20.

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acordei e fui lavar a minha cara, nem se querer apetite tinha, então fiquei pelo meu quarto.
a porta estava arrombada, só estava eu e joão em casa.
estava tapada a ver televisão, uma tremenda seca, então ligo o meu telemóvel.
e deparo me numa notificação do instagram.
nunofeliix pediu para seguir você.
a minha cabeça foi direita a almofada, sorrindo. aceitei o pedido e começei-o a seguir também.

— estás livre? podemos sair tipo hoje? - a mensagem apareceu no meu ecrã.

— sim, estou livre, e sim podemos sair hoje, nem sabes o que aconteceu! - digitei e enviei.

— ok, consegues estar pronta daqui a 20/30 minutos? - ele enviou de volta.

— sim, consigo, até já! - digitei, sai do insta e liguei a carolina.

chamada on.

— tou! - disse.

— tou! o que queres? - ela disse.

— quero que me ajudes a escolher um outfit. - pousei os outfits na cama, segurando o telemóvel no ouvido.

— para que tipo de ocasião? - ela perguntou.

— para uma saída. - sorri.

— com..? - ela perguntou interessada.

— não é com o João, às coisas estão outra vez péssimas, é com um amigo dele. - disse.

— elah! qual amigo? diz me o nome! - ela disse empolgada.

— chama-se nuno félix. - eu sorri.

— AAAAAAAAAAAAAAAA! - ela gritou.

— fiquei sem tímpanos depois dessa. - ambos rimo-nos.

— leva um outfit assim bem simples, tipo aquelas calças de ganga clara, boca de sino, e uma sweat branca. beijinhos e muita merda, adoro-te! - e desligou.

suspirei, fui me vestir na casa de banho porque como a porta do meu quarto estava arrombada, então joão podia entrar a qualquer momento.

acabei de me vestir, joão bateu á porta mas não era para falar comigo, era para ir fazer as suas higienes, olhou me de cima a baixo, provavelmente perguntando onde é que eu ia, mas claro que não lhe ia responder.

— onde vais? - bingo.

não lhe respondi, apenas passei o meu gloss á frente do espelho.
quando acabou de lavar os dentes bochechou, limpou a boca, ia sair dali mas sinto um puxão muito forte no braço.

— o que é que tu tens a ver com isso? - encarei-o.

— vais ter com o nuno? - ele aumentou a voz.

— sim, vou, vou ter com o nuno, e não és tu que me vais impedir percebes, porque se tu podes foder aquela porca nojenta eu também tenho este direito. - libertei-me.

vejo o a bater na parede.
estremeci.

— porra! tu és uma vadia, é o que tu és! - bato-lhe na cara.
e saio de casa a chorar, nuno percebe e é o primeiro a sair do carro para me abraçar.

— então? - ele disse no abraço.

— é o joão, está descontrolado, muito descontrolado. - tremi.

— entra, e não saias. - ele abriu a porta do carro.

— nuno não vale a pena, isso passa-lhe, deve estar bêbado. - olhei para nuno e ele para mim.

ele entrou na outra parte e conduziu nos até ao ubbo.

— o que vamos fazer? - perguntei.

— podemos ir ao cinema, comprar roupa etc..- ele olhou para mim e eu sorri.

— não aguentarias mais de 4 horas em pé. - ele sorri.

— ah! isso é o que vamos ver. - nuno saiu do carro e eu também.

passamos mais ou menos 5 horas e meia no ubbo, levei muita roupa? não.
só quatro camisolas.

— 5 horas, e MEIA! - ele disse.

eu sorri.
levantei os ombros.

— nunca mais. - eu ri-me.

— eu avisei! - olhei para ele e ele para mim.

— o joão fez te alguma coisa? - ele disse ainda a olhar para mim.
tirei os olhos dele e coloquei-os na janela, suspirei.

— ele bateu na parede e chamou me de puta barra vadia. - olhei para as pessoas que passavam.

— que estúpido! - ele disse ligando o carro.
— queres que te leve a casa, ou..- voltei a olhar para ele.

— ou? - arqueei as sobrancelhas.

— ahm, não sei, não deves queres ver aquela cara daquele otário. - ele continuou a olhar para mim.

— e pretendes levar-me onde? - sorri.

— oh, porra, catarina, vai soar bué estranho. - ele mordeu o lábio olhando para o espelho e depois para mim, que tinha os braços cruzados.
— não sei, queres vir até a minha casa? - ele disse normalmente.

sorri a colocar o cinto, ele saiu do sitio onde estacionamos e fomos até á casa dele, morava no seixal portanto viemos a viagem toda a falar.

— tens irmãos, sem ser o João? - nuno perguntou.

— não, tenho um sobrinho. - disse a sorrir.

— tem que idade? - ele questionou.

— 8, 8 anos. - sorri.

— o joao conhece-o? - ele perguntou.

— não, nem pertendo que conheça. - o sorriso desapareceu.

— hm, compreendo, porque é que nunca estas com ele? - ele perguntou.

— ele mora longissimo, é raro estar com ele. - abri o vidro e depois fechei-o.

fez me festas na perna.

quando chegamos, tiramos os ténis e colocamos na entrada, tinha um tapete mesmo a dizer : "por favor, tire os sapatos, antes de entrar nesta casa." , ri-me.

nuno tinha um cão, que veio logo aos saltos a ladrar.

— espero que não tenhas alergias. - ele fez uma festa no seu cão.

— não, não tenho. - deixei que ele me cheira-se e depois fiz lhe uma festa, ele foi buscar um brinquedo, pedi-lhe que me desse, ele deu, e eu atirei-o, não para muito longe, para não estragar nada.

ele foi buscar e voltei a atirar.

— já estou mesmo a ver, vais lhe dar mais atenção que a mim. - ele disse bebendo o resto da água que estava a beber.

— para! é um sonho da catarina de 9 anos. - continuei a fazer lhe festas.

— peço imensa desculpa! - disse ele com ironia.

revirei os olhos.

João neves pov'

entrei no quarto de catarina, vi aquela jarra, estava partida, mas continuava em cima da móbilia, acho que era importante para ela, porque se não, não estaria ali.
agarrei em todos os pedaços e levei para a cozinha, com cola quente, colei para que ficasse como novo.
não ficou como novo mas eu dei o meu melhor, a verdade é que estava bêbado e não lhe queria dizer nada daquilo que disse, agarrei num papel e escrevi: "presumi que fosse importante para ti. joão. :)"
aquilo não ia consertar nada, como é óbvio, mas se era importante para ela, eu consertei, ou melhor, tentei.

o meu meio-irmão • joão nevesOnde histórias criam vida. Descubra agora