Alsel Qiang
Faz um pouco mais de uma semana que Raely veio para o hospital. Nathalia aparece no corredor, exatamente no momento que eu entrarei no quarto para falar com a garota. A cumprimento com uma reverência, ela fecha a cara, quer cruzar os braços, mas ainda está me muleta. Grande coincidência, as três jovens saírem do torneio com alguma perna inutilizada.
— Você também, me chame apenas de Nathalia, nada de alteza ou madame.
— Como desejar.
— Aliás, qual o seu nome mesmo? É Atreus?
— Alsel.
— Seria mais bonito se fosse Atreus. — desdenha, se aproximando e abrindo a porta do quarto.
Entramos nós dois, Raely está sentada comendo uma sopa fria. Ela faz uma careta de nojo, está odiando o que come, mas um prato quente agora faria muito mal para sua gengiva, que ainda está cicatrizando.
— Nathalia? — A mesma se assusta, não estava esperando sua visita.
Será que eu deixo as duas sozinhas?
Os médicos querem cortar o número de visitas por dia, então tenho que aproveitar esta hora. Infelizmente, elas não poderão ficar a sós uma com a outra. Nathalia, me perdoe, sei que gostaria disso.— Está melhor? Como têm passado essas noites? — pergunta a princesa, sentando na cadeira de rodas, ao lado da cama.
— Ah… eu… estou bem melhor. Minhas noites estavam boas quando tinha a Gil para me fazer companhia, mas infelizmente ela já foi embora.
Nathalia franze a testa, parece uma reação de ciúme, tenho que fingir que não estou prestando atenção na conversa delas, vou abrir a janela para entrar um pouco de ar.
— Entendi… — responde ajeitando o cabelo. — Olha, eu trouxe uma torta de morango para você. Coma escondido, não deixe migalhas, os médicos não querem que você coma doces ainda.
— Muito obrigada… Porque está fazendo isso por mim?
— Olha eu já te dis — interrompe a própria fala, quando olho de relance. Estou as atrapalhando, lamentavelmente. — Quer saber, deixa pra lá. Apenas aproveite. Vim aqui só para saber se está bem. Nicole e Groover virão assim que puderem, elas também estão preocupadas com você. Bom, é isso. Espero que fique bem logo.
— Está bem… valeu pela presença.
— Por nada! Até mais! — Ela sai com sua muleta, abro a porta para ajudá-la. — Tchau para você também, Arceu.
— É Alsel.
— Que seja.
A garota vai embora, me deixando ficar mais um momento com minha pupila neste quarto. Raely me entrega a sopa e pega a torta para comer, eu não sei o que farei com isto. Jogo fora? Não posso desperdiçar. Como a sopa no lugar dela, agora a compreendo perfeitamente, isto está horrível! O hospital serve os pacientes como se fossem meros animais, daqueles que comem qualquer porcaria sem poder reclamar. Raely está se lambuzando com a torta, não era para deixar migalhas na cama, mas ela está tão faminta que até as migalhas são aproveitadas.
Fico feliz em vê-la assim.
A imagem dela caída naquela arena, sangrando, me lembrou de minha mãe. Eu não quero perder mais ninguém, eu devo levar adiante o último pedido que Jian me fez antes de morrer. Proteger quem eu amo. Eu amo essa garota, ela faz parte de mim agora, é a família que encontrei quando eu mais precisava. Ela, Aloana, Maya… Eu não quero me afastar delas. Não sei como farei daqui pra frente, para conseguir cumprir minha vingança e salvar a vida de Aloana. A próxima missão de assassinato que me mandarem, aceitarei sem nenhum esforço.
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The Last Garden
Teen FictionRaely é uma jovem sonhadora, animada e divertida, que almeja mais do que tudo, salvar sua mãe de uma doença terminal. Para isso ela encara um torneio perigoso ao lado de seu amigo Loren, um garoto rejeitado pela própria família, tímido e que deseja...