Alsel Qiang
O resultado de um exame que peguei recentemente, me deixou preocupado. Faltam apenas 5 meses para a inscrição do torneio deste ano, Raely conseguiu se aperfeiçoar bastante nas quatro técnicas da Capoeira que a ensinei, mais adiante quem sabe, após o torneio, eu a ensine muito mais do que isso. Eu preciso conversar sobre um assunto sério com ela, então me encontro com a jovem naquela colina de sempre. Se tornou o lugar favorito dela, todo final do dia a vejo meditar aqui.
- Mestre! - sorri ela se levantando do chão, com os longos cabelos amarrados em um rabo de cavalo.
Coincidência, também estou assim.
- Você prefere me chamar assim? Faz eu parecer muito velho, haha.
- Se preferir posso chamá-lo de ursinho carinhoso. É o novo apelido que Maya deu para você, hehehehe.
- Não. Melhor de mestre mesmo. - rio da audácia da velha, ela chama disso somente quando estou distante. - Eu preciso te contar uma coisa importante. - retomo o olhar sério. - Vou te ensinar ao menos duas técnicas da família Qiang, por enquanto.
- Como? Mas... Você disse que não poderia, que só pertence a...
- Sim, eu sei... - suspiro fundo. - Somente a descendentes de tal. Eu não poderia quebrar a regra, eu deveria repassar as técnicas para ao menos algum parente. Acontece que todos os mais próximos de minha origem, sumiram do mapa, não faço e nem pretendo fazer ideia de sua existência. Quando minha mãe morreu, ninguém veio me visitar, ninguém sequer se preocupou conosco. Esqueceram minha mãe completamente, não são dignos de receber a tradição!
Sinto a raiva encher meu coração, eu os odeio mais que tudo, mais até que a própria pessoa que matou minha mãe. São uns inglórios, desprezíveis.
- Entendo... - diz Raely cabisbaixa. - Mas você pode ter um filho. Até ele completar 10 anos, já pode ser treinado, não?
- Não. Infelizmente não.
Namorar, casar, viver com uma mulher, não fazem parte dos meus planos. Na verdade, essa é a menor das preocupações. Existem tantas outras formas de criar um filho: inseminação artificial, barriga de aluguel... Seu ao menos eu pudesse...
- Sou infértil.
Raely pisca os olhos duas vezes seguidas.
Eu sei que ela já sabe o significado disso, por isso a encontro triste. Na real, nem eu estou triste por mim mesmo, acontece, a vida é assim. Minha missão agora é ensinar à Raely, meus conhecimentos e tradições, se assim ela desejar. Caso contrário, estarei cavando eu mesmo, a cova da minha própria família.
- Entendi... mas... Você gostaria de ser pai?
- Não me vem ao caso agora. Nem idade direito tenho para isso, ainda sou muito jovem. Talvez eu adote alguma criança após meus 30 anos, talvez eu vá morar com alguém algum dia, entretanto, vamos focar no que realmente interessa. Vou lhe ensinar a dança das ilusões "Jianzha" e a corrida da velocidade da luz "Zuidá Sudu". Ambas serão suficientes para seus duelos na arena. Talvez você não consiga dominá-las bem, porque eu demorei 2 anos para isso, mas já irão lhe ajudar bastante.
- Tá bom! Vou praticar muito! Prometo dar o meu melhor!
...
Agora nos restam apenas uma semana antes da inscrição.
Raely se preparou bastante para o teste. Consegui com alguns contatos, informações sigilosas sobre como seriam feitas as provas deste ano: nada diferente das anteriores. Me parece que a média caiu apenas 5% por cento, então quer dizer que o nível dos candidatos também é menor que do ano passado. Se Raely sair bem nesse teste, o que com certeza acontecerá, ela pode pegar lutadores mais fáceis. Isso é ótimo!
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The Last Garden
Teen FictionRaely é uma jovem sonhadora, animada e divertida, que almeja mais do que tudo, salvar sua mãe de uma doença terminal. Para isso ela encara um torneio perigoso ao lado de seu amigo Loren, um garoto rejeitado pela própria família, tímido e que deseja...