Capítulo 37

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Maratona 3/5

Lycka Claire

— Como você parou de gostar dele de um dia para o outro se vivia grudada nele parecendo um carrapato? — pergunta recebendo a chávena com chocolate quente

Era meu quarto dia de folga, Vic decidiu me visitar depois de eu contar sobre a confusão com o Renan e o que aconteceu no meu trabalho, literalmente sobre tudo que vem acontecendo na minha vida.Ela disse que era melhor nos vermos pessoalmente assim ela podia matar as saudades, me xingar e até dar um tapa se eu dissesse um não aos conselhos dela.

— Ah eu simplesmente não amo mais e pronto, é tão difícil assim para vocês acreditar em mim?

— Eu só acho que você está fugindo dos seus sentimentos.

— Para de falar bobagem. Empurro ela para o outro lado do sofá e me sento, dou um gole no meu chocolate e ligo a TV e coloco Encanto para gente ver — Agora esquece esse assunto pelo amor de Deus, Victória.

— E que história é essa que você negou a oferta do seu chefe? — revira os olhos e da um peteleco na minha testa — Se aquela idiota da minha chefe me desse um carro e uma casa eu teria beijado os pés dela na hora.

Eu não contei para ela que decidi aceitar o adiantamento, então vou deixar ela surtar por uns minutos.

— Eu sou uma mulher de família e não aceito ofertas de um galanteador qualquer — empino o nariz só para provocar e pelo visto dá certo porque ela me olha torto — Eu vou conquistar as coisas sozinha sem ajuda.

— Que conquistar sozinha? Tá achando que tá naqueles filmes onde as mulheres querem ser empoderadas e viver sozinha? — da outro peteleco na lateral da minha testa e segura minhas mãos — Você é Brasileira e pobre então quando alguém te oferece ajuda você agradece e depois fala mal nas costas, ok?

— Você não existe Victória.Rio das últimas palavras dela, coloco as mãos na barriga apertando porque começou a doer — Você fala umas paradas nada a ver. Limpo a lágrima que estava caíndo e me concentro nela porque pareceu ficar irritada

— Qual é a piada? Eu tô falando sério menina, vai lá e pede desculpa por recusar essa bela oferta.

— Não. Ela tranca cara e me olha feio como se quisesse tacar algo na minha cabeça — Deixa eu terminar de falar e  depois você decide se me mata ou não, tá? — ela assente. Eu não aceitei a casa e muito menos o carro, mas, eu aceitei um adiantamento para comprar um apartamento e as mobílias.

— Você podia comprar o appê no mesmo prédio que o meu, assim gente fica mais próxima — diz me abraçando forte — E o carro?

— Eu faço uma poupança e com tempo eu compro.

— Você tem a chance de receber um de graça mas quer bancar a independente, tudo bem.

Nós conversavámos mais  um pouco, ela me contou como tava indo o trisal eu ri muito e desejei boa sorte.Infelizmente ela teve que ir porque teria que ir trabalhar amanhã.

— Quando for escolher o appê liga para mim, tá? — perguntou na porta se preparando para ir pra casa

— Tá, agora me dá um abraço.

Ela me abraçou, deu um beijo na minha testa e depois foi embora.

••••••∆••••••

Acabou a folga, estava aproveitando o último dia da semana dada pelo senhor Ferraz, eu sei que devia ir até a editora amanhã e conversar sobre a minha decisão na sala dele mas eu decidi abusar da sorte e ligar para ele às 7h da noite, no terceiro sinal ele atende.

— Senhor Ferraz? Desculpa ligar essa hora, eu não queria incomodar mas eu tava aqui pensando e decidi dar a minha resposta.

Mentira, tô nem aí se acordei o senhor.

— Tudo bem — diz com a voz roca, parece que o acordei mesmo — E que decisão tomou?

— Eu aceito.

— Fez uma ótima escolha, amanhã mesmo eu transfiro a quantia necessária para sua conta — boceja e solta alguma coisa que eu não pude entender — Agora eu vou voltar a dormir, feliz noite.

Encerro a ligação e começo a pular de felicidade, estava me imaginando escolher o meu próprio apartamento e todo o resto, desligo a luz do abajur e puxo a coberta mais para cima para que eu possa ter uma noite tranquila.

Na amanhã seguinte me arrumei e marquei de me encontrar com a Victória numa cafetaria próxima ao hotel, o senhor Ferraz já tinha enviado o dinheiro então decidi ir ver o prédio hoje mesmo.

— Parando para pensar acho que o seu prédio fica muito longe da editora Aleph — digo analisando a estrutura dos apartamentos daquele prédio num iPad que a Vic entregou para mim assim que chegamos — Ele está me ajudando para mudar esse ponto então acho que não seremos vizinhas amiga.

— Ah Ly é uma horinha de atraso, ele vai entender. — Ele vai surtar, meu amor — entrego o iPad de volta e puxo meu celular do bolso tentando achar um condomínio que fique perto, através do Google.

— As casas são muito caras — diz após tirar o celular das minhas mãos e rolar as telas vendo o preço — Eu conheço um prédio que fica à 30minutos de onde você trabalha.

— E porquê você não falou antes? — pergunto furiosa, eu já estava quase surtando com a ideia de não achar nenhum appê que limite os meus atrasos. Eu não podia perder meu emprego de jeito nenhum

— Porque eu queria que você morasse no mesmo lugar que eu. Responde como se fosse óbvio — Termina o seu café e eu levo você para conhecer o lugar

Terminamos de tomar o pequeno almoço e pagamos a conta, Lycka chamou um táxi e indicou o nosso destino para ele. Quando descemos do táxi eu me espantei com tamanho daquele prédio, era enorme, quer dizer prédios são enormes mas aquele era maior. Vocês me entendem?

Victória conversou com o porteiro e ele deu para nós o número do Síndico, ligamos para ele e disse que não demorava era só aguardar na portaria. Ficamos esperando por duas horas e finalmente ele chegou, explicou que tinha apenas um Duplex  disponível e no décimo andar, eu concordei e subimos para ver como era.

Na parte de baixo tinha a sala de estar, a cozinha e uma lavandaria pequena, na sala tinha um cantinho que parecia ser um mini escritório e sorri bobo porque aquilo seria útil para mim, subimos até o segundo andar e era composto por dois quartos e uma casa de banho, num dos quartos havia uma suíte.

— Eu quero. Digo parando de analisar e olho para o síndico que nos acompanhava — Vou comprar.

— Esteja aqui amanhã mesmo e você pode assinar os papéis da compra e pagar em parcelas.

Satisfeita com o appê combinei com a Victória de irmos comprar o mobiliário depois de ter todos os documentos de compra e venda em mãos. Voltei para casa e fiquei vendo alguns itens em sites aleatórios imaginando como seria decorar o meu próprio apartamento.

 Voltei para casa e fiquei vendo alguns itens em sites aleatórios imaginando como seria decorar o meu próprio apartamento

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A Filha Perdida Do Dono Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora