Capítulo 36

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Maratona 2/5

Lycka Claire

— Hhum, que tal flores e o retrato de uma mulher no centro?! — digo enxergando a pré-capa no slide da sala de reuniões — O nome da autora podia ficar aqui mais abaixo, e escrito no mesmo tom que o título do livro.

— Vamos apenas escrever no mesmo tamanho ou mais alguma ideia? — S/n pergunta

Lágrimas num tamanho menor e tipo de letra diferente — aponto com a caneta — e o resto no tamanho normal porém na mesma cor!

— Dom, você podia tentar representar o que a Lycka disse? Para podermos ver como ficaria — Senhor Ferraz diz se dirigindo ao designer gráfico da editora.

— Sim senhor, deixa só eu dar uma olhada aqui — diz clicando em um dos seus mil botões — e aqui — Clica em outro. E voilà

— Bota a capa em um tom roxo por favor — digo analisando os pequenos detalhes dados por mim — Isso, acho que já temos uma capa.

Sorrio para todos e Sr Ferraz retribui o ato indicando estar satisfeito com resultado. Dispensa todos pois a reunião terminou, exceto eu já que ele quis ter uma breve conversa comigo.

— Excelente trabalho senhora Lycka. Sorrio e agradeço — Você foi muito bem hoje como em todos os outros dias, tirando a parte que se atrasou 8 minutos para reunião.

— Peço desculpa, Senhor. Digo coçando a garganta

— Não sei quantas vezes já pediu desculpas por estar atrasada, eu conto apenas os minutos de atraso infelizmente — diz num tom brincalhão e acabo rindo da sua piada sem sal só para disfarçar o nervosismo — Digamos que é a funcionária que mais atrasa e a melhor só por isso eu ainda não te dei um pé na bunda.

Com vergonha para não manchar mais a minha fita com uma palavra boba ouço tudo sem responder me mantendo calada.

— Deixei você entrar sem ter terminado o ensino médio mas parece estar gozando com a minha bondade.

— Não, longe disso senhor. Nego imediatamente — eu sou muito grata ao senhor por ter me dado uma chance, desse jeito eu pude recomeçar com a minha vida.

— Eu não tenho nada a ver com a vida pessoal dos meus funcionários. Não sei o que tanto a aflige mas vou avisando que você está a um fio de sair daqui senão resolver a questão do atraso — diz arrumando alguns papéis para sair da sala — Engraçado que você  chega tarde todo santo dia mas sempre sai no horário certo.

— Desculpa? Coço a nuca nervosa.Parece que ele decidiu tirar o dia para jogar os podres na minha cara.

— Se tiver alguma forma de eu a ajudar diga imediatamente. Não vou voltar a tolerar a reclamação das suas colegas na minha sala devido os seus atrasos.

— Estou ficando num hotel por tempo indeterminado desde o dia que comecei trabalhando aqui — não sei de onde tirei tanta coragem para falar sobre a minha vida pessoal com o meu chefe — Eu não tenho um pai nem um mãe para dar uma mãozinha então venho lidando com as coisas sozinha. Me desculpe, mas não é motivo para se atrasar — diz me cortando a fala, rio irritada mas continuo

— Eu moro à 2h de distância da editora e eu preciso acordar mais cedo que o normal todo santo dia para não me atrasar, mas engraçado que acabo sempre atrasando né — olho para ele com raiva — Diferente do senhor eu não tenho um carro. Eu me arrumo cedo, fico meia hora esperando o trem e quando aquela desgraça aparece ele já está lotado e eu entro mesmo assim me apertando junto aquela multidão.Quando desço preciso correr três quarteirões para chegar até aqui e ter que começar com o trabalho que aquelas imprestáveis não conseguem fazer — digo apontando para fora da sala onde estavam as meninas cochichando sobre mais alguma fofoca do dia. Respiro fundo — Mas isso não é problema seu então se quiser me dar um pé na bunda, vá em frente.

A Filha Perdida Do Dono Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora