19.

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- quebra de tempo -

hoje os pais vão casar, não sei se estou ansiosa ou se não, é daqui a mais ou menos 5 horas, eu e joão começamos nos a arrumar, para ajudar os pais a prepararem se, eu fui ajudar o meu pai e ele a mãe dele, eles tinham estilistas, o meu pai não precisava muito, por que ja sabia o que ia vestir, já a mãe de joão estava indecisa, ela falou isso, o caminho inteiro.
quando o meu pai acabou de se vestir, eu ajudei a pôr a gravata, e quando acabei de a pôr, uma lágrima escorreu-me e eu limpei a rapidamente, ele abraçou me.
ficamos muito tempo no abraço.

— vá tens que ir, tens de te ir casar. - limpei as lágrimas, já sabia que isto ia acontecer, por isso trouxe rimél na mala, tirei-o, e depois pôs.

foi até ao meu pai, ao altar, depois fui me sentar nos bancos da frente.
quando a mãe de joão saiu de lá, toda a gente a gravava, o vestido era realmente bonito.
olhei para o meu pai que sorrira.
o padre não era nada secante, fazia umas piadas de vez em quando.
quando ambos disseram que sim, fomos todos até ao sitio onde se ia comemorar, jantamos, e eu fui ter com o João.

— estás linda. - ele sorriu para mim.

sorri cruzando os meus braços nos seus ombros, ele agarrou na minha cintura, balançando ao ritmo da música que tocava.
era uma música calma, romântica eu diria.
quando alguém nos viu dançar, foi acrescentado pares, que dançavam.
estavamos agora no meio daquela gente toda, a dançar.
quando fui buscar bebidas, vi joão a conversar com uma menina que provavelmente era uma familiar dela.

— olá. - sorri, interrompendo.

— olá. - ela disse meio que seca.

arqueei as sobrancelhas.
ela afastou-se, e dei a bebida de joão, a joão.

— quem era? - esta pergunta parece lhe ter feito alguma confusão.

— hm, é a filha de uma das amigas da minha mãe, conheço a desde a infância porquê? são ciúmes? - ele disse, e eu revirei os olhos.

— não joão, só queria saber quem era. - provavelmente a maior mentira que já contei.

— sim, claro. - ele sorriu.

beijou-me, um beijo rápido.

— não deu para sentir nada, joão. - ele pôs me uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— eu sei, eu sei, mas aqui não. - eu suspirei.

separamos-nos, cada um fez a sua vida, mas a minha vida sem joão não existia.
peguei em vários copos, e começei a bebe-los.

— tá tudo bem? - aquela voz não me era estranha.
virei me, era nuno, estava de terno, muito giro, podia admitir.

— ahm, sim, é só..- olho de relance e vejo joão a conversar de novo com aquela menina.
nuno olhou para onde eu estava a olhar, logo percebeu.

— já percebi. - ele deu um sorriso pequeno.
— queres ajuda com isso? - ele aproximou-se, fazendo me morder o lábio.

— define "ajudar". - cruzei os braços, olhei para joão que nos observava, sem a menina do seu lado, sozinho, com um copo de champanhe na mão, era a minha hora de lhe fazer o mesmo.

— podemos fingir que estamos a falar, qualquer cena do género. - ele sorriu e eu também.
ri-me, para parecer mais engraçada a conversa, logo a seguir ele.

— somos péssimos nisto. - ele disse e soltou uma última gargalhada.
sorri.

— ótimo, ele está a olhar. - eu disse e ele sorriu.

— ótimo. - esticou a mão.

pôs as sobrancelhas para cima.

— uma dança nunca matou ninguém. - ele sorriu.

dei lhe a mão e fomos para o meio daquela gente toda, dançamos, não estava preocupada com nada, apenas estava eu e nuno a dançar, não olhei para joão nem por um segundo, ele rodopiava me, eu ria- me tanto mas tanto.
quando a dança acabou tirei uma mola da minha mala e prendi o cabelo, sentando me numa cadeira, nuno puxou outra, tirou o casaco que tinha por cima da camisa branca e sentou se á minha frente, suspiramos, olhei de relance sem querer, e vejo os á gargalhada, a morena e joão.

— caga neles. - nuno entrelaçou a sua mão na minha.
olhei para sua face, ia me beijar, ele percebeu que não o podia fazer, então encostou as nossas testas.

— desculpa eu..- ia falar mas ele interrompeu me.

— eu sei, catarina. eu entendo, perfeitamente. - ele sorriu e eu também.

joão já não la estava, nem a morena.
onde é que eles tinham ido..

— hm, consegues acompanhar me até lá fora, quero ver uma coisa. - queria ver onde estava o carro, se ele ainda cá estava.

— claro, claro. - fomos os dois, caramba estava um frio de rapar.
tinha os braços cruzados, e nuno deu me o casaco que ele tinha.
olhei para ele.

— não é preciso, a sério. - ia tira lo, mas nuno não deixou.

— tás a precisar mais que eu. - ele disse e eu sorri.

virei me, onde joão tinha estacionado, o carro não estava lá, suspirei.

— queres que te leve a casa? - nuno questionou.

— tou te a pedir tantas coisas nuno, eu apanho um autocarro. - eu sorri.

— entra. - ele abriu a porta do carro.

— obrigada. a sério. - ele sorriu como estivesse a dizer um "de nada".

chegamos até á porta de casa.

— obrigada mais uma vez. - virei me para ele.
e ele para mim.
beijamo-nos, oh merda.
deixei me levar, a mão de nuno estava no meu maxilar, aprefundava o beijo, mas depois de voltar á terra, eu parei.

— desculpa. - ele disse.

— não, está tudo bem, foi os copos, podemos fingir que isto não aconteceu? - disse suspirando.

— sim, podemos. - ele disse numa voz fraca.

— obrigada. - saí do carro e vejo o carro a sair a toda a velocidade do mundo.
senti-a me tão mal, suspirei e entrei em casa.
nao avistava joão, até ouvir guinchos, que mais pareciam gemidos.
gemidos femeninos, que ecoavam por toda a casa, segundos depois ouvia-se um homem a arfar.
fechei os olhos, isto não pode estar a acontecer.
respirei 4 vezes antes de abrir a porta, não estava trancada, dava para ver na fechadura.
respirei mais uma vez e abri-a.
vejo a morena do casamento em baixo de joão, e joão e meter-lhe.
abano a cabeça.

— é a tua namorada? - ela disse olhando para mim, logo de seguida joão.

fechei a porta, subi as escadas todas, ainda chocada com o que via.
tranquei a minha porta e segundos depois oiço joão a bater á porta, liguei o Bluetooth do meu telemóvel para os fones, coloquei música no máximo, e sentei me no tapete.
não me saia lágrimas nenhumas, e se saissem eram uma ou duas, que borravam a minha maquilhagem.
joão arrombou a porta.
ia ter comigo, olhei para ele com um vazio em mim, um olhar de dor, um olhar de decepcao, tudo o que queiram chamar.
joão estava vestido pela parte de baixo, foi o que deu para vestir e vir ter comigo.
olhei em frente, para o armário.
ouvia a voz de joão mas não percebia nada do que dizia, porque tinha a música no máximo, não queria ouvir mais nada neste momento, muito menos dele.
quando oiço um estrondo, vejo que joão tinha deitado uma jarra especial para mim, a única coisa que tinha de lembrança da minha mãe, aí as minhas lágrimas começaram a escorrer.

— não, não, não, não, não.  - tentei juntar os pedaços partidos que estavam no chão.

joão estava em pé, não sabia como reagir.

— saí do meu quarto, agora. - gritei.

— descul- - dei lhe um estalo, e voltei a repetir para ele sair.

— saí do meu quarto, agora! - ví o a sair.

cai de joelhos no chão, a única lembrança que tinha da minha mãe, agora estava pardida em pedaços,
pelo homem que mais amei na minha vida.

o meu meio-irmão • joão nevesOnde histórias criam vida. Descubra agora