Será um adeus?

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Raely Helena



Nesta manhã, Alsel me conta o que Manoel havia lhe respondido. O homem deu o dinheiro simplesmente por me admirar em combate. Eu sei que meu mestre não quer me contar a verdade, ele está escondendo alguma coisa, eu tenho certeza de que este não é o único motivo por um presente tão caro. Não vou questionar, talvez esteja me escondendo pelo meu próprio bem, ou talvez a verdade seja tão insignificante ao ponto de ignorá-la.



Cayo aparece nesta tarde, pensei que ele jamais viria. Loren e Alsel também estão aqui comigo, neste quarto. O peruano traz uma flauta, que segundo ele, pertence a cultura de seu país. Com ela, começa a tocar uma música ancestral indígena, o som é muito lindo, sinto como se eu estivesse em um ambiente característico, caminhando pela cordilheira dos andes com uma lhama ao meu lado. Ter contato com pessoas de diferentes lugares, abriu minha imaginação para diversas paisagens e cenários.



Cayo se cansa de tocar, ele senta na cadeira ao lado, tirando Loren do lugar. Sorrindo, gesticula com as mãos enquanto conversa:



- No fim das contas, Dantalion teve o que merecia. Deixou você e a Nathalia impossibilitadas de caminhar e levou um puñetazo bonito do Josue. Acho que chamá-lo de máquina da morte agora é inconveniente, ele disse que nunca mais vai usar aquela armadura.



- O que é puñetazo? - Loren pergunta. - Eu sei muito pouco de espanhol.



- Soco. Es cuándo golpeas a alguien.



- Ah sim. Algumas coisas no seu idioma soam engraçadas para mim.



- Tipo, se eu disser que Raely está embarazada?



Embaraçada? Será meu cabelo? Se bem que faz dias que não o penteio. Deve estar todo arregaçado.



- Eu já sei o que significa! - exclamo sorrindo. - É quando a pessoa não penteia o cabelo?



- Não. Não tem nada a ver com isso.



- Então significa que a pessoa está debilitada? - Tenta Loren.



- Também não.



Eu não acertei, nem Loren conseguiu. Encaro Alsel, que está encostado na parede no canto do quarto. Ele nos observa com uma cara de quem está nos chamando de idiotas. Se aproxima e responde:



- É um falso cognato. "Embarazada" em espanhol não é como "embaraçada" em português. Esta palavra significa "grávida".



- O quê? A Raely está grávida?! - Loren se espanta.



- Não, seu jumento. Eu só usei como exemplo. - Cayo ri de sua reação.



Até eu ficaria assustada se isso fosse verdade. Como assim estou grávida e nem estou sabendo? Quem teria me engravidado então? Seria muito estranho...



O médico entra no quarto para avisar que o tempo da visita acabou. Que sem graça, o tempo é curto demais. Eu só tenho meia hora do meu dia para ver alguém, excluindo Alsel, ele praticamente está morando aqui no Hospital. Cayo se levanta e pega em minha mão, essa é a nossa despedida. Ele voltará para sua cidade, ou talvez se conseguir, até retorne para o Peru. Eu nunca mais o verei? Foi tão bom conhecê-lo... As melhores pessoas poderiam continuar para sempre em nossas vidas. Por que a distância tende a ser tão cruel conosco?



- Sou grato por tê-la conhecido! Eu fico muito feliz que tenha saído com vida daquele torneio. Infelizmente não vou estar aqui para te ajudar a conseguir dinheiro para salvar sua mãe. - Ah, é mesmo, ele ainda não sabe sobre aquela maleta. - Mas eu espero que vença essa luta, ao menos essa. Eu tenho certeza de que quando nos reencontramos, a dona Aloana estará mais viva do que nunca!

The Last GardenOnde histórias criam vida. Descubra agora