O que eu não faria por Park Jimin?

Jantar em Família

Tem momentos na vida que você conscientemente deseja ter mais dinheiro. Comigo eram raros esses momentos, e quase todos voltados a minha vontade enorme de dar o melhor tratamento possível não só ao meu pai, mas também a minha mãe. Odeio ve-la usando vestidos remendados e velhos quando sei que ela ama roupas novas, mas o que posso fazer? Já trabalho em todo período do dia para bancar medicações caras, fraldas boas, tem a energia que vem cara a água, o gás, comida. Roupa boa é luxo.

Só que hoje em especial eu gostaria de um dinheirinho a mais pra comprar comida gostosa pro Kook. A despensa tem o básico para um jantar simples, e eu sei que ele é acostumado com isso mas eu queria tanto impressionar ele. Sei que com comida não vai ser, então vai pela única coisa que eu sei que tenho de bom, minha aparência.

Meu celular está em minhas mãos no momento, discando o número do meu melhor amigo pela sexta vez no dia. Ele nem me cumprimenta mais só atende e me escuta surtar por horas a respeito do meu jantar de hoje a noite. Pedi folga ao meu patrão, já vou me demitir mesmo, então nem me preocupo muito.

- Qual é Jimin?- Me xinga antes que eu ao menos peça conselho sobre qual piercing usar- Tô indo aí, seu maluco.

Meia hora depois o meu amigo grita no portão de casa, carregando em seus braços algumas sacolas e uma mochila grande nas costas. Tae nem me espera chama-lo pra entrar, simplesmente passa por mim indo direto ao quarto do meus pais, onde Sora e Siwoo, que recém chegou do hospital, estão deitados assistindo um filme qualquer na televisão.

Eu não estou tão perto a ponto de ver o rosto dele, mas posso sentir que ele chora, ele sempre chora vendo meu pai de volta de alguma internação. É tão linda essa amizade, são como pai e filho mesmo. Não me importo que ele nem falou comigo ainda, como poderia me importar quando o vejo abraçando meu pai e beijando sua cabeça careca com tanto amor?

- A próxima vez que o senhor se internar e não me avisarem eu vou jogar ovo na porta da casa- Soltou meu pai e deu a volta na cama para agora envolver minha mãe em seus braços- Ovo podre.

- Credo Taehyung, ele não vai mais internar- Sora estapeou a bunda reta do meu amigo, fazendo ele dar um pulinho no lugar- Tá fazendo o que aqui?

- Mochi deu um ataque de pelanca por causa do jantar, e como um best bacana que sou, vim ajudar.

Ele ficaria por horas contando de sua vida para meus pais, então assim que o assunto passou do seu cachorro peludo que começou a comer o próprio cocô para uma espinha que nasceu perto do mamilo eu o puxei pelo braço, já prevendo a cena que ele faria.

- Não deixa essa tanajura sequestradora me levar- Ele esticou o outro braço para minha mãe segurar enquanto eu o arrastava para o quarto, era sempre assim e eles riam toda vez- Deixnado claro que eu amo só vocês.

- Vem logo seu maluco.

Ele voltou ao normal, ou o mais próximo de normal que ele podia e foi na minha frente até o lugar que ele conhecia muito bem. As sacolas já estavam em cima da cama, levei enquanto ele monopolizava meus pais. Eu abri a sacola sem dar muita importância, ele não tinha privacidade na minha casa, nem eu tinha. Tive noção disso quando vi meu melhor amigo xeretar minha gaveta de cueca. Seus cabelos estavam azuis agora, e eu percebi que ele estava esperando um elogio. Ele estava lindo demais.

- Tá parecendo uma caneta bic- Disse sorrindo. Tirando da sacola as roupas bonitas que meu amigo ia me emprestar.

- Cala boca ob usado- Revirou os olhos irritado, jogando uma cueca preta sem furos no meu rosto- Liga pro seu gostoso aí.

- Pra que?- Questionei, mas já obedecendo, discando o número do Kook esperando sua resposta antes de clicar no ícone verde de chamar.

- Você disse que ele tem um irmãozinho, não foi?- Pergutou de maneira retórica, mesmo assim asssenti, respondendo a mensagem da minha mãe, ela avisou que estava começando a janta. Ela estava a alguns passos de distância, mas tudo bem- Então chama ele.