twenty three, she's here

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2 0 2 3, december.

Soobin cai de joelhos na calçada, em frente ao prédio totalmente destruído pelo fogo. Seus soluços já eram alto o bastante para alguém escutar, porém não conseguia parar.

Lia morreu. A única garota que teve certeza amar, depois de tanto tempo. Ela se foi, completamente. Sua Lia, a loirinha assustada que conheceu no apartamento abandonado, não existia mais. E nem o apartamento.

Seus olhos estavam tão cheios de lágrimas, que não viu o identificador. Apenas atendeu.

── Filho? Está bem? ── era sua mãe. ── Fiquei sabendo do incêndio, sinto muito, meu amor.

─ Mãe... ── seus olhos ficaram embaçados, não poderia fingir estar bem. ── Estou vivo, mas... Ryu continua inconsciente. ── se forçou a falar pelo menos isso. Escutou um grito de desespero do outro lado da linha.

── Venham para nossa casa. ── Soobin ia protestar, porém a senhora o interrompeu. ── É só por um tempo. Só até conseguir outro lugar para ficar.

─ Tudo bem. ── Não tinha forças para contrariar ela. ── Vou pegar um uber. Preciso desligar. Até depois, mãe. ── cada vez mais estava difícil de disfarçar sua voz chorosa.

── Ta bom, meu filho. Cuide de sua irmã, Soobin. ── e desligou.

Abraçou os próprios joelhos, se sentindo a pessoa mais solitária do mundo. Parecia que seus pulmões iam desaparecer. Sentia saudades dos sorrisos calorosos de Jisu.

Por quê? Era só o que Soobin se perguntava. Por que isso foi acontecer justo com eles? Com ela? Se sentia inútil por não ter feito nada. Por ter saído do lado dela ao receber uma rejeição.

Cansado de pensar nisso, limpou o rosto na camiseta e caminhou em direção da sua irmã.

── Soobin? ── a voz de Ryujin se fez presente.

── Ryu, finalmente! ── ela ainda tinha sua cabeça deitada no desconhecido.

── Minha cabeça 'tá doendo. Onde está Lia? ── travou. ── E quem é você? ── questionou, baixinho ao olhar o garoto a segurando.

── Beomgyu. Eu que te ajudei a sair do prédio. Claro, com a ajuda da menina loira. ── ele lançou um sorriso confortável.

── Lia. ── Ryujin sorriu. Soobin estava quieto, não mexia nenhum músculo. ── Onde está ela, SooSoo? ── pela primeira vez, aquele apelido não o incomodou. Trouxe conforto.

── Ela... morreu. ── sua voz saiu num sussurro. Ryujin levantou em um pulo do colo do rapaz.

── Como assim ela morreu? ── lentamente, lágrimas caíram de sua pele pálida. ── Soobin, diz que não é verdade. Por favor. ── quase implorou.

Ryujin não conhecia direito a loira, porém adorava ela. E desejava ter a amizade de Jisu. Mas, então, isso aconteceu.

── Não, não, não, não! ── falou, depressa. ── Diz, Soobin! Diz que ela está viva! ── sua voz falhou.

── Me desculpa. ── Soobin não aguentou, e desabou. Ryujin quase caiu com a pressão, porém foi parada por Beomgyu.

── Você 'tá bem? ── o jovem perguntou, a segurando.

── 'To meio tonta. ── disse, passando a mão na cabeça.

── Mamãe pediu para ficarmos na casa dela. Temos que ir, Ryu. ── Soobin falou, cauteloso, com medo da irmã explodir. Porém, ela apenas concordou, estava muito cansada. ── Obrigado por cuidar da Ryujin, Beomgyu.

── Sempre que precisar. ── piscou.

[•••]

Deitou a cabeça da irmã em seu ombro, e chorou baixinho. O motorista do uber as vezes olhava pelo retrovisor, mas não interveio ou perguntou o porque de estar chorando.

Assim que chegaram na casa dos pais, foram diretamente ao único quarto sobrando. O que dividiam quando crianças.

Colocou delicadamente, Ryujin na cama, que já estava dormindo. Deitou-se também, tentando dormir.

Virava de um lado, para o outro. Porém, a insônia não o deixava descansar. Só pensava em Lia.

Então, fez o que seria mais coerente. Chorou até pegar no sono.

Nem percebeu quando amanheceu. Já era três da tarde, nunca havia dormido tanto. Sua mãe nem ousou acordá-lo. Entretanto, Ryujin acordou cedo para que ocupasse sua mente com algo que não seja o incêndio.

Soobin lentamente abriu seus olhos, tentando se acostumar com a luz forte da janela. Quando o fez, não pôde acreditar no que estava acontecendo.

── Como... ── O Choi murmurou vendo Lia em sua frente. ── Isso deve ser um sonho. ── esfregou os olhos, várias vezes.

Sentiu os braço da garota o rodiarem, apertando. Assim que tocou nela, o choro voltou.

── Não, não é um sonho, Bin. ── rla soluçou. ── Eu estava morrendo de saudades. ── acariciou seus cabelos.

── Achei que tinha morrido. ── Soobin tentou não falhar a voz, o que não funcionou.

── Não vai se livrar de mim tão cedo, viu? ── Jisu brincou, o fazendo rir.

── Fiquei com tanto medo, Lilu.

[•••]

Yuna estava super, hiper, mega concentrada nos preparativos para a cerimônia de Yeji, que seria nomeada anja superior em apenas alguns dias.

Pensava em mil coisas, quando reparou uma silhueta ao seu lado.

── Kai, não posso conversar agora. Estou mega ocupada. ── justificou-se, anotando algo em sua prancheta.

── Posso pelo menos ficar aqui? ── perguntou, inocentemente.

── Pode. Só não atrapalha. ── Óbvio que Yuna não falou por mal. Estava apenas nervosa.

Os cabelos da Shin voavam com um vento inexplicável, mostrando seus traços perfeitos. Com certeza, é a anja mais bonita que Huening havia visto.

── Você fica fofa concentrada. ── disse, antes que seu cérebro assimilasse o que estava dizendo. Arregalou os olhos na mesma hora e Yuna corou, violentamente.

── É... obrigada? ── agradeceu, sem graça.

unusual christmas, sooliaOnde histórias criam vida. Descubra agora