Enfermo

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Uma ligação tarde da noite nunca era bom. Jimin sabia, sentia, não era sua mãe ligando preocupada porque demorou tanto na rua. Ela mandaria uma mensagem, sabia que o filho odiava ligações e só as atendia quando era uma emergência. Como agora.

— Mamãe?— Chamou pelo apelido carinhoso sob o olhar atento de Jungkook, o empresário sentiu que o tom de voz do ruivo não estava normal— Por favor mãe, repete devagar, o pai o quê?

Amor, perdoa a mãe por atrapalhar vocêo barulho de sirene de ambulância não escondeu os fungados e soluços discretos— avisando que vou levar seu pai pro médico, bom?

Mãe, onde? Eu tô indo... hospital Wooridul, certo?

Eu não queria pedir, mas vem meu filho.

Jimin estava estático, as informações embaralhadas em sua cabeça quase como se não conseguisse focar em um assunto só. Seu pai estava sendo levado de ambulância para o hospital com uma provável piora do seu estado de saúde já muito grave, como pagaria o hospital?

— Goo— Passou as mãos no rosto frustrado, sem conseguir olhar para Jungkook. O moreno abraçou o corpo menor que o seu com força, sem entender direito a situação, só queria ajudar— Meu pai tá mal do câncer.

— Ele que tá no Wooridul?— Não foi difícil pensar no óbvio, só queria ter certeza— Vamos pra lá.

— Eu não sei nem que ônibus vai lá— Tentou contar suas moedas com as mãos trêmulas demais.

Jungkook tocou as mãos com carinho, impedindo que ele continuasse a se desesperar quanto tão claramente podia ajuda-lo, sabia que a família não teria condições de pagar um tratamento caro, que era o que o pai deveria precisar, e ele, que tinha condições de comprar uma rede inteira de hospitais, pagaria a quantia que for, mesmo que pra isso tivesse que revelar a verdade.

— Vou chamar alguém, calma coração— Discou o número do seu motorista particular, quase nunca recorria a ele, sua mãe era quem mais precisava dos serviços, já que Junghyun tinha o seu próprio— Alô? Senhor Kang, vou te enviar a localização e espero agilidade— Jimin o olhava de maneira analítica, um pouco julgador pela falta de agradecimento.

— Quem era?

— Depois eu te explico Ji, te juro— Acariciou as costas tensas do ruivo, que parecia com frio. Tirou o casaco fino que cobria sua blusa de mangas curtas e jogou sobre os ombros estreitos.

Alguns minutos depois o carro de luxo estacionou na esquina do espetinho. Jungkook puxou delicadamente o pulso de Jimin para que caminhassem em direção ao veículo, Jimin não entendia a situação, mas sua mente estava tão longe dali que ao menos questionou ao se sentar no banco de couro ao lado do empresário.

— Senhor Jeon— O motorista cumprimentou com um aceno— Onde vamos?

— Wooridul.

Jimin balançava os ombros em soluços curtos enquanto chorava baixinho. Park Siwoo não poderia ter sido um pai melhor para Jimin, suas atitudes iam desde arrancar dentinhos de leite e deixar um pouco de dinheiro debaixo do travesseiro para faze-lo acreditar na fada do dente — dinheiro esse que faria falta pra si— até brigar na escola para defender seu único filho da homofobia do lugar. Esse era o homem que estava morrendo no hospital, não era apenas o pai, era o melhor amigo, era o herói de Jimin.

— Ele não merece— Limpou a coriza que escorria com as costas da mão, quebrando o silêncio desconfortável do lugar— Ele não pode morrer Goo, ele não...

O que eu não faria por Park Jimin?Onde histórias criam vida. Descubra agora