De que safra é Cantina da Serra?

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Minhas bochechas doíam de rir das histórias de Jimin no colégio. Minhas vivências eram tão chatas que eu nem o contava. Apenas ouvia sobre quando ele colocou  um monte de pacote de suco Tang na caixa d'água da escola, gastou todo seu dinheiro e o do Tae com isso mas segundo ele compensou demais tomar suco no bebedouro o dia todo. Bom, foi meio chato escovar os dentes com água sabor uva mas ele jura que riu. Parecia divertido, então enquanto caminhávamos em direção ao ponto, apenas ouvia e tentava emergir nessas memórias bonitas junto com ele.

— Sério mesmo, depois disso ela nunca mais me chamou de tia turbina— Riu alto, se referindo ao personagem popozudo de um filme.

— Que peste hein? Acho que se eu não tivesse sido tão pressionado eu seria desse jeitinho— Comentei, afinal mesmo antes de concluir o ensino médio meu pai me obrigou a fazer um curso de empreendedorismo, segundo ele com vinte anos eu teria que estar pronto para qualquer coisa— Agora diz aí, você sabe que eu limpo a bunda com dinheiro, coração. Porque vamos de ônibus?

— Porque você que limpa— Deu de ombros todo bonitinho enquanto me respondia— Eu ainda limpo com papel, ainda do mais barato que parece uma lixa de parede.

— Me fala um A que eu te banco pro resto da sua vida com todo luxo que você merece— Disse sério, mas o ruivinho apenas riu da minha cara.

O ônibus se aproximou e minha Afrodite particular deu o sinal, apenas mexeu a mão de uma maneira estranhamente atraente. Eu já estava me habituando a ser um pobre de respeito, então dessa vez apenas passei pela catraca e sentei no banco, já que dessa vez estava vazio. Ji pagou nossas passagens e pagaria o X-tudo. Me sentia a própria sugar baby.

—  Daddy me dá umas palmadas—  Acabei brincando um pouco alto demais, tanto que uma velhinha num banco perto fez o sinal da cruz. Jimin estava com diferentes tons de vermelho na bochecha e uma cara de quem queria realmente me dar umas palmadas.

— Que merda é essa seu doido?— Sussurrou no meu ouvido, provavelmente duvidando de minhas capacidades mentais.

— Desculpa Ji, é só que você tá todo gostoso me bancando...— Dei de ombros meio envergonhado, então tentei mudar o assunto— Você não estava me contando da vez que o Tae colocou espuma de colchão pra parecer que tinha bunda?

Ele sorriu, logo emendando o assunto que novamente me fazia sorrir que nem um bobo. Meu Coração também ria horrores, já que não era com ele o problema da falta de comissão traseira. Se ele não fosse tão falido, eu ia pensar que seu bumbum era um silicone muito dos bem feitos, e aquela boca? Minha mãe pensa que eu não vi ela tirando foto escondida da boca do Jimin pra levar pra esteticista dela fazer igual. Ô velha invejosa.

Ele ia conversando comigo, me envolvendo em suas histórias, me fazendo rir. Eu não sabia que esse sentimento era de verdade, pensei que era o capitalismo agindo para vender presente no dia dos namorados, mas aqui estou como testemunha de que é real, As borboletas existem, as mãos suam, o pensamento não afasta, é de verdade e é lindo.

Mas como nem tudo são flores o ônibus parou no ponto final, nós nem vimos o tempo passar e agora estávamos em frente ao motorista que queria nos expulsar dali pra voltar para a garagem.

— Vocês tem que sair— O cara pançudo falou com uma carranca, apontando para a porta.

— Mas a gente nem sabe onde tá— Jimin se desesperou, olhando pela janela apenas pra ver um matagal com um poste de ponto de ônibus.

— Que pena, né? Agora saiam.

— Olha, vamos resolver isso do meu jeito tá coração?— Pisquei o olho para o Jimin— Quanto você quer pra nos le...

O que eu não faria por Park Jimin?Onde histórias criam vida. Descubra agora