Eu estava sentado no mesmo banco onde nos beijamos da última e única vez. Se passaram dois dias desde nossa conversa e essa foi a primeira data que estava disponível para nos encontrarmos. Combinamos tudo online mesmo, e não trocamos nenhum contato. Samuel sabia onde eu morava, então ficou incumbido da missão de me buscar.
Eu não tinha carro. Mesmo no momento, quando tinha dinheiro para comprar um à vista, não pretendia ter. Não era exatamente esse o motivo, mas como eu morava numa região central, não precisava me locomover até o trabalho e tudo o que eu precisava eu encontrava bem perto de mim, achava um dinheiro jogado fora ter um automóvel parado na garagem. Quando precisava, pegava um Uber.
Aparentemente, Samuel tinha um carro. Ele disse que me pegaria, então não pensava que um cara que desembolsava uma grana semana após semana só pra ver meu pau quisesse ou precisasse dividir um Uber.
Percebi o quanto estava nervoso pelo movimento intermitente das minhas pernas. Nesses dois dias eu fiz umas pesquisas mais aprofundadas e me informei sobre como me preparar adequadamente para a ocasião. Por conta disso, eu me sentia ao mesmo tempo ansioso e temeroso. Não queria botar tudo a perder, também não queria me decepcionar com a experiência.
Como não queria ser ainda mais cafajeste do que já estava sendo, conversei com a Laura e disse que estava passando por umas crises existenciais e precisava de um tempo para pensar. Não foi honesto, nem de perto honroso, mas quis minimizar a "traição" que estava prestes a cometer. O fato é que eu estava sendo um canalha, mas não podia evitar. Não podia mais protelar o que estava para acontecer. Era isso.
O SUV parou na minha frente e Samuel abriu o vidro. Eu olhei para ele e considerei minha última chance de desistir. Não demorou muito e eu já estava abrindo a porta e me sentando no banco do passageiro.
— Tudo bem? — ele perguntou. Estava me dando mais uma chance, que eu ignorei solenemente.
— Tudo. Vamos.
Ele deu a partida e seguiu por uma avenida movimentada. Já era fim de tarde e eu especulava se ele teria acabado de sair do trabalho. Fiquei com vontade de fazer perguntas, mas também com medo. Não sabia se essa coisa ia ser algo de uma noite só, então era melhor que nos mantivéssemos em linhas bem separadas e definidas.
Dentro de cinco minutos estávamos embicando na entrada de um motel. Minhas entranhas se contorceram de novo em expectativa e apreensão. Ele pediu meu documento e o entregou à atendente, e logo estávamos estacionando na vaga privativa.
Durante todo o trajeto e mesmo enquanto eu esperava que ele abrisse a porta, ele não pronunciou uma única palavra. Eu não estava certo se devia tentar dizer algo, se devia dar um passo, pois estava acostumado a obedecer aos comandos dele online e ficava sempre com a ideia de que já que foi ele quem pediu esse tempo, era ele quem deveria conduzir as coisas. Ele era um pouco mais velho, não muito, talvez uns poucos anos, mas era evidente que tinha mais experiência do que eu. Diferente de mim, certamente ele já tinha fodido outros homens antes. Eu era só um garoto de programa que não ia receber por isso. Ia literalmente tomar no cu nessa.
Quando já estávamos dentro do quarto, ele virou para mim. Prendi o ar e esperei. Meu pau não estava de acordo com a demora, mas eu me comportei e ordenei inutilmente que ele se comportasse também.
— Quem você quer ser: Josh ou Diego?
Fiquei pensando. Ser Josh era muito mais fácil. Josh era leve, desinibido e se garantia na própria aparência. Josh não tinha passado, não precisava provar nada pra ninguém e estava livre de expectativas e julgamentos.
Já Diego, era o cara que tinha passado a vida toda desejando estar com outro homem. Diego tinha problemas, traumas e medos, e precisava muito mais disso do que Josh.
— Sou Diego. Quem você quer ser?
Ele enroscou as duas mãos no meu pescoço e me puxou para perto.
— Samuel. Sempre fui Samuel pra você, Diego. — E me beijou.
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Do lado de lá (romance gay)
Cerita PendekConto erótico - GAY - LGBTQIA+ 🌈 🥇 #1 Sensível (Fev/2024) 🥈 # Homoerotico (fev/2024) POV: Diego Torres. ---- SINOPSE Meu nome é Diego Torres. Tenho 30 anos, sou designer gráfico e estou noivo há um ano de uma mulher incrível, linda, bem sucedid...