23.

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acordei com a luz do sol a bater me na cara, tentei me desviar mas a luz realmente era forte, bufei.
senti a presença de alguém no quarto, portanto virei me de imediato.
era joão, estava vestido e com as mãos colocadas na cintura.
estamos atrasados, ou melhor..
olhei para o relógio.
atrassadissimos.
destapo-me rapidamente.

— porque é que estás aqui? não tens carro? - disse a tentar escolher uma roupa pois não tinha nada preparado.

— dah, deixei-o na oficina, está com um problema á 5/6 dias. - como se eu soubesse disso.

— não falo contigo desde esse dia , não tinha como saber. - coloquei os brincos.

— pois. - ele disse encostado na parede.

calçei os sapatos e fomos até á porta que nos dava a saída de casa.

— não te esqueçes de nada? - perguntei com a mão na porta.

— perfume. - ele subiu e eu bufei.
vai ao treino para ficar todo suado e vai colocar perfume, sendo que estamos mais ou menos 45 minutos atrasados.
oiço as duas mil borrifadas que ele dá, ele pousou e voltou a descer as escadas, que perfume intenso.

abri a porta depois ambos saimos e eu tranquei-a.
abri o carro com o sensor, entramos e la fomos nós.
o caminho do seixal eram 15 minutos de carro, portanto estavamos bastante stressados.

— anda caralho! - gritei, porque o moço que estava á minha frente estava à 20 à hora, e nos aqui cheios de pressa.

joão estendeu o braço para tocar na buzina.
buzinou.
conseguimos então passar-lhe á frente.
estacionamos ao pé do benfica campus e fomos a pé na descida, joão foi-se equipar e eu fui me sentar no banco.

— até que enfim! - roger disse.

— desculpe, eu juro que não se volta a repetir. - disse com uma voz cansada.

— faltam 20 minutos para acabar o treino, tens noção?! - ele disse.
vejo joão a ajeitar a camisola e a entrar em campo, e logo de seguida a falar com os seus colegas.
logo troca de olhares comigo e volto a prestar atenção no que roger me está a transmitir.

— sim, tenho, mas foi sem querer, o alarme não tocou. - desculpei-me.

— se isto voltar a acontecer, és despedida. - ele avisou.

acenei com a cabeça e voltei ao meu lugar.
o resto do treino foi calmo, ninguém se lesionou, graças a deus.
joão ainda estava a falar com mister, fiz lhe sinal de que esperava lá fora e ele acenou com a cabeça, então fiquei á espera dele.
quando abre a porta, parece chateado.
não lhe pergunto o que mister lhe disse porque estou com medo de piorar a situação.

— vou ficar no banco amanhã. - ele é breve.

— o que?! - virei a cara toda para ele.

— podemos não falar disso? - ele ligou o carro e fez com que a sua mão apoia-se a sua cabeça, encostada ao vidro.

troquei de mudanças e fomos até casa, o caminho foi silencioso, mais nenhuma palavra foi trocada naquele carro.

pousei a minha mala, tirei o meu telemóvel, fui para o meu quarto despir-me, e vestir o pijama, desde ai não sai de casa.
joão saiu umas 2 vezes, mas não me importo onde vai.
desço para ir buscar o meu lanche.

— um senhor vem cá daqui a pouco,arranjar a porta. - ele disse e eu acenei com a cabeça, de novo.
ia levar o tabuleiro, mas joão impede-me, estou agora de costas para ele, ele tem um braço de um lado e de outro, estou encurralada.

— não vamos falar de ontem? - susurrou.

— não há nada para falar. - digo.

sinto o seu lábio a rochar no meu pescoço, estremeço.

— estavamos bebados, não o deviamos ter feito. - repeti a sua fala, virando me para ele.

— ainda nesse registo? fodasse meu. - ele olhou me nos olhos.

encolhi os ombros e cruzei os braços.

— não estavamos propriamente bêbados. - era verdade, só tinhamos dado 5 goles cada um, não era o suficiente.
engoli saliva, e o meu coração começou a bombear mais do que o normal.
descruzei os braços e bufei.
a mão dele entrou na manga do meu pijama percorrendo cada veia que tinha no braço. voltei a cruza-los.

— se estás assim tão tenso vai ter com a tua amiga, ela dá um jeito nisso. - agarrei no tabuleiro e tentei de novo subir as escadas.
o mesmo puxa me pelo braço, de novo.
mas desta vez para perto dele, consigo sentir o seu membro, está bem colado ao meu corpo.

— ela não és tu. - susurrou.

não sei o que dizer.
consegui me libertar.
foi direita ao meu quarto, joão abriu a porta e vieram os senhores, então fui obrigada a sair do quarto e fui para a mesma divisão que joão, na sala.
joão está no telemóvel, o silêncio rapidamente invadiu aquela divisão.

— não vais dizer nada, então? - ele desligou o ecrã do telemóvel.

— ah sim, vou sair com o nuno hoje, se me dás licença. - desliguei o telemóvel e dei-lhe um sorriso irónico antes de sair de lá.
oiço-o a bufar.
sorriu.

"já estou cá em baixo. ❤"
a mensagem de nuno aparece me no ecrã, já estou arranjada, sai pela porta da sala e joão não me impediu, por incrível que pareça.
foi até o carro de nuno, abri a porta e entrei em seu carro, foi um date diferente, ele levou me a vê lo jogar, pelos vistos jogava na equipa b do benfica, tirei foto e coloquei nos stories, pôs uma foto do benfica campus, a localização e mencionei-o, colocando um coração ao lado.

joao_neves87 respondeu á tua história: a sério? 😂

o meu telemóvel liga-se com a notificação de joão.

digito : "estás é cheio de ciúmes! 😚" .

volto a desligar o ecrã do telemóvel, estamos a jogar com o leiria, e continua 0-0.
nuno está a jogar bem, não sei se é habitual ou se é de eu estar aqui.

"ciúmes de um jogador da equipa b? querias tu, gata!"

"também já estiveste lá!"

"pois já mas eu tenho talento, ele não"

desliguei o telemóvel assim que ouvi alguém a gritar, mas não foi adeptos do benfica mas sim do leira.
estavamos em minutos finais então celebraram como se tivessem ganho o campeonato.
beijou me lá fora, um beijo rápido, estava chateado com a derrota e eu percebia, já não era a primeira vez, um gajo, presumo que fosse colega de nuno comprimentou-o.
era alto, magro, olhos castanhos.
fiquei á espera que a conversa terminasse, dentro do carro.

"ele é tão bom tão bom que acabou de perder com o leiria 😭"

joão mandou.
ignorei porque nuno entrou no carro, conduzi-o até casa.

— não foi o melhor jogo, prometo que te levo a ver melhores. - agarrou me na cintura e puxou me para um beijo.
um beijo de despedida.

— tá bem, adeus. - despedimo-nos e eu fui até casa.

— então, adoraste ver o nuno jogar, suponho. - joão disse.

não respondi.
tirei os sapatos e sentei me á frente dele, no sofá.

— por a caso adorei, sim. - provoquei.

ele ajeitou-se apoiando a mão na perna, estava próximo, muito próximo.
— foi? - disse.

— hmhm. - afastei-me para recuperar o ar.

o meu meio-irmão • joão nevesOnde histórias criam vida. Descubra agora