?

Ele se agachou ao meu lado e disse:

— Não sei ao certo. Deixa eu ver.

E então olhou para o meu rosto sorrindo. Ele se inclinou na minha direção e me beijou, com os lábios frios e salgados da água do mar.

— Ei, vocês dois, parem de ser tão melosos — disse Henry após chegar.

Ele deu uma piscadela para mim, se aproximando por trás, levantou Walker e o atirou na piscina.

Depois se jogou na água também, gritando:

— Vem! — gritou chamando a mim e a Leena.

Claro que entramos com eles. A água estava ótima. Melhor do que ótima. Como sempre, Cousins era o único lugar onde eu realmente queria estar.

***

— Ei! Ouviu alguma coisa do que acabei de dizer?

Reabri os olhos. Ivy, uma amiga que fiz na aula de biologia, estava estalando os dedos diante do meu rosto.

— Desculpe. O que você estava dizendo?

Eu não estava em Cousins. Walker e eu não éramos mais um casal, e Amélia já não estava mais entre nós. Nada jamais voltaria a ser como antes. Já fazia — Quantos dias fazia? Quantos dias exatamente? — dois meses que Amélia havia morrido, e eu ainda não conseguia acreditar. Ela tinha sido diagnosticada com câncer depois do verão passado, e os tratamentos não deram certo.

Às vezes, eu fechava os olhos e pensava, sem parar: Não é verdade, não é verdade, isso não é real. Isso não está acontecendo. Isso não é minha vida. Mas era minha vida. Era o que minha vida se tornara. Depois de tudo.

Eu estava no quintal da Evelyn Clark. Os garotos se divertiam na piscina, e as garotas estavam enfileiradas deitadas em toalhas de praia. 

Era pouco depois do meio-dia, e já passava dos 30 graus, seria uma tarde quente. Eu estava deitada de barriga para baixo, sentindo o suor se acumulando na parte inferior das minhas costas. Era apenas o segundo dia de julho e eu já contava os dias para o verão acabar.

— Eu perguntei o que você vai usar na festa do Cameron — repetiu Ivy.

Nossas toalhas estavam tão próximas que pareciam uma única toalha imensa.

— Não sei — respondi, virando a cabeça para ficar de frente para ela.

— Vou usar aquele vestido novo que comprei com a minha mãe no shopping — comentou.

Fechei os olhos outra vez. Como eu estava com óculos de sol, ela não sabia se meus olhos estavam abertos ou não.

— Qual? — perguntei.

— Aquele de bolinhas que amarra no pescoço. Eu te mostrei há uns dois dias — ela soltou um suspiro impaciente.

— Ah, sim — falei, embora ainda não lembrasse.

No começo, tínhamos uma amizade boa, mas depois ela começou a mostrar o outro lado dela. Aquele que não se importava realmente comigo, onde ela não era uma amiga verdadeira em quem eu poderia confiar para contar os meus segredos e pensamentos. E eu sentia falta da minha melhor amiga. Depois de tudo, Leena parou de falar comigo. 

(...)

Desde o sétimo ano, Cameron Wilson dava uma grande festa de aniversário todo mês de julho, quando eu já estava em Cousins Beach, e minha casa, a escola e os amigos da escola estavam a milhões de quilômetros de distância. Eu nunca me importei de perder a festa. Era o primeiro verão que eu estaria em casa para a festa de Cameron, e era o primeiro verão que eu não iria para Cousins. E com isso eu me importava. Isso eu lamentava. Eu achava que passaria todos os verões da minha vida em Cousins. A casa de praia era o único lugar onde eu queria estar — era o único lugar onde eu queria estar na vida.

— Você vai mesmo, né? — perguntou Ivy.

— Sim. Eu disse que ia.

— Eu sei, mas... — ela hesitou. — Ah, deixa pra lá.

Eu costumava acreditar; achava que, se quisesse muito alguma coisa, se desejasse o bastante, tudo aconteceria como deveria. Era o destino, como dizia Amélia.

Ivy queria que eu esquecesse Walker, que eu simplesmente o apagasse da minha vida e da memória. Ficava dizendo coisas como "todo mundo precisa superar o primeiro amor, é um rito de passagem". Mas Walker não era apenas meu primeiro amor. Ele não era um mero rito de passagem. Era muito mais que isso. Ele, Tanner, Leena e Amélia eram a minha família. Em minhas lembranças, os quatro estariam sempre interligados, conectados para sempre. Não poderia haver um sem os outros.

 Não poderia haver um sem os outros

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𝐂𝐑𝐔𝐄𝐋 𝐒𝐔𝐌𝐌𝐄𝐑, 𝘞𝘢𝘭𝘬𝘦𝘳 𝘚𝘤𝘰𝘣𝘦𝘭𝘭 Onde histórias criam vida. Descubra agora