Foi quase...

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Estar em uma rotina com Jimin me fazia questionar o porquê algumas pessoas não gostavam de uma rotina. Tudo que mais escutava era como o ponto alto da vida de alguns homens era uma noite de sexo fora do relacionamento, eu sempre achei doentio mesmo tendo a moral meio duvidosa antigamente (um mês atrás)

Acordar com ele entre meus braços me fazia constantemente beliscar minha própria pele porque era parecido demais com um sonho para ser real. Bom, mesmo que hoje eu tivesse acordado quase de madrugada com o barulho irritante do robô de limpeza aspirando debaixo da minha cama aquela manhã ainda era perfeita para mim, afinal o cheiro de Jequiti ainda está em meus lençóis como a confirmação sensorial que eu não inventei o filho da Afrodite enquanto dormia.

Era ele, claro que era. Minha mãe estava em outro distrito degustando vinhos caros com seu marido de estimação e minhas empregadas não tinham autorização de me acordar. Então quem mais cantaria uma música estrangeira as seis e meia da manhã de uma terça feira enquanto arruma meu quarto?

— Não fique aí pensando que é carro de família, na minha doblô eu boto é sete mina— Ele cantava agachado catando papéis de salgadinho. Perto da cama duas sacolas de lixo me indicaram que meu Ji estava acordada a um tempinho.

Céus, que vergonha. Meu quarto sempre foi desorganizado mas agora estava como um pandemônio. Era o último lugar no mundo que eu queria apresentar a meu ruivinho.

No meio da minha hipnose em encarar minha sereia, eu não percebi que Jimin havia parado de cantar e arrumar minha zona e começou a me encarar de volta, com o sorriso que eu moveria céus e terras para manter. Ver ele ali limpando me fez imaginar se ele não usaria uma roupinha de empregada, na brotheragem.

— Que bom que acordou meu moreno— Disse se aproximando com um pano de prato nos ombros e não entendi já que tínhamos máquina de lavar louça. Era mais um daqueles costumes irremediáveis de pobre— Agora vai se arrumar que você marcou uma reunião com aquela mulher árabe.

Me joguei nas cobertas com os braços estendidos na direção dele de modo dramático, no momento eu não sei quantos bens eu abriria mão só para poder faltar o trabalho e ficar ali de chamego com ele.

— Ela que se lasque.

— Jungkook!— Colocou as mãos na cinturinha e me olhou com aquele rostinho marrento— A mulher pegou um voo internacional só para te apresentar um projeto e você aceitou.

— Pois é, estava doido ontem— Murmurei cansado só de pensar em ter que esforçar meu cérebro pra entender esse idioma— Bom que ela faz turismo, a torre de Seul é linda.

Arranquei umas risadinhas dele, mas nem isso foi o bastante para evitar ser obrigado a tomar um banho frio e vestir um dos meus ternos sem graça que escondia minhas tatuagens e músculos e me deixava parecido com um cara entediante qualquer. Coloquei a gravata no colarinho e pedi que Jimin me ajudasse já que não sabia fazer isso.

— E quem geralmente faz isso por você?— Me pegou na mentira. Então para não perder o resto de dignidade apenas dei um nó mais ou menos.

— Você cortou meu barato— Revirei os olhos de brincadeira, me sentando na cama desarrumada para colocar os sapatos sociais que escolhi do meu closet de sapatos— Queria que você fizesse o nó da gravata igual nos filmes e depois me beijasse.

— Você escovou os dentes? Só tomou um banhozinho que eu sei— Era verdade, um hábito meio anti higiênico que eu tenho é o de escovar apenas depois do café, e ele simplesmente não beijava minha boquinha bafenta— Vamos tomar café que Rosa caprichou hoje.

Dona Rosa era muito gentil mesmo, tento sempre aumentar o salário dela como forma de reconhecimento, então mesmo trabalhando como empregada, seu salário é tão alto quanto o de Sana, minha secretária que por sua vez já é consideravelmente maior do que o de outras pessoas em sua função. Essa é a forma que tenho de demonstrar que me importo mesmo minimamente com alguém.

O que eu não faria por Park Jimin?Onde histórias criam vida. Descubra agora