A técnica perfeita

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Alsel Qiang



Quase um ano já se passou.


Os treinamentos com a Raely foram um pouco bagunçados, ela ainda não atingiu força física o suficiente e nem capacidade intelectual desenvolvida, desse modo, reprovou em ambos os testes, quando a inscrevi para o torneio de 2020. No que será que estou falhando? O que falta? Passo o dia inteiro trancado no quarto analisando e buscando novas alternativas, gasto quase 10 folhas traçando alguma estratégia, fazendo uma lista e alguns fluxogramas simples.



Me recordo da festa de aniversário que fizemos para ela em 10 de maio. A felicidade dela me motivou a não desistir de aperfeiçoá-la, aquela garota tem potencial para ser muito mais forte que eu futuramente. Eu devo continuar acreditando nisso, ela será capaz de vencer o torneio antes de sua mãe perecer. Espero que isso também nunca ocorra, não quero ver a jovem se afogando em lástimas como eu passei.



Raely está aflita, portanto.


Não apenas em relação ao seu desempenho, ou em seu principal objetivo, mas também porque, quando voltaram para Niara matar as saudades do lugar, a mesma não viu mais seu amigo, o garoto e o pai mudaram de cidade e não conseguiram entrar em contato com elas. Eu sinto muito Raely, também já tive amigos que escolhi deixá-los para trás, focando apenas em minha vingança... É o preço que pagamos por seguir nossos sonhos.



No meio daquela fuga de pensamentos, encontro a resposta que eu queria. É óbvio, ainda não ensinei o necessário! Ela só fez corridas, exercícios básicos de musculatura e esteve estudando o máximo possível na escola. Falta uma técnica, falta uma espécie de batalha que combine com ela. Eu, no entanto, não devo repassar a ela os ensinamentos da tradição Qiang, ela não é uma descendente. A regra é bem clara, está escrita no livro que minha mãe me deixou.



Mas quais técnicas?


Se eu não puder repassar as minhas para elas? O que farei? Então suponho que talvez Aloana tenha a resposta para isso. No fim da tarde, a encontro colhendo cerejas em um pequeno pomar:



- Senhora Aloana, me desculpe atrapalhá-la.



- Hum? Está tudo bem. - sorri ela, gentilmente, segurando a cesta.



- Eu preciso de uma informação importante a respeito de sua identidade.



- Identidade? Está falando do meu documento civil?



- Não, eu digo em relação a sua origem. De onde vieram seus antepassados? Sabe me responder?



Confusa, ela não me questiona o motivo da pergunta, mas diz que não tem muita certeza e o pouco que sabe foi o que sua avó lhe contara quando bem pequena. Após escutar a longa história de Aloana, sorrio como se uma lâmpada aparecesse em minha cabeça.



- Muito obrigada! Usarei tais informações para abordar uma nova técnica de luta para sua filha.



- Por nada! Espero ter ajudado.



Preciso me treinar para treiná-la.


Eu nunca pratiquei este tipo de luta antes, devo estudar mais e ter domínio sobre tal. Um mês foi o suficiente para que eu me aperfeiçoasse, embora eu não seja o melhor mestre para tais técnicas, talvez eu pudesse mesclar com o que já conheço. Vai ser incrível! Isso vai combinar com a personalidade e talentos da jovem.



- Raely! - a chamo quando encontro treinando boxe com Guilherme.



Raely o está fazendo de saco de pancadas, o garoto aparenta estar completamente exausto e ainda recebe um mata leão dela. Ao me verem, param o duelo, Guilherme deita no chão e Raely se aproxima nervosa:

The Last GardenOnde histórias criam vida. Descubra agora